A enurese noturna – quando a criança faz xixi na cama – é um problema enfrentado por alguns pequenos durante o desfralde. E ele pode ocorrer por motivos diversos: pelo fato de a bexiga se contrair involuntariamente, alterações hormonais que elevam a produção de urina durante a noite, dificuldade para despertar e inclusive a hereditariedade, caso um dos pais ou ambos apresentaram o problema na infância.
De acordo com a Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), “quando um dos pais apresentou enurese, 44% dos filhos terão a possibilidade de ser enuréticos, enquanto quando os dois pais foram enuréticos, a problemática poderá recorrer em 77% dos filhos. Ao contrário, quando nenhum dos pais apresenta referência de enurese noturna, somente 15% da prole será afetada”. Assim, há uma chance alta das crianças demorarem a superar o problema caso os pais tenham vivenciado a mesma dificuldade na infância.
Recentemente, cientistas da Universidade Aarhus, na Dinamarca, identificaram as variantes genéticas que podem aumentar o risco da enurese noturna. O estudo, publicado no jornal científico The Lancet, comparou 3.882 crianças com enurese noturna com 31.073 casos controles sem o problema.
Avaliando o genoma dos pequenos, descobriram duas posições nos cromossomos 6 e 13 significantemente associadas à enurese noturna. Além disso, identificaram variantes genéticas responsáveis por garantir que o cérebro humano desenvolva a capacidade de manter a produção de urina baixa à noite e por regular a atividade da bexiga. Os pesquisadores estimam que o aparecimento do problema pode ser explicado por 23,9% a 30,4% da carga genética. Outros motivos dependem de fatores ambientais, psicológicos e até mesmo anatômicos. Por isso, a avaliação de um especialista é essencial.
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Até quando é esperado fazer xixi na cama?
Segundo a SBP, a maioria dos especialistas considera que crianças acima dos 5 anos de idade já possuem a capacidade de controlar o xixi. Caso isso não ocorra, o órgão recomenda que os pais procurem o auxílio de um pediatra ou nefrologista pediátrico. “Um tratamento precoce permite evitar prejuízos sobre a autoestima da criança”, destaca. De qualquer forma, existem algumas medidas que os pais podem adotar para ajudar os pequenos durante o processo.
- Em vez de punir a criança pelos “acidentes” noturnos, reforce positivamente as noites secas em que ela consegue segurar o xixi até a manhã ou acorda para ir ao banheiro.
- Ilumine o caminho até o banheiro e tire possíveis obstáculos até o cômodo para facilitar a ida até o sanitário.
- Estabeleça um ritmo urinário, por exemplo, leve a criança ao banheiro de 3 em 3 horas, mesmo durante o dia.
- Leve a criança para fazer xixi antes de se deitar e evite a ingestão de uma grande quantidade de líquidos antes de ir à cama.
- Evite o uso de fraldas ou protetores de colchão porque essas medidas podem desencorajar os pequenos ao desfralde.
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