‘Ok, Google’: quais os riscos do uso da inteligência artificial pelas crianças?

Em tempos de ChatGPT, Alexa e Google, a interação dos pequenos com essas ferramentas exige atenção dos pais para que possam ser usadas de forma benéfica e não prejudiquem o desenvolvimento infantil

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Criança asiática mexe em ipad sobre mesa
Crianças já interagem com recursos de inteligência artificial
Buscador de educadores parentais
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Seu filho ou filha já disse frases como: “ok, Google!” ou “Alexa, conta uma piada”?

Se a resposta for sim, ele ou ela já está utilizando a inteligência artificial (AI).

Mas o que podemos dizer sobre as inteligências artificiais dentro do universo infantil? 

Há prejuízos? Quais são os benefícios? 

Antes de entendermos qual é o caminho que estamos tomando em relação às AIs e ao desenvolvimento das crianças, vamos primeiro entender o que é uma inteligência artificial.

Segundo o Wikipedia:

É a inteligência demonstrada por máquinas ao executar tarefas complexas associadas a seres inteligentes, além de também ser um campo de estudo acadêmico, no qual o principal objetivo é de executar funções de modo autônomo.

Segundo o Google:

Inteligência artificial está associada ao aprendizado da máquina em uma velocidade mais rápida do que o ser humano consegue aprender. Esse aprendizado é chamado de Machine Learning.

Trocando em miúdos, inteligência artificial é o processo de aprendizado de uma máquina conforme a tentativa e erro dela, nada muito diferente de um ser humano, correto? 

Errado!

A máquina não precisa dormir, comer ou ir ao banheiro, então ela aprende mil vezes mais rápido do que um ser humano. 

Agora pense comigo: Para que possamos aprender, precisamos estudar ou vivenciar algo. E sempre tem alguém que está à frente desse aprendizado, como um professor, um mentor ou mesmo nossos pais.

Agora quem está ensinando as máquinas? 

De que lugar elas estão aprendendo?

Lembra do “Ok, Google”?

Pois é, nós estamos ensinando as máquinas a agir e pensar iguais a nós.

Isso te assusta? 

A mais nova sensação das AIs é o ChatGPT, que nada mais é do que um sistema de chat que responde em velocidade absurda todas as suas perguntas e também cria a maioria dos produtos digitais que você pede. Por exemplo, criar um plano de marketing para vender algo ou fazer uma redação sobre o descobrimento do Brasil usando linguagem de uma criança de 10 anos de idade. 

No geral, as pessoas que já usaram acham essa tecnologia ficam maravilhados com a agilidade que ela traz ao cotidiano, principalmente para quem vive sempre sem tempo, como é o caso da maioria de nós.

Mas toda essa tecnologia gera uma pergunta curiosa:

Como ele consegue responder minhas perguntas e criar respostas tão rápido? 

Simples, ele tem um ótimo professor, aliás um só não, milhares.

A base de dados do ChatGPT é simplesmente tudo que jogamos para a internet. É um sistema que se baseia na varredura de informações da internet, compilando todos os dados para gerar a melhor solução para a sua necessidade. Caso você não goste da solução que lhe foi entregue, ele pode sugerir outra, depois outra e mais outra.

Lembram que eu disse que a máquina aprende? O ChatGPT está aprendendo com nossa interação, criando conteúdos personalizados para cada um de nós.

Legal, né? Mas o que isso tem a ver com o desenvolvimento infantil?

Na minha opinião, a inteligência artificial propriamente dita não é um grande problema em relação ao desenvolvimento das crianças, mas tem duas questões associadas às AIs que me preocupam muito.

1º – O uso excessivo das facilidades que as inteligências artificiais geram no desenvolvimento cognitivo das crianças, ou seja, se já tínhamos problemas com as telas, imagine agora que tudo que eu falar ou pedir para as AIs elas vão fazer?

2º – Outra questão preocupante é sobre o conteúdo que as AIs podem gerar para as crianças. Lembra que eu falei que as inteligências artificiais são sistemas de Machine Learning? Então, elas aprendem de algum lugar, ou melhor com alguém, e esse alguém provavelmente é um adulto. 

Vou dar um exemplo da minha preocupação:

Para quem tem Netflix e usa tanto com desenhos para as crianças como para assistir filmes de adultos, o sistema de AI da plataforma associa que vocês são uma família. E, muitas vezes, sugere títulos para as crianças ignorando a faixa etária delas, pois aprende cruzando dados dos desenhos com os filmes, ou você nunca notou que aparecem títulos de filmes infantis no seu perfil de adulto?

Fiz um teste no ChatGPT em que perguntei:

Na sua opinião, você acha que o uso das inteligências artificiais é algo bom ou ruim para o desenvolvimento cognitivo das crianças?

A resposta dele foi:

Essa é uma questão complexa e que pode ser abordada de diferentes perspectivas. O uso de inteligência artificial (IA) por crianças pode ter tanto aspectos positivos quanto negativos, dependendo de como é utilizado e em que medida.

Por um lado, a IA pode fornecer às crianças acesso a uma ampla gama de informações e recursos educacionais, tornando o aprendizado mais acessível e envolvente. Existem aplicativos e plataformas com IA que oferecem atividades interativas, jogos educativos e tutoriais personalizados, adaptados às necessidades individuais das crianças. Essas ferramentas podem auxiliar no desenvolvimento cognitivo, como o raciocínio lógico, a resolução de problemas e o desenvolvimento da criatividade.

Por outro lado, o uso excessivo ou inadequado da IA pode ter efeitos negativos no desenvolvimento cognitivo das crianças. O uso excessivo de dispositivos eletrônicos pode levar a um estilo de vida sedentário, prejudicando o desenvolvimento físico e social das crianças. Além disso, a dependência excessiva da IA para solucionar problemas pode limitar a capacidade das crianças de pensar criticamente e desenvolver habilidades independentes de resolução de problemas. Também é importante considerar as preocupações com a privacidade e segurança das crianças quando se trata do uso de IA.

Portanto, é essencial encontrar um equilíbrio saudável no uso da IA por crianças, combinando-o com outras formas de aprendizado e interação social. Os pais e educadores desempenham um papel fundamental na orientação do uso da IA, estabelecendo limites apropriados, selecionando cuidadosamente os aplicativos e monitorando o tempo de exposição das crianças a essas tecnologias.

Voltando para a primeira pergunta.

Depois de ler tudo isso, como você avalia as inteligências artificiais? Acha que elas são boas ou ruins para o desenvolvimento infantil?

*Este texto é de responsabilidade do colunista e não reflete, necessariamente, a opinião da Canguru News.

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