Nesta quinta-feira (16), o médico João Gabbardo, coordenador-executivo do centro de contingência contra o coronavírus do governo de São Paulo, afirmou que o grupo, que discute a quarentena no estado, irá reavaliar a retomada das atividades presenciais nas escolas. A retomada no estado está programada para começar a partir do dia oito de setembro para as cidades que estiverem há mais de 28 dias na fase amarela do plano São Paulo de flexibilização da quarentena.
A declaração de Gabbardo veio após questionamento sobre uma estimativa de que 17 mil crianças morreriam em todo o Brasil se a volta às aulas ocorresse em meio à pandemia. “Em função dessas novas informações, a gente pediu para que o centro de contingência, que tem discutido isso com o secretário da educação, faça uma reavaliação daquilo que já foi definido”, afirmou Gabbardo. “Tão logo nós tenhamos essas informações, a gente vai trazer aqui para a entrevista coletiva”, acrescentou.
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A estimativa de que haverá 17 mil mortes de crianças no Brasil caso haja a retomada das atividades presenciais nas escolas foi feita na última terça-feira (14) pelo matemático Eduardo Massad, professor da Fundação Getúlio Vargas (FGV), durante um seminário online sobre o coronavírus realizado pela Agência Fapesp e pelo Instituto Butantan.
“Absolutamente [a aula presencial] não pode voltar em setembro”, declarou Massad. “Eu fiz a conta hoje [dia 14] sobre a volta à escola. Nós temos, no Brasil, 500 mil crianças portadoras do vírus zanzando por aí. Se você abrir agora, em 1º de agosto, mesmo usando máscara, mesmo botando dois metros de distância, no primeiro dia de aula nós vamos ter 1700 novas infecções, com 38 óbitos. Isso vai dobrar depois de 10 dias e vai quadruplicar depois de 15 dias. Então abrir as escolas agora é genocídio”, disse.
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Segundo Massad, o número de mortes por coronavírus de crianças com menos de cinco anos no Brasil irá saltar das aproximadamente 300 registradas atualmente para 17 mil se as escolas reabrirem em meio à pandemia. “Todo o resto dos problemas você consegue dar um jeito e resolver. Perder 17 mil crianças, não há solução possível. Nós estamos falando de vidas. Se perder um ano letivo, ninguém vai morrer por causa disso. A população precisa saber disso. Há uma impressão de que já pode voltar para a escola, ‘graças a Deus, eu não aguento mais a molecada em casa’, só que as crianças vão morrer”, comentou o professor.
“Se a gente abrir sem um planejamento muito bem feito e sem um monitoramento muito bem feito, vão morrer 17 mil crianças, contra 300 e poucas no curso natural da epidemia, com as escolas fechadas”, explicou o matemático Eduardo Massad, professor da FGV.
Massad também criticou o fato de que alguns dirigentes usam o platô (estabilidade do número de casos diários) como uma justificativa para o relaxamento do isolamento social. “O platô é a assinatura do fracasso. Toda curva epidêmica que se preze tem que atingir um pico e cair”, defendeu.
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O seminário virtual também contou com a participação de Beatriz Kira, pesquisadora da Universidade de Oxford, Otavio Ranzani, pesquisador da Universidade de São Paulo (USP) e do Instituto de Saúde Global de Barcelona, Paulo Inácio de Knegt López de Prado, professor e pesquisador da Universidade de São Paulo (USP), e Dimas Covas, ex-coordenador do comitê de saúde estadual. Durante o evento, Covas afirmou que as mortes diárias por coronavírus no estado de São Paulo podem continuar em um “patamar elevado” até 2021.
Assista abaixo ao momento em que a retomada das atividades presenciais nas escolas é discutida no seminário online, a partir de 1h33min42s:
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