Começa nesta segunda-feira (12) a 23a Campanha Nacional de Vacinação contra Influenza, o vírus da gripe, que neste ano iniciará a imunização com as crianças de 6 meses a menores de 6 anos de idade, gestantes, puérperas (mães de bebês com até 45 dias de nascidos), povos indígenas e trabalhadores da saúde. Em seguida, será a vez dos idosos e dos professores, pessoas com doenças crônicas não transmissíveis e pessoas com deficiência permanente (veja abaixo mais detalhes sobre os grupos prioritários e as datas de vacinação).
O objetivo do Ministério da Saúde é minimizar os riscos das pessoas contraírem o vírus influenza e assim evitar a sobrecarga dos serviços de saúde. A imunização visa também facilitar a triagem dos pacientes com sintomas respiratórios e um possível diagnóstico de infecção pelo novo coronavírus, já que os sinais de ambas as doenças costumam ser bem parecidos.
A vacinação de crianças, cujo sistema de defesa ainda está em formação, e grávidas, que correm um risco maior de desenvolver complicações da gripe, busca reduzir a circulação do vírus influenza, evitando que esses grupos tenham uma gripe forte que os torne mais suscetíveis também a quadros graves de covid-19.
“Se já era importante dar a vacina contra a gripe nos anos anteriores, nesse momento em que estamos vivendo o pior momento da pandemia, devemos dar ainda mais importância a essa campanha nacional. Ao proteger a população da influenza, menos pessoas necessitarão utilizar recursos hospitalares, o que ajuda o sistema de saúde a reservar esforços para o Sars-Cov-2”, ressalta a pediatra e colunista da Canguru News Talita Rizzini, coordenadora do pronto-socorro infantil e unidade de internação do Grupo Leforte, em São Paulo.
Ela lembra que o vírus da influenza tem mais capacidade do que o coronavírus de ocasionar síndrome respiratória aguda grave em crianças, principalmente as que já têm alguma comorbidade. “Além disso, as crianças são disseminadoras do vírus influenza. Evitar a infecção nessa faixa etária, também protege outras pessoas de se contaminarem”, ressalta Talita.
Leia também: Pesquisa alerta que pais adiaram vacina contra meningite na pandemia
Estudo mostra proteção indireta da vacina da gripe contra covid-19
A pediatra Flávia Regina de Oliveira reforça a importância da vacina contra a gripe. “As pessoas têm que entender que o distanciamento social é necessário, mas não significa que não devemos cuidar do resto da saúde, temos que olhar a saúde como um todo. Deixar de dar vacina por medo de sair de casa não é um bom pensamento”, diz a pediatra.
Flávia cita um estudo recente feito na Faculdade de Medicina da Universidade de Michigan, nos Estados Unidos, que constatou que pessoas que tomaram a vacina da gripe e contraíram covid-19 tiveram apenas sintomas leves da doença, sendo menos propensas a necessitar de hospitalização ou ventilação mecânica e ficando menos tempo internadas. Segundo a pesquisa, a probabilidade de teste positivo para covid-19 foi reduzida em 24% nos pacientes que receberam uma vacina contra a gripe em comparação com aqueles que não o fizeram.
“Não quer dizer que a vacina contra a gripe protege contra a covid-19, mas é uma proteção a mais que você tem, não só de não pegar o vírus do influenza mas também de se proteger indiretamente contra o coronavírus. Claro que isso depende muito de pessoa para pessoa, existe uma resposta individual ao vírus”, explica Flávia.
Leia também: Testes iniciais de vacinas contra a covid-19 nas crianças têm apresentado resultados positivos
Vacinação contra a gripe em São Paulo
Na capital paulista, a vacina da Influenza já está disponível na rede privada e será disponibilizada na rede pública a partir desta segunda (12), para crianças com idade entre seis meses e seis anos, grávidas e puérperas. A aplicação das doses será feita exclusivamente em escolas e estabelecimentos de educação, de segunda a sexta, das 8h às 17h, para evitar aglomerações nos postos de saúde, que estão vacinando contra a covid-19 e o cruzamento dos diferentes públicos-alvos de ambas as campanhas. Veja aqui os endereços dos postos de vacinação em escolas da cidade de São Paulo. Saiba mais sobre a vacinação contra a gripe em São Paulo aqui.
Ministério recomenda não tomar vacinas de Covid-19 e gripe juntas
Como a campanha de vacinação contra a influenza coincide com a imunização contra a covid-19, a orientação do Ministério da Saúde é que não sejam aplicados as duas doses simultaneamente devido à ausência de estudos sobre a coadministração das vacinas.
O ministério ressalta que as pessoas que fazem parte do grupo prioritário para a vacinação contra influenza e que ainda não foram vacinadas contra a Covid-19 devem priorizar a dose contra a Covid-19 e agendar a vacina contra a influenza, respeitando um intervalo mínimo de 14 dias entre elas. “A orientação, neste momento, é priorizar a imunização contra o Covid-19”, diz o órgão. Caso a pessoa esteja com covid-19 ou tenha pego doença há menos de 28 dias deve adiar a vacinação do influenza.
Leia também: Campanha pede prioridade na vacinação das pessoas com síndrome de Down
Grupos prioritários
A imunização dos bebês, crianças, grávidas e puérperas e demais integrantes dos grupos prioritários será feita de forma escalonada, em três etapas. Os municípios têm autonomia para definir as datas de mobilização (Dia D), conforme a realidade de cada região. Segundo o Ministério da Saúde, a meta é vacinar pelo menos 90% dos grupos prioritários ate o dia 9 de julho, quando se encerra a campanha. O público-alvo a vacinar é estimado em 79,7 milhões de brasileiros. Para tanto, serão distribuídas 80 milhões de doses da vacina influenza trivalente, produzida pelo Instituto Butantan. Veja abaixo os grupos prioritários que devem tomar a vacina contra a gripe, segundo o Ministério da Saúde:
- Crianças entre 6 meses e 6 anos de idade (5 anos, 11 meses e 29 dias)
- Gestantes e puérperas
- Povos indígenas
- Trabalhadores da saúde
- Idosos com 60 anos ou mais
- Professores das escolas públicas e privadas
- Pessoas portadoras de doenças crônicas não transmissíveis e outras condições clínicas especiais
- Pessoas com deficiência permanente
- Forças de segurança e salvamento
- Forças Armadas
- Caminhoneiros
- Trabalhadores de transporte coletivo rodoviário de passageiros urbano e de longo curso
- Trabalhadores portuários
- Funcionários do sistema prisional
- Adolescentes e jovens entre 12 a 21 anos de idade sob medidas socioeducativas
- População privada de liberdade
Leia também: Influenza x Coronavírus: saiba as diferença entre esses vírus respiratórios
Etapas de vacinação
A campanha nacional de imunização contra a gripe está organizada em três etapas consecutivas:
- 1ª etapa — de 12 de abril a 10 de maio: crianças, gestantes, puérperas, povos indígenas e trabalhadores da saúde (25,2 milhões de pessoas)
- 2ª etapa — de 11 de maio a 8 de junho: idosos e professores (32,8 milhões de pessoas)
- 3ª etapa — de 9 de junho a 9 de julho: demais grupos prioritários (21,7 milhões de pessoas)
Leia também: Em vídeo, Mundo Bita alerta sobre importância da vacinação infantil