Artigos
Quem decide o uso de telas do seu filho é VOCÊ

Recentemente a terapeuta Jane Nelsen, precursora da Disciplina Positiva e autora e coautora de 18 livros sobre desenvolvimento infantil, deu uma entrevista na qual ressaltou a importância de os pais assumirem a responsabilidade sobre o uso de telas de seus filhos.
Parece algo óbvio e que nem precisaria ser dito, mas infelizmente a realidade não é bem assim. As famílias ainda não internalizaram de fato a urgência dessa questão. Não incluíram o cuidado com as telas no “combo educação de filhos”. Não é algo natural ou automático ainda – e está tudo bem, afinal não aprendemos isso com nossos pais. Mas precisamos, então, ir atrás de informação, pensar em estratégias e assumir esse papel.
Mas tem outro ponto que leva a essa falta de cuidado com o hábito nos eletrônicos de nossas crianças e adolescentes: o medo do limite. A dificuldade em dizer não. A fuga da frustração dos nossos filhos. Não queremos vê-los sofrer, não queremos reproduzir modelos autoritários que talvez foram os que recebemos na nossa infância, não queremos comprar briga… E com isso vamos no mais fácil, prático e confortável: tá aqui a sua tela, filho.
Realmente se resolvermos encarar toda e qualquer batalha com nossos filhos – da roupa que ela não quer vestir para ir à festa ao pedido de trocar a fruta por um doce na sobremesa – vamos enlouquecer. Tem coisas que sim, dá para ceder de vez em quando. Mas você precisa ter clareza daquilo que é inegociável – e sugiro fortemente que o uso saudável das telas seja um desses valores. E então, estabelecer limites e mantê-los.
LEIA TAMBÉM:
Mas calma, sua casa não precisa virar uma guerra mundial por conta disso. A própria Jane Nelsen, por meio da Disciplina Positiva, nos ensina diversas maneiras de ter regras e limites na educação dos nossos filhos de maneira respeitosa. Uma das que mais gosto são os combinados. Mas não adianta virar para o seu filho, do nada, e dizer “agora não tem mais tela na hora de comer, combinado?”. Não é só pela palavrinha ao final da pergunta que isso se torna um combinado.
Para ele funcionar e a criança ou adolescente efetivamente cooperar, precisa ser construído em conjunto. Converse com seu filho, ouça o que ele tem a dizer, e façam os combinados. Não, não é para ser tudo do jeito dele – o adulto da relação é você. Mas ele pode e deve ser ouvido. Registrem esses combinados de forma leve e lúdica e deixem num local de fácil acesso e visualização.
Então, sempre que ele olhar para você com aquela carinha fofa pedindo “ah mãe, só mais um episódio do desenho”, você pode relembrá-lo do combinado e direcionar para o que precisa ser feito naquele momento. Seu filho vai sempre colaborar e aceitar de primeira? Não, nem sempre. Mas isso é uma construção de hábito que vale a pena, pode apostar.
Fernanda Montano
Fernanda Montano é mãe da Malu e do João. Jornalista da infância e parentalidade há 17 anos, é também educadora parental certificada pela Positive Discipline Association. Especialista no uso de telas por crianças e adolescentes, criou o método Tela Saudável, em que ensina famílias e profissionais a lidar com esse desafio. É ainda apaixonada por livros infantis e musicais.
VER PERFILAviso de conteúdo
É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita. O site não se responsabiliza pelas opiniões dos autores deste coletivo.
Veja Também
Menina viraliza ao reclamar da “filha” boneca: “Não paro um minuto com essa menina”
A pequena Malu, 3 anos, desabafou com a mãe e o vídeo fez sucesso na internet. Quem é que não...
Apenas 1 em cada 20 crianças e adolescentes cumprem estas três recomendações fundamentais para o desenvolvimento
Metanálise global com mais de 387 mil jovens revela que a maioria não segue orientações consideradas essenciais para obter melhores...
Você sabe o que são os 9 minutos “mágicos”?
Teoria baseada em estudos de neurociência viralizou na internet. Para especialista, faz sentido e funciona, mas está longe de ser...
Seu jeito influencia o jeito que seu filho aprende
Sempre imaginei que incentivo, afeto e boas oportunidades fossem o trio principal. Mas, lendo um estudo publicado no Journal of...






