Pais divorciados: 5 formas de melhorar a relação com o ex-parceiro e assim favorecer as crianças

Para casais que não estão mais juntos, decidir sobre a escola das crianças ou a rotina semanal pode ser desafiador — e até prejudicar a educação dos filhos

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Pais divorciados: 5 atitudes para melhorar a relação e ajudar as crianças; homem negro fala com mulher negra que está de costas para ele com a mão levantada
Mágoas do passado podem prejudicar as decisões dos pais divorciados em relação à educação dos filhos
Buscador de educadores parentais
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Discussões sobre a rotina do fim de semana, a escola, o tempo de telas, a alimentação, o comportamento e muitos outros aspectos relacionados à educação dos filhos são comuns entre pais divorciados. Se as opiniões eram diferentes quando eles viviam juntos, ao se separar as divergências podem se mostrar ainda maiores, principalmente, quando a separação deixa algum dos dois (ou ambos) magoados.

Em tempos de pandemia, tem-se notado um aumento no número de separações. Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) já indicavam um crescimento nos divórcios nos últimos anos – e essa situação só piorou com a necessidade de isolamento social para contenção da covid-19. Segundo registros do Google, a busca na plataforma pelo termo “divórcio online gratuito” cresceu 9.900% somente no mês de abril. Além de ter de lidar com as dificuldades de uma separação, os casais que têm filho – que são a maioria (60%) – enfrentam o desafio de chegar a um acordo quanto à criação dos filhos.

“Divergências sobre a maneira mais adequada de educar os filhos é longe de ser um problema apenas de pais divorciados. Mas no caso destes, a convivência separada contribui para uma diferença ainda maior da percepção de cada um sobre as necessidades do filho. E essa realidade precisa ser considerada sempre que o assunto são as práticas educativas”, expõe o psicólogo clínico e mestre em psicologia Nathan Brassero Rodrigues.

De acordo com o especialista, alguns dos problemas mais observados são situações em que um dos pais ignora ou desmerece o que a outra parte tem a dizer sobre a decisão. “As razões para que isso aconteça precisam ser analisadas com cuidado, pois podem partir de percepções danosas ao relacionamento a longo prazo dos pais e do filho. Percepções como ‘ele não sabe o que está fazendo, pois não passa tempo com nosso filho’, ‘ela é surtada e faz tudo errado’, ‘ele está tentando criar favoritismo, fazendo tudo o que o nosso filho quer’ funcionam para intensificar a oposição entre os pais e dificultar a comunicação conciliadora”, exemplifica Nathan.

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Os combinados nos fins de semana

Outra situação bem comum de conflito entre pais divorciados é sobre a rotina do final de semana. Decidir com quem a criança ficará, por quanto tempo, quais atividades serão feitas e outros aspectos são motivos de discussão entre alguns pais. “Quando a discordância é a respeito de quem ficará com o filho, é necessário entender a motivação de cada um na hora dessa decisão para, em seguida, encontrar soluções em conjunto”, aconselha o psicólogo.

“Se o pai não pode ficar com o filho no fim de semana que lhe era devido, essa ausência pode ser compensada em algum outro dia, ou os horários podem ser revistos para que isso não ocorra com frequência. Se a mãe não está de acordo com uma viagem ou um passeio, mas é o único momento que o pai terá para ficar com o filho, pode ser necessário ceder e que o pai precise garantir certas condições para que a mãe fique mais tranquila no tempo que o filho estará com o pai”, exemplifica.

“Um acordo desse tipo só pode ser alcançado por meio do diálogo respeitoso e comprometido em encontrar soluções”, Nathan Brassero Rodrigues, psicólogo clínico

Como pais divorciados podem conviver melhor

Algumas sugestões podem beneficiar o relacionamento entre os pais, e, dessa maneira, garantir o bom desenvolvimento dos filhos por meio de decisões mais sábias acerca da educação e dos hábitos dos pequenos. Confira a seguir:

1. BUSQUE HARMONIA: “Para chegar a uma conciliação é essencial buscar um ponto de equilíbrio entre os desejos do pai e da mãe, o que exige uma relação de confiança e, como já mencionado, de respeito”, explica Nathan.

2. NÃO MISTURE AS COISAS:Ainda que a mãe ou o pai fique magoado com a separação, é importante saber separar a relação com o parceiro da educação das crianças, evitando conflitos desnecessários. Colocar os sentimentos (em relação ao parceiro) de lado pode ser desafiador, mas é preciso fazer isso em prol das crianças. “Nesses casos, a participação de uma terceira pessoa (um parente ou um profissional capacitado) pode contribuir para a resolução da discordância”, sugere o psicólogo.

3. ESCUTE A CRIANÇA: Muitas vezes, os pais esquecem de observar o que os filhos realmente querem. Com quem desejam jantar ou passar o final de semana? Com quem querem brincar no domingo? “É preciso saber ouvir a criança, que pode ter seus interesses silenciados em casos de discordâncias muito acirradas”, afirma o especialista.

4. SAIBA CEDER: “Ceder em alguns momentos e mudar de planos são atitudes normais e demonstram empatia com o outro, e o fato de que isso ocorre não significa estar menos comprometido com a rotina do filho ou deixar que o outro tire proveito da situação”, indica Nathan. Caso note desrespeito, combinados ignorados ou falta de participação nos processos decisórios, ele sugere conversar francamente com o parceiro em vez de naturalizar esse tipo de relação.

5. PROCURE AJUDA PROFISSIONAL:O processo de psicoterapia individual pode contribuir muito para lidar com ideias e percepções negativas sobre o ex-cônjuge. “A mediação por um profissional qualificado pode contribuir para uma solução extrajudicial que busque mudar o contexto que esteja levando um ou ambos os pais a agirem de maneira desrespeitosa”, aconselha o psicólogo.

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“E se eu for a bruxa da história?”

Crianças podem considerar que um pai é chato ou legal por contrariar ou satisfazer suas vontades. “Estabelecer regras e limites com frequência pode levar a uma reação de raiva, insatisfação ou tristeza da criança. Com frequência, crianças falam coisas do tipo ‘eu te odeio’, ‘você não é mais minha mãe’ para provocar remorso nos pais por estabelecerem limites e estipularem regras dentro de casa. É necessário aos pais clareza de que há uma razão para se criar um contexto com regras e limites, e o fato do filho não ser capaz de imediatamente identificá-la não é razão para as deixar de lado”, explica o psicólogo clínico.

Assim, o especialista aconselha explicar os benefícios das tarefas e ressalta que, com o tempo, os pequenos passam a verbalizar a importância dessas atividades, e inclusive cobrar os pais se não fazem essa mesma tarefa, como arrumar a cama, lavar a louça suja, tirar o lixo, entre outras ações.

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“No caso de pais divorciados, aquele que geralmente passa menos tempo com o filho tende a buscar compensar a ausência por meio de atividades divertidas e de agrados em excesso — isso pode acontecer até sem consciência do pai. Nesse caso, é preciso tornar claro as possíveis consequências desse tipo de comportamento: pode tanto comprometer as regras e limites estabelecidas dentro da casa da mãe, quanto antagonizar o pai e a mãe, classificando-os como ‘chato’ e ‘legal'”, esclarece Nathan.

Contudo, caso isso seja feito conscientemente, é urgente discutir as consequências de uma educação baseada na permissividade e no excesso de agrados. “Acredito que a comunicação conciliatória pode dar conta de resolver grande parte dos problemas nesse aspecto, mas casos mais graves, em que algum dos pais esteja fazendo alienação parental por meio do excesso de agrados e permissividade, podem exigir a mediação de um profissional ou de agentes da justiça”, alerta.

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