Quem tem filhos adolescentes em casa sabe que o período de férias pode ser um pouco desafiador. Enquanto os pais querem passar mais tempo em família, os jovens estão mais interessados em ficar com os amigos. Por isso, os momentos só com os pais podem não agradá-los tanto, fazendo-os parecer mais mal-humorados e desanimados. Mas, para que todos possam aproveitar e se divertir, existem alguns comportamentos que os adultos podem adotar para melhorar a relação com os filhos nessa idade.
Para ajudar, o professor Braden Bell, autor da newsletter “Parent-Teacher Conference: A teacher-dad on parenting teens” (“Conferência de Pais e Professores: Um pai-professor sobre a paternidade de adolescentes”), compartilhou as lições que aprendeu ao longo de sua vida com seus cinco filhos. Veja dicas do especialista para ter férias mais tranquilas e felizes com adolescentes em casa!
1. Não pressione
É comum que os pais coloquem muita pressão neles mesmos e até nas crianças para que as férias saiam perfeitamente de acordo com o planejado e que todos aproveitem cada segundo. Mas, esse tipo de pressão pode rapidamente começar a criar tensões dentro da família, e o estresse sempre acaba com qualquer boa experiência.
Isso vale para todo mundo, mas especialmente para os adolescentes! É importante lembrar que eles estão passando por um momento muito vulnerável da vida e nem sempre estão no controle total de seus sentimentos, nem estão cientes de todos os seus sentimentos, muito menos do “porquê” desses sentimentos.
Por isso, deixe as expectativas de lado. Apenas foque em estar juntos e apreciar os momentos em família. Férias imperfeitas, onde as pessoas podem se divertir sem muita pressão, criará experiências e memórias muito melhores.
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2. Estabeleça limites com os eletrônicos, sem restringir
Não se pode negar que o celular e as redes sociais são uma parte importante da vida dos adolescentes. Especialmente em viagens com a família, eles podem se sentir isolados e a forma que eles encontram para se comunicar com os amigos é através dos eletrônicos. Mas, isso também pode interferir no tempo de qualidade com os pais.
Quando isso acontece, o primeiro instinto dos pais é proibir o uso do celular, o que pode levar a brigas e momentos estressantes. Por isso, o importante é estabelecer combinados, mas ainda procurando entender a perspectiva deles, sem restringir completamente. Isso pode auxiliar a abordar o tema de forma produtiva e ajudá-los a encontrar limites saudáveis
3. Cuidado com as emoções
Braden Bell explicou que as emoções dos adolescentes são como um iceberg: a grande maioria do que eles estão vivendo, seus pensamentos e sentimentos, estão muito abaixo da superfície. Às vezes, os adolescentes parecem irracionais e às vezes realmente são. Mas também é possível que exista alguma outra preocupação ou medo que esteja tomando conta deles, que eles nem conseguem nomear direito. Frequentemente, eles não têm palavras para articular seus sentimentos.
Lembre-se de que eles são inundados de hormônios, enfrentam mudanças significativas e têm muito pouca prática em administrar e processar emoções. Os adultos, por outro lado, têm muito mais experiência com isso, mas ainda perdem a paciência, ficamos desanimados e frustrados com os filhos adolescentes. Então, tente manter a calma e acolha os sentimentos.
Pode ser que os pais nunca consigam saber o que está passando na cabeça dos adolescentes, mas o importante é que sempre sejam um porto seguro para os filhos. Isso não significa que eles devem forçar que os adolescentes compartilhem tudo. É preciso trabalhar a confiança e encorajar a conexão. Se eles decidirem falar sobre os sentimentos, seja cuidadoso, respeitoso e cauteloso.
4. Dê espaço
É normal que os jovens foquem mais nos amigos do que nos pais nessa idade. Por isso, as férias longe dos colegas de escola podem ser desafiadoras para os filhos adolescentes. Eles podem sentir que estão perdendo alguma coisa, o que torna difícil para eles relaxar e aproveitar o momento. Para os pais, as férias são sinônimo de tempo para a família, mas os adolescentes não veem necessariamente dessa maneira.
Tente entender e dar espaço. Se houver uma maneira de se conectar com os amigos, ajude-os, especialmente se eles dependerem dos pais para dirigir. Se eles parecem se afastar, não leve para o lado pessoal. Mantenha o relacionamento aberto do seu lado. E não se preocupe, a boa notícia é que um dia, conforme forem crescendo, eles vão voltar!
5. Respeite o tempo e o humor
Os adultos não gostam de ser emboscados pelos chefes, ter os horários alterados ou ficar presos em reuniões intermináveis. E, no entanto, os pais às vezes fazem isso com seus filhos. É fácil definir os termos das interações, com base na programação e preferências dos adultos, e presumir que a criança estará de acordo. Os pais decidem que é hora de um tempo para a família, um jogo ou uma discussão sobre algo sério e querem que a criança siga o exemplo.
Mesmo que não seja intencional, é preciso ter em mente que os jovens nem sempre estão prontos para essas coisas, não estão preparados ou simplesmente têm outras coisas que preferem fazer. Para Bell, os pais devem estar no comando, mas todo bom líder entende que obtém melhores resultados tentando se adaptar aos sentimentos de seus liderados. Reconheça que seu filho adolescente pode não estar com vontade de conversar ou interagir. Isso não os torna mal-humorados, dramáticos ou retraídos. Isso apenas os torna humanos.
6. Avise eventos e conversas familiares com antecedência
Os adolescentes, muitas vezes, precisam se preparar mental e emocionalmente para ter uma conversa com os pais, ficar longe dos amigos ou do celular. Respeite isso e combine tudo com antecedência para evitar conflitos. Pergunte por exemplo: “Gostaria muito que nós tivéssemos um tempo em família em uma noite essa semana. Quando você consegue?”
7. Prefira interações mais curtas
Exigir muito tempo em família nas férias pode não ser o melhor caminho a seguir com os filhos adolescentes. Lembre-se: qualidade é melhor que quantidade. Os jovens podem se cansar rápido de coisas muito repetitivas ou longas. Muitas vezes, menos é mais e mais é mais: comunicações curtas e frequentes têm mais impacto do que discursos prolongados. Por isso, ter várias interações curtas e positivas terão mais impacto do que um grande projeto de união.
8. Facilite a conexão, não busque a perfeição
É difícil encontrar uma atividade que possa ser feita em família e que todo mundo goste, principalmente se a família é composta por pessoas de idades muito diferentes. Então, em vez de fazer com que todos concordem em qual filme assistir, por exemplo, procure algo versátil que possa ter várias opções para agradar diferentes gostos. Uma boa ideia é ir em um restaurante com vários tipos de comidas que todos se interessem. Assim, é possível sentar, conversar e rir, sem forçar nem pressionar nada.
9. Escute e acolha
Uma forma de fazer com que os filhos adolescentes procurem mais os pais durante as férias é ouvir o que eles têm a dizer, isso vale desde os sentimentos mais profundos que eles desejam compartilhar até as fofocas dos amigos da escola que estão circulando. Não importa o que seja, Bell afirma que os pais devem se mostrar dispostos a escutar e simpatizar com os filhos. “Há tempo depois para correção e ensino. A verdadeira empatia é crítica. Acima de tudo, a maioria dos adolescentes anseia por ser compreendido e amado por quem eles realmente são”, diz o especialista.
Se os pais não reagirem bem aos momentos em que os adolescentes se abrem com eles, é possível que eles guardem rancor e não os procure novamente, com medo de serem julgados ou que não serão ouvidos. Por isso, não tenha medo de pedir desculpa e pedir por uma outra chance.
10. Continue engajando
“Tempo e maturidade são seus aliados. Os adolescentes aprenderão como administrar tudo isso, assim como aprenderam a andar ou a ler – especialmente se dermos a eles tempo e as ferramentas para fazer isso. Até que isso aconteça, mantenha o relacionamento aberto”, diz Bell. O envolvimento contínuo por um longo tempo é o segredo, por isso, continue praticando essas dicas, mesmo fora do recesso escolar.
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