A revista Science, uma das publicações científicas mais respeitadas do mundo, publicou um editorial em que aponta três estratégias que as escolas devem adotar para uma volta às aulas com segurança, com base no que se sabe até agora sobre a Covid-19 e nas experiências internacionais.
O artigo é assinado pelo pesquisador Ronan Lordan e pelos professores Garret A. FitzGerald e Tilo Grosser, todos do Instituto de Medicina Translacional e Terapêutica da Escola de Medicina Perelman, na Universidade da Pensilvânia (EUA). A publicação afirma que a operação de escolas durante a pandemia envolve o equilíbrio entre os riscos à saúde e as consequências da interrupção do aprendizado pessoal. Segundo a revista, o conhecimento científico da síndrome respiratória aguda grave do coronavírus 2 (SARS-CoV-2, a causa de COVID-19) deve informar como as escolas reabrem.
“Embora crianças em idade escolar e adolescentes (de 3 a 18 anos) possam desenvolver Covid-19, a maioria permanece assintomática ou apresenta doença leve. Esses jovens podem ser menos suscetíveis à infecção do que indivíduos mais velhos, mas provavelmente espalham a infecção em taxas semelhantes. As infecções por SARS-CoV-2 em crianças e adolescentes estão aumentando mais rapidamente do que em outras faixas etárias, uma vez que as restrições foram atenuadas. As infecções foram importadas para as escolas da comunidade”, destaca o editorial.
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De acordo com a Science, a transmissão adicional dentro das escolas tem sido rara quando medidas rigorosas foram implementadas para reduzir o risco de propagação de pessoa para pessoa.
Surtos maiores em escolas estão associados a:
- Aumento da transmissão na comunidade
- Distanciamento físico insuficiente
- Ventilação insuficiente
- Falta de mascaramento
O que as escolas podem fazer? Segundo a revista, as evidências até agora apontam para três estratégias de mitigação para reabertura.
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3 ações para a volta às aulas com segurança
1. Minimizar a importação de infecções para a escola, pois isso pode conter a disseminação d Covid-19. O ideal seria portanto restringir o aprendizado presencial para quando a infecção na comunidade local for controlada. Os países com testes generalizados começaram a abrir escolas com medidas de segurança rigorosas em vigor quando menos de 30 a 50 novas infecções foram observadas em 7 dias por 100.000 residentes durante um período prolongado. Os países que oferecem educação presencial com medidas básicas de mitigação (ou seja, distanciamento, máscaras faciais usadas nos corredores, mas não nas salas de aula, higiene das mãos, ventilação e ficar em casa com sintomas mínimos) normalmente têm quase zero de transmissão na comunidade.
2. Reduzir ao máximo a transmissão, caso ocorram casos de covid-19 na escola. A doença se espalha através de partículas líquidas contendo o vírus que são geradas pela respiração e por meio da fala, grito, canto, tosse e espirro. A rápida taxa de sedimentação de gotas grandes fundamenta as recomendações para distanciamento físico, desinfecção de superfície, ventilação e higiene das mãos. Como as partículas líquidas menores permanecem no ar, não é apenas a distância de outra pessoa que determina o risco de transmissão, mas também a duração da exposição. Limitar a ocupação da sala, evitar atividades como cantar e melhorar a ventilação são essenciais no controle da transmissão. As máscaras reduzem a propagação por gotículas e aerossóis, limitando a liberação e a inalação. A propagação aerotransportada é muito menos provável ao ar livre, mas os esportes, nos quais a proximidade com a expiração excessiva é intrínseca ao jogo, devem ser evitados.
3. Grandes surtos na escola podem ser minimizados limitando a transmissão secundária ao menor número possível de pessoas. Organizar alunos, professores e funcionários em grupos menores, mantendo (esses grupos) isolados uns dos outros pode reduzir o contato pessoal e facilitar o rastreamento da doença se ocorrerem surtos. A detecção precoce de pessoas infectadas por meio da vigilância dos sintomas e testes diagnósticos pode limitar as medidas de quarentena aos grupos afetados, em vez de fechar toda uma classe ou mesmo a escola inteira.
A partir desses três esforços, afirma a Science, uma abordagem em série (imagem acima com texto em inglês) para a mitigação de risco nas escolas pode ser desenvolvida, onde medidas com eficácia parcial são combinadas para reduzir a probabilidade de crianças, professores, funcionários e membros da família adoecerem com Covid-19. “Quanto mais baixa a taxa de infecção na comunidade, menos rigorosas outras medidas de mitigação de risco precisam ser. Se as comunidades priorizarem a supressão da disseminação viral em outras reuniões sociais, as crianças podem ir à escola”, conclui o artigo.
Leia o artigo da revista Science aqui.
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