Atualizado em 19/07/2021 – Passado quase um ano e meio de pandemia, fazer um teste de covid-19 se tornou algo corriqueiro, principalmente para adultos que por diversos motivos necessitam confirmar a presença do novo coronavírus no organismo. Mas, ainda que as crianças se mostrem menos afetadas pela covid-19, elas também têm sido submetidas a testes, seja porque estão com alguma suspeita, seja porque tiveram contato com alguém doente ou mesmo por pedido da escola.
O teste mais confiável é o RT-PCR, realizado na primeira semana dos sintomas, cujo material é colhido no nariz e na garganta por meio do swab (o cotonete) para identificar se o paciente apresenta material genético ativo do Sars-Cov-2. Porém, se para os adultos esse é um exame desconfortável, para as crianças pode ser ainda mais desagradável, visto que, a depender da idade, elas não entendem o funcionamento e a importância da coleta, e ainda podem estar incomodadas com os sintomas de uma possível doença. A seguir, explicamos em que situações a criança precisa fazer o teste de covid-19, quais são os vários tipos de exames existentes e qual o mais indicado para as crianças. Confira.
Quando fazer um teste de Covid-19
Principais tipos de teste de Covid-19
Como preparar a criança para o teste
Incidência de coronavírus nas crianças
Quando fazer um teste de Covid-19?
Há quatro principais razões que levam à realização de um teste de Covid-19 nas crianças. São elas:
- Apresentar sintomas da Covid-19.
- Ter sido exposto a alguém infectado pelo vírus.
- Cumprir uma solicitação da escola ou do médico.
- Como precaução antes e depois de uma viagem.
“A criança deve fazer o teste do coronavírus sempre que houver suspeita da infecção pelo coronavírus, quando ela demonstrar um quadro clínico compatível”, aponta Francisco Ivanildo de Oliveira, infectologista pediátrico e gerente médico do Sabará Hospital Infantil em entrevista à Canguru News. Os sintomas da covid-19 na criança podem variar de acordo com a faixa etária. Quanto mais velha a criança for, especialmente depois que ela começa a entrar na adolescência, os sintomas se aproximam mais aos dos adultos: febre, dor de garganta, dor de cabeça, dor no corpo, coriza e indisposição, explica o médico.
Já as crianças menores podem apresentar um perfil diferente. Segundo o médico Francisco de Oliveira, menores de dois ou três anos podem ter sintomas como: choro, recusar alimentação, desconforto respiratório ー no caso de comprometimento pulmonar ー, dor abdominal e sintomas gastrointestinais, como vômito e diarreia. “É um quadro que normalmente é bem diversificado, o que é um desafio diagnóstico, porque se confunde com o de outras infecções virais”, diz o infectologista.
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Sintomas leves também podem indicar Covid em crianças
Em reportagem do jornal americano New York Times, Stanley Spinner, diretor médico e vice-presidente do grupo Texas Children’s Pediatrics, diz que “temos visto, repetidamente, crianças com sintomas leves, com exposições desconhecidas, que são testadas com PCR e recebem o resultado positivo”. Por isso, se seu filho teve contato com alguém que testou positivo, mesmo que não tenha apresentado os sintomas da doença, ele deveria ser testado.
O mesmo serve para quem pretende ou precisa viajar com as crianças. O recomendado é fazer um teste de Covid-19 de um a três dias antes da viagem e três a cinco dias depois do retorno, evitando contato com outras pessoas até que o resultado seja confirmado. Isso mesmo que a companhia aérea não exija a documentação para o embarque na aeronave.
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Conheça os diferentes tipos de testes de covid-19
O tipo de teste depende do que é oferecido pelo sistema de saúde da sua cidade ou pelo plano de saúde utilizado, além da pressa do especialista responsável pelo caso em saber qual o resultado. O chamado padrão-ouro (o mais eficaz) é o RT-PCR. Apesar de parecer assustador para muitas crianças, esse teste, também conhecido como swab (cotonete longo e estéril), pode ser desconfortável apenas durante um curto período, sem causar danos ao nariz e à garganta.
Assim, se os pais desejam evitar qualquer tipo de susto ou uma reação ruim da criança, podem questionar os médicos sobre os testes disponíveis e adotar estratégias diferentes com os pequenos, como explicar anteriormente que o cotonete irá coletar “a sujeirinha” do nariz rapidamente ou fazer uma leve “cócega”. Há, ainda, outros métodos confiáveis que podem ser feitos nos pequenos.
Jennifer Lighter, especialista em infecções pediátricas no centro médico NYU Langone Health (EUA), explica ao jornal americano que prefere os testes de antígenos porque identificam rapidamente se as crianças estão com o vírus no momento do teste. Eles são indicados quando a pessoa está com sintomas de covid-19 e também em casos assintomáticos de pacientes que tiveram contato com pessoas que testaram positivo. Ele é mais eficaz quando a quantidade de vírus presente na amostra é alta, ou seja, logo que os sintomas se iniciam. O teste de antígeno também utiliza amostras coletadas com swab, no entanto, o resultado pode ser verificado cerca de 15 minutos após sua realização. O positivo significa que há uma infecção viral ativa e o negativo, que não há presença do vírus no organismo. Vale ressaltar que o teste de antígeno pode resultar em um diagnóstico falso-negativo, sendo recomendada a repetição do teste após 72 horas.
Os casos suspeitos após o 14º dia do surgimento dos primeiros sinais podem fazer o teste de Covid conhecido como sorológico IGM e IgC. Esse teste não detecta o vírus, mas a presença de anticorpos. Ou seja, identifica quem já teve contato com o Sars-Cov-2 ou teve a doença. Esse exame é feito por meio da coleta de sangue, analisado em laboratório. Assim, uma pequena agulha é inserida no braço da criança para a coleta do material, seguida por uma seringa, explica a Sociedade Espiritossantense de Pediatria (SOESPE).
Principais testes de covid-19*
Teste molecular RT-PCR – considerado padrão-ouro, coleta amostras através de swabs (cotonetes) no nariz ou na garganta.
Quando fazer – Deve ser realizado na primeira semana dos sintomas, quando a criança apresenta maior quantidade do vírus.
Onde está disponível – Na rede pública de saúde (mediante pedido médico), nos atendimentos hospitalares privados e nas principais redes de laboratórios privados.
Em quanto tempo sai o resultado? Em média, em 3 dias, se realizado em laboratório; e 24h, quando o paciente está internado.
Teste antígeno (rápido) – tem o mesmo procedimento do RT-PCT, feito por meio de um cotonete introduzido no nariz, porém é indicado também para pessoas assintomáticas que tiveram contato com alguém doente.
Quando fazer – O ideal é em torno de 5 dias após contato com alguém doente ou na primeira semana de sintomas.
Onde está disponível – em laboratórios privados e em algumas redes de farmácias.
Em quanto tempo sai o resultado? Os dispositivos usados para o exame permitem a leitura do resultado cerca de 15 minutos após a coleta do exame. O resultado pode ser entregue ao paciente entre 1 a 2 horas após sua realização.
Teste sorológico IGM e IgC – é feito por meio da coleta de sangue e detecta a presença de anticorpos (a resposta do organismo para combater a infecção) em quem teve contato com o vírus ou já ficou doente.
Quando fazer – Em situações em que se busca confirmar se houve uma exposição prévia ao vírus. Atenção: este exame não permite identificar se a criança se está doente no momento da coleta.
Onde está disponível – Na rede pública de saúde e nas principais redes de laboratórios privados.
Em quanto tempo sai o resultado? De 1 a 3 dias.
* Com informações do NYT e site Uol.
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Preparando a criança para o teste
Se os pequenos se assustam com máscaras ou os face shields utilizados por médicos e enfermeiros, uma alternativa é explicar que as pessoas estão utilizando aquelas roupas para ficarem seguras. E se o hospital que você for atendido tiver longas filas, lembre-se de levar água, lanchinhos e alguns brinquedos para distrair os pequenos.
Durante o teste, procure deixar a criança em uma posição confortável, sentada no seu colo ou lado a lado. Uma sugestão é dar as mãos como forma de suporte e conforto emocional. Ou mesmo pedir para a criança respirar fundo, pensar em outra coisa ou fechar os olhos durante o procedimento, que não dura mais do que alguns minutos. Se o teste realizado for o PCR, pode-se explicar à criança que o incômodo é semelhante a quando damos um mergulho no mar e entra água pelo nariz – ao menos, é o que alguns enfermeiros têm dito no momento do exame.
Incidência de coronavírus nas crianças
Desde o início da pandemia até meados de maio deste ano, 948 crianças de zero a nove anos morreram de Covid-19, no Brasil, segundo dados do Sistema de Informação de Vigilância da Gripe (Sivep-Gripe), levantados pelo jornal Estado de S. Paulo. Isso faz com que o país fique em segundo lugar no ranking de crianças vítimas de Covid-19, atrás apenas do Peru. E esse número pode ser ainda maior, visto que é dada prioridade aos adultos na realização de exames de confirmação da doença, devido à escassez de testes, levando a uma subnotificação de mortes de crianças por Covid-19. A epidemiologista da organização não-governamental Vital Strategies, Fátima Marinho, estima pelo menos mais umas 1.500 mortes de crianças por covid-19, o que dá um total de cerca de 2.500 mortes na população infantil.
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