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Palpites na criação dos filhos: é importante saber filtrar

Para além dos desafios que pais e mães enfrentam ao educar os filhos, muitos ainda têm de ouvir palpites e conselhos não solicitados que, embora possam ser bem intencionados, na maioria das vezes, mais atrapalham do que ajudam.
A psicóloga Bruna Rodrigues lembra que com tanta informação disponível na internet, os conselhos nem sempre chegam de forma acolhedora, aparecendo por vezes em momentos inoportunos ou trazendo julgamentos que podem sobrecarregar os pais – e, no caso das críticas, principalmente as dirigidas às mães, podem ter um efeito devastador sobre elas. “O acúmulo de julgamentos, sejam eles sutis ou explícitos, pode gerar exaustão, e essa carga emocional, muitas vezes, acaba sendo transferida, de forma inconsciente, para os filhos. Irritabilidade, impaciência e estresse podem ser consequências diretas desse processo”, analisa Bruna.
Nesse cenário, ela diz existir uma pressão constante para atender a expectativas externas que, na maioria das vezes, não refletem a realidade ou os valores de cada família.
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Para a psicóloga, o segredo está em saber filtrar. Algumas sugestões são bem-vindas, por exemplo, quanto a se alimentar bem, deixar outras pessoas ajudarem e lembrar que “errar faz parte”. “Esses conselhos tocam em questões fundamentais, principalmente no que diz respeito ao bem-estar mental e emocional dos pais. No entanto, quando os “tem que” começam a impor padrões de perfeição inatingíveis, o efeito é justamente o oposto do desejado: em vez de auxiliar, eles aumentam o peso da responsabilidade e a culpa”, ressalta Bruna.
Ela orienta que os pais desenvolvam um filtro emocional e reflitam sobre o que realmente faz sentido para a realidade da família. Caso contrário, deve-se simplesmente agradecer e seguir em frente. “Aprender a dizer ‘não’ sem culpa é libertador, especialmente, quando há interferência de familiares, onde o afeto e a proximidade podem dificultar a rejeição de conselhos. Ainda assim, cabe aos pais avaliar o que merece atenção, e assumir a responsabilidade por suas escolhas, afinal, ninguém conhece melhor os filhos do que eles próprios”, avalia.
Ainda, é importante pensar no impacto dos palpites nas crianças, visto que, ao receber ordens e orientações diferentes de pessoas distintas, a criança pode se sentir confusa. “É fundamental que haja uma coerência na criação, com valores claros e consistentes, que passem confiança e segurança à criança, de modo a promover o seu desenvolvimento emocional e mental”.
Criar filhos é, acima de tudo, um exercício de autoconhecimento. Quando os pais estão seguros sobre seus valores, suas limitações e suas expectativas, o processo se torna mais leve. É preciso aceitar que nem tudo está sob nosso controle e que, às vezes, falhar faz parte da jornada. “E, talvez o mais importante: ouvir as crianças, entender seus desejos e necessidades também faz parte dessa caminhada. Afinal, elas também têm suas próprias vozes e experiências”, conclui a especialista.
Canguru News
Desenvolvendo os pais, fortalecemos os filhos.
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