Como a pandemia afetou a relação entre pais, filhos e escola

Pesquisa aponta legados da pandemia para educação brasileira, como maior envolvimento das famílias na rotina dos estudantes e a valorização dos professores

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Pesquisa mostra relação entre pais, filhos e escola; imagem mostra pai e filha olhando para computador
Buscador de educadores parentais
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Pesquisa Datafolha realizada com 1.021 pais ou responsáveis de alunos de escolas públicas municipais e estaduais, com idade entre 6 e 18 anos, mostra que aumentou a participação das famílias na educação dos filhos e que os professores estão sendo mais valorizados.

Quarta etapa de um estudo de abrangência nacional – Educação não presencial na perspectiva dos estudantes e suas família – o mapeamento apontou que 51% dos responsáveis consideram estar participando mais da educação dos alunos, no período da pandemia, sendo o maior índice (58%) na região Sul e entre os responsáveis com maior escolaridade. O levantamento também aponta que 71% dos pais passaram a valorizar mais o trabalho desenvolvido pelos professores e 94% consideram muito importante que os docentes estejam disponíveis para correção de atividades e esclarecimento de dúvidas durante as aulas não presenciais.

Principais dados da pesquisa de educação

●       Pesquisa foi encomendada pela Fundação Lemann, Itaú Social e Imaginable Futures, e realizada com 1.021 pais ou responsáveis de estudantes das redes públicas municipais e estaduais do país;

●       51% dos responsáveis dizem participar mais da educação dos estudantes, atualmente, do que antes da pandemia;

●       71% valorizam mais o professor e 64% consideram que as aulas remotas são eficientes no aprendizado dos estudantes;

●       Em setembro, 92% dos estudantes brasileiros receberam atividades para fazer em casa, contra 74% em maio deste ano;

●       A pesquisa revelou os desafios da educação na pandemia, como o aumento da desmotivação dos estudantes, que subiu de 46% em maio para 54% em setembro, e as dificuldades de estabelecer uma rotina de aprendizagem em casa, que passou de 58% em maio para 65% em setembro.

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Maior participação das famílias

O objetivo do estudo é identificar se os estudantes dos ciclos Fundamental e Médio estão recebendo, acessando e realizando as atividades de aprendizado remoto durante a pandemia no Brasil. Visa também mapear as dificuldades enfrentadas pelas crianças e adolescentes em relação ao acesso, rotinas e motivação; e identificar percepções dos responsáveis sobre a qualidade do apoio das escolas, entre outros aspectos.

Outro efeito importante da pandemia para a educação é que a maioria (64%) também considera que as aulas não presenciais foram eficientes no aprendizado aos estudantes, enquanto 36% afirmam que não foram eficientes.

“Famílias estão acompanhando mais de perto o ensino para seus filhos, e valorizando ainda mais o papel central do professor. São transformações que vêm para dar mais força a iniciativas de valorização da profissão docente, assim como da parceria família-escola”, afirma a gerente de pesquisa e desenvolvimento do Itaú Social, Patricia Mota Guedes. Ela diz que os dados sobre o contexto podem e devem ajudar a direcionar as políticas intersetoriais, tão necessárias para o desenvolvimento integral dos educandos, especialmente nos territórios em situação mais vulnerável.

Sobre o acesso aos conteúdos, os resultados mostraram que, em setembro, 92% de estudantes brasileiros receberam atividades para fazer em casa, contra 74% em maio. O aumento ocorreu em todas as regiões do país, sendo o Norte a com menor índice de acesso.  

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Dificuldade para criar uma rotina de aprendizagem

A falta de motivação para criar uma rotina de aprendizagem é um dos desafios apontados pelo estudo, que chega à sua quarta etapa. As pesquisas anteriores foram realizadas nos meses de maio, junho e julho. Em maio, 46% se sentiam desmotivados, agora são 54%, índice semelhante ao de julho, 51%.

A percepção das dificuldades de estabelecer uma rotina de aprendizagem em casa passou de 58% para 65%, de maio a setembro. Nos anos iniciais chega a 69%. Também para 28%, o relacionamento em casa piorou após o início das atividades remotas, contra 21% em maio; nos anos iniciais esse índice é de 30%. E o medo de abandonar a escola se manteve como em maio, em 30%, depois de ter chegado a 38% na edição anterior da pesquisa, em julho.

“A evasão e o abandono escolar não são um evento pontual, mas algo que terá reflexo sobre o estudante, sobre sua família e sobre a sociedade como um todo, aumentando ainda mais a desigualdade. Toda a sociedade deve estar engajada para evitar que o estudante desista da escola. Não pode ser uma tarefa única da escola ou da família. É importante mostrar ao estudante o que ele perde desistindo da escola, pois é uma forma de desistir da sua própria história, dos seus sonhos e do seu futuro”, diz diretor executivo da Fundação Lemann, Denis Mizne.

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