Os benefícios na convivência entre crianças e pets são comprovados por vários estudos. A Sociedade Brasileira de Pediatria afirma que esta amizade fortalece o sistema imunológico das crianças, desenvolve a empatia, aperfeiçoa as habilidades motoras e incentiva atividades físicas, além é claro, de criar memórias inesquecíveis.
Eu me lembro de todos meus bichinhos da infância. Do meu preferido, o Doug, um basset caramelo, ainda guardo fotos e sinto saudades. É realmente algo marcante. Pensando exatamente em desenvolver essa empatia nos meus filhos, fazê-los experimentar o amor que se tem por um bichinho, há muito tempo, resgatamos animais das ruas, cuidamos e adotamos.
Meus filhos passaram a enxergar coisas que não dá para ensinar só falando. É necessário vivenciar. Eles acompanharam o resgate de um cãozinho magrinho e doente, e passaram a ajudar nos cuidados, vendo sua melhora e desenvolvendo laços de afeto. Viram a adoção do Deco, que por ser um cachorro velhinho, ninguém queria adotar, o que era uma estupidez, porque ele tinha tanto amor para dar… Se despediram dele também e choraram sua morte quando sei foi alguns anos depois.
Treinaram este olhar de amor que enxergou até uma gatinha que morria de sede na rua. Levaram para casa, óbvio. Era fêmea, estava grávida. Virei doula da gata e assisti ao parto. Por pouco não fizemos chá de vermífugo e um ensaio gestante. Nasceram quatro filhotinhos, uma fêmea e três machos. Agora são: Muel, Bê, Lulu e Jão, por uma coincidência, claro, com o nome dos meus filhos – Samuel, Bernardo, Luiza e João.
Como tudo na vida, essa situação me deu alguma experiência e a primeira coisa que você precisa entender sobre crianças e pets é que vez ou outra você irá confundir os nomes, chamar um pelo outro e vice-versa. Depois de um tempo, quando você gritar pelo nome do seu filho, o cachorro também virá achando que é com ele. E desencana! Ambos comerão da ração, melhor investir numa de qualidade. Encontrei certa vez Samuel ajoelhado com a cara na vasilha, depois foi beber a água dando “linguadinhas” igual ao Lobo, o cachorro, que pensa que seu nome é Samuel. Mas fiquei tranquila, porque pelo preço da ração, tá melhor que muita coisa que a gente come por aí.
É necessário atentar-se a esta sensibilidade. Uma vez, Samuel dormiu chorando porque não conseguimos resgatar uma cadelinha em um dia frio. Aí pensando em consolá-lo, no dia seguinte, coloquei Cocoricó para ele assistir. “Tem um monte de bichinhos felizes”, pensei. Ledo engano. Aquele era o episódio que o cachorro do Júlio morria. A cada minuto que o bicho piorava, Samuel olhava para mim:
– Ele vai melhorar, né, mamãe?
– Claro, filho – disse, rezando para ele melhorar mesmo.
Poxa vida aquilo era Cocoricó. Sério que o cãozinho morreria? Morreu. A criança chorou a tarde inteira também. Nunca mais vimos o programa. Está na lista dos banidos, ao lado da Galinha Pintadinha, em prol da minha sanidade mental. A dica que dou, apesar dos pesares com desenhos infantis e filmes envolvendo cachorrinhos em perigo, se puder, adote. E você se surpreenderá com os laços de afeto em lindas lembranças que ficarão registradas para sempre na memória das crianças.
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