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‘Precisamos enxergar as dores emocionais que levam nossos filhos a buscar socorro na comida’

Não sei se acontece isto com você, mas já atendi inúmeras mães com filhos com excesso de peso dizendo que não sabem mais o que fazer porque o filho não come direito, só gosta de tranqueiras, está gordinho, é preguiçoso etc.
Pela minha experiência, trabalhando há mais de 12 anos com obesidade, fico me perguntando, quando vejo uma criança muito acima do peso, o que pode estar acontecendo. Onde estão os hábitos errados? O que está faltando para essa criança precisar comer compulsivamente?
Sei que é difícil ouvir isto, a realidade é dura, mas somos responsáveis pela forma como nossos filhos agem. Precisamos estar comprometidos com isso. Desta forma, infelizmente, tenho que te dizer que, se seu filho está com excesso de peso, a responsabilidade é sua e das pessoas mais próximas a ele.
Não dá para transferir a culpa para a criança. Ainda que ela tenha um problema hormonal sério, tireoide desregulada ou outra questão de saúde, a culpa não é dele.
Se você acredita que ele é preguiçoso, que não come direito, que só quer saber de tranqueiras para comer, pare de pensar assim. É injusto com ele. Ele só arranjou inconscientemente uma forma de preencher um vazio que ele sente, talvez, de um olhar seu, uma falta de atenção, uma rejeição na escola.
Atualmente, 30% das crianças brasileiras estão com excesso de peso. E, pior que isso, esse número só cresce ano a ano.
Entretanto, estudos comprovam que 85% das causas da obesidade e excesso de peso são emocionais. E se a maioria das causas são emocionais, o que está sendo feito para tratar profundamente destes casos? O que temos hoje são nutricionistas que focam nas restrições alimentares, médicos endocrinologistas, personal trainers e até mesmo psiquiatras que tratam da ansiedade, mas nada que aborde o lado emocional da obesidade.
Precisamos enxergar as dores emocionais de nossos filhos. São estas dores que os fazem buscar socorro na comida.
E como se faz isso?
- É preciso mudar o ambiente da casa, entender as questões emocionais da criança, porque na maioria das vezes, estamos acostumados a enxergar só suas dores físicas. Não percebemos o que elas sentem, o bullying e os xingamentos que possam estar recebendo e até mesmo a forma como isso está sendo tratado dentro de casa.
- Perceba como está o seu relacionamento com o seu filho ou a sua filha. Lembre-se que não é o quanto você se dedica, mas o quanto a criança entende como suficiente. Será que você está percebendo as necessidades emocionais do seu filho?
- Cuidado com o que você diz a ele. Dizer que não pode comprar uma determinada roupa porque não vai caber ou que é melhor não fazer tal esporte porque está muito gordo para isso, ou, ainda, pedir para parar de comer porque já comeu demais, não irá ajudar em nada, pelo contrário, só vai atrapalhar. Você estará mostrando que ele não é bom o suficiente.
- Se for necessário, procure um profissional que ajude a tratá-lo, mas o mais importante que isso, é buscar tratamento para vocês, os pais. Não adianta só tratar a criança. É muito importante que a família seja tratada, porque assim como você, com seus maus hábitos, ajudou seu filho(a) a engordar, você também vai ajudá-lo(a) a emagrecer.
Pense que nem tudo está perdido, você pode reverter isso. Olhe para seu filho e o perceba, assim, você poderá ajudá-lo.
*Este texto é de responsabilidade do colunista e não reflete, necessariamente, a opinião da Canguru News.
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Andrea Romão
Andrea Romão é psicóloga há mais de 20 anos, pós-graduada em Gestão de Pessoas, com certificações internacionais em Coaching, Programação Neurolinguística, Neurociência e EFT (Emotion Freedon Tecniques). Há dez anos, trabalha com reeducação emocional, ajudando adultos e crianças a entender e lidar com as suas emoções.
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