O que as crianças podem ensinar sobre comunicação não violenta

Atitudes naturais das crianças servem de exemplo dessa metodologia que, para além da empatia, representa uma forma de se conectar com a vida

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Dois meninos estão sentados olhando montanhas no horizonte
Em momentos de tristeza, crianças tendem a acolher e respeitar o sentimento das outras
Buscador de educadores parentais
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Para quem já ouviu falar de Comunicação Não Violenta ou a famosa CNV, hoje ela é considerada, segundo a internet, um tipo de metodologia baseada no uso da empatia como forma de conexão verdadeira, porém ela também pode ser considerada para muitos (como é o meu caso) um tipo de conexão com a vida, algo que já vive dentro de nós.

Se a base da CNV é o uso da empatia, devemos lembrar que a empatia sempre toma dois caminhos, para fora e para dentro, ou seja, empatia com os outros e empatia com nós mesmos.

No texto de hoje vamos focar no caminho para fora, então, eu tenho uma perguntinha fácil para começar. 

Você sabe me dizer o que realmente é empatia?

Muitos vão dizer que é se colocar no lugar do outro.

Sim e não, a empatia é um pouquinho mais complexa do que isso. 

Para entender melhor, vou ajudar fazendo as seguintes perguntas:

  • Como consigo me colocar no lugar do outro?
  • Se eu me colocar no lugar do outro, sentirei o que ele está sentindo?
  • Porque eu devo me colocar no lugar do outro?

Por incrível que pareça, podemos responder às perguntas acima relacionando-as com os valores do desenvolvimento humano de uma criança. 

Explicação:

  • Como consigo me colocar no lugar do outro?

    Com a curiosidade. Todas as crianças são curiosas por natureza. Desenvolver a autonomia em sua infância aumenta o potencial criativo, consequentemente desenvolve também a curiosidade. O interesse legítimo em descobrir o que o outro está sentindo gera uma conexão verdadeira entre os seres humanos.
  • Se eu me colocar no lugar do outro, sentirei o que ele está sentindo?

Você já viu alguma criança dizer para outra criança: “Eu sei o que você está sentindo, não fica assim, vai, não foi nada!”. Caso você tenha visto isso, a criança está simplesmente replicando algo que algum adulto lhe ensinou, essa frase não faz parte do universo infantil.

Porém, se você presenciar uma criança estender a mão e simplesmente acolher aquelas que estão tristes, sem ferir a legitimidade de sentimentos da outra criança, isso é normal. 

Lembre-se que isso não faz com que a criança sinta a mesma coisa que a outra, mas sim compreender que aquele sentimento é importante.

  • Porque eu devo me colocar no lugar do outro?

Nesses quase seis anos de trabalhos com parentalidade, já presenciei crianças ficarem quase uma hora do lado de outra que estava chorando (principalmente crianças maiores do lado das menores), doando seu tempo para criar a conexão mais poderosa de todas, a compaixão.

Resumindo, a comunicação não violenta pode ser uma metodologia baseada na empatia (como diz a internet), porém, a empatia é uma mistura da curiosidade, legitimidade de sentimentos e compaixão, isso explica porque a CNV é utilizada para ajudar adultos e não as crianças.

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Mauricio Maruo
É pai da Jasmim e do Kaleo, e companheiro da Thais. Formado como artista plástico, atua como educador parental desde 2016. É fundador do "Paternidade Criativa", uma empresa de impacto social que cria ferramentas de transformação masculina através do gatilho da paternidade. Criador do primeiro jogo de Comunicação Não Violenta direcionado para pais e crianças do Brasil.

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