Há várias razões que nos levam a acreditar que devemos ensinar as crianças a se tornarem empreendedoras. Entre elas, ser autor da própria vida, ter elevado nível de autonomia, poder alcançar crescimento ilimitado. Mas outros dois motivos são decisivos. O primeiro: ele não perderá o emprego em virtude das inovações, pois o seu trabalho é justamente gerar inovações e empregos. O segundo: é o empreendedor que, em qualquer país, sob qualquer regime, gera riquezas.
Sempre foi assim: a sociedade civil gera dinheiro e os governos gastam. Empreender não é um dom especial. Não é uma característica presente em alguns poucos, ou um diploma obtenível por meio de cursos. É um valor, uma forma de viver, um modelo mental. É um potencial da nossa espécie como falar, calcular, correr, imaginar.
O potencial empreendedor, como qualquer outro deve ser desenvolvido, aprimorado. Assim a educação empreendedora não tem por objetivo ensinar ou transmitir um conteúdo. O seu papel é desenvolver algo que já existe dentro de cada um de nós. Empreender não é dominar conhecimentos científicos ou práticas estruturadas como informática, engenharia, medicina, economia. É a capacidade de transformar conhecimentos, paixão e sonhos em riqueza e valores positivos para la coletividade. Aprende-se a ser empreendedor por meio do contágio social e não em cursos e livros, pois é um fenômeno cultural. A metodologia de aprendizagem é fazer para aprender, diferente do ensino convencional em que se aprende para depois fazer.
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Eu decidi trabalhar com educação empreendedora para crianças e adolescentes depois de ter acumulado vasta experiência na educação universitária, em primeiro lugar dando aula na UFMG e depois através da oferta de seminários Formação de Formadores para cerca de
5.000 professores universitários. Tal vivência trouxe à luz o que sempre me pareceu óbvio: a educação empreendedora deve começar com as crianças.
Nas últimas décadas, abrindo trilhas em terrenos desconhecidos acumulei a ousadia para mergulhar no sonho antigo: trabalhar com crianças e adolescentes, da pré-escola ao nível médio. Dos 4 aos 17 anos. Aprendi na prática que nascemos empreendedores; se deixamos de sê-lo é em função das relações sociais que estabelecemos. Lidar com crianças, portanto, é lidar com autênticos empreendedores. O que seria então uma educação empreendedora para crianças? Faz sentido transformá-las em algo que já são?
Entendi que a tarefa educacional estaria em impedir que a criança não se torne prisioneira de valores sociais não empreendedores, mitos que deseducam. Nascemos empreendedores e, não havendo obstáculos, podemos nos comportar como tal.
Esse é um trabalho diferente daquele de tentar libertar o empreendedor aprisionado no coração de universitários em quem já estão impressas as marcas da nossa cultura que nega o empreendedorismo. Uma distinção básica entre educação empreendedora para crianças e adultos é que, enquanto para estes é necessária a libertação, para aqueles trata-se de impedir o aprisionamento.
Tal diferença, que exige estratégias educacionais específicas, me comprou nova passagem para o desconhecido. Desta vez uma viagem ainda mais fascinante pelo mundo de empreendedores reais – as crianças.
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