Pais têm que se dispor a ouvir, e os filhos, a falar

Quando a comunicação não ocorre pelas "vias normais", os sentimentos se represam e as crianças acabam buscando outras formas de expressão

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Pai e filho conversam sentados em campo de futebol
Para a educadora parental Renata Pereira Lima, a comunicação é uma via de mão dupla que exige interesse tanto dos pais quanto dos filhos
Buscador de educadores parentais
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Quem já passou por alguma situação de infiltração na parede, piso ou telhado, por exemplo, sabe como isso pode ser complicado. A água vem devagarinho, como quem não quer nada, mas, no fundo, não quer nem saber se tem algum obstáculo pela frente. Fazendo uma força para olhar por um outro ângulo, acho esse fenômeno bem bonito até. Pensar que a água encontra caminhos alternativos para sair, desbrava para seguir seu rumo. Insiste, força, persiste, derrama…

Outro dia me dei conta que a mesma coisa acontece com os nossos sentimentos. Quando as “vias normais” se fecham, a gente acha que consegue impedi-los de sair, mas dificilmente conseguimos evitar o “vazamento”, a “infiltração”. O corpo fala, a postura nos entrega, o brilho nos olhos muda, os pensamentos se embaralham e, claro, muitas vezes as ações fazem com que tudo transborde.

Assim como nas construções, precisamos manter os nossos canais abertos, limpos, arejados para que a “água” não precise desbravar novos caminhos. Isso vale para nós, pais, e também para nossos filhos e filhas. 

Com um olhar atento e disponibilidade para conversar, podemos tomar a iniciativa e puxar uma conversa: 

– Estou vendo que alguma coisa te deixou triste hoje na escola…

– Percebi que alguém te deixou chateado(a) hoje…

– Algo me diz que alguma coisa está te incomodando…

– Como você está se sentindo com essa situação toda?

Frases como essas mostram a nossa preocupação e vontade de escutar mais, mas a comunicação é uma via de mão dupla: o outro lado tem que querer falar.

Pode ser que a conversa aconteça na mesma hora, pode ser que demore um pouco. O filho pode não estar pronto para a conversa, a filha pode não estar acostumada com essa abertura. Não temos controle sobre isso (infelizmente) e é bem difícil ficarmos nesse lugar de impotência. O importante é os filhos e filhas saberem que estamos disponíveis e que, quando quiserem, vamos ter essa conversa.

“Falar é a melhor solução”, como bem dizem os voluntários do CVV – Centro de Valorização da Vida. 

Desejo boas conversas para vocês!

*Este texto é de responsabilidade do colunista e não reflete, necessariamente, a opinião da Canguru News.

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