Fenômeno que simboliza o fim do processo da puberdade, a primeira menstruação das meninas é um momento marcante no desenvolvimento. No Brasil, a média de idade da menarca é em torno dos 12 anos, em um período de transição entre a infância e a adolescência. Entretanto, a menstruação precoce também é uma realidade de muitas meninas na infância, que podem passar por esse momento ainda aos 8 ou 9 anos de vida.
Débora Alencar, endocrinologista pediátrica, pontua que, apesar de cada menina ter sua individualidade e menstruar em momentos diferentes da vida, ter a menarca – nome dado à primeira menstruação da vida da mulher – antes dos 10 anos é considerado muito cedo. Ela explica que isso é fruto de uma puberdade precoce, e requer o acompanhamento de um profissional desde os primeiros sinais:
“A puberdade precoce pode trazer vários prejuízos para a criança, por gerar uma exposição hormonal antes do tempo. Além de favorecer o aparecimento de alguns tipos de cânceres, pode trazer vários prejuízos psicológicos, pois aquela criança ainda não está preparada psicologicamente para a menstruação”, diz Débora.
As mudanças no corpo da criança
“Puberdade é um conjunto de modificações biológicas do corpo que acontecem durante a adolescência. Essas transformações puberais duram de dois anos e meio a quatro anos. Nesse período, todas as mudanças vão acontecer para se chegar ao corpo adulto”, explica Benito Lourenço, pediatra, hebiatra (especialidade médica voltada a adolescentes) e médico da Clínica de Adolescência da Santa Casa de São Paulo. Segundo o especialista, no caso das meninas, o primeiro sinal de que elas estão entrando na puberdade é o crescimento do broto mamário. No Brasil, isso ocorre em média entre 9 e 10 anos.
Entretanto, Lourenço pontua que essa referência etária é apenas uma média, e há uma variação grande a cada caso. “Existem meninas em que o broto mamário surge até dois anos antes, por volta dos 8 anos, isso é normal. E esperamos até 13 anos para começar a se preocupar com o aparecimento do peito na menina. Portanto, a média para puberdade na menina é aos 10 anos, mas existe uma variação entre 8 e 13 anos de idade.”
Quando a menstruação é precoce?
No caso da menstruação, Benito Lourenço explica que esse fenômeno representa o fim da puberdade nas meninas, e acontece em torno de dois anos a dois anos e meio após surgimento do broto mamário, ou seja, o primeiro sinal de desenvolvimento dos seios. Desse modo, se a média da menarca no Brasil é aos 12 anos de idade, a puberdade se inicia em média aos 10 anos de idade.
Portanto, caso aconteça a puberdade precoce, antes da variação normal de início da puberdade, a primeira menstruação também acontecerá antes do indicado.
“Menstruar aos 10 anos não tem nada de anormal, está dentro da variação, só está antes da média no país. Porém, quando temos menstruações por volta dos 8 ou 9 anos, significa que o peito começou a surgir com 6 ou 7 anos, aí estamos em um campo de investigação. A menina que menstrua aos 8 anos de idade começou com o surgimento do peito aos 6 anos. Aí já está fora do normal”, pontua o hebiatra.
Dessa forma, é considerada precoce a puberdade que se inicia antes dos 8 anos nas meninas, que irá impactar em uma primeira menstruação antes dos 10 anos de idade.
O impacto da alimentação e outros fatores
De acordo com publicação do Instituto Nacional de Saúde da Mulher, da Criança e do Adolescente da Fiocruz, em cerca de 90% dos casos a puberdade precoce é um distúrbio sem causa definida. Entretanto, já se sabe que alguns fatores podem interferir para que isso aconteça.
A endocrinologista Débora Alencar exemplifica: “Fatores genéticos, como antecedentes na família, étnicos, geográficos, pois isso varia em cada região e até da área urbana para a rural, aspectos de estilo de vida, consumo de muitos alimentos industrializados, peso ao nascer, peso da criança ao longo da infância, aumento de exposição a substâncias que sejam considerados desreguladores hormonais… São muitos [fatores], por isso a importância do acompanhamento por um profissional capacitado para avaliar qualquer necessidade de intervenção caso o processo esteja evoluindo muito rapidamente”.
Uma das causas estudadas atualmente e que podem interferir no adiantamento da menarca é a alimentação, conectada também a quadros de sobrepeso.
“Uma das explicações desse adiantamento, de sairmos da época de nossas bisavós, que menstruavam com 15 anos, e agora menstrua-se aos 12 anos, na média, é a melhora da nutrição”, diz o hebiatra Benito Lourenço.
“Hoje, estamos bem de saúde e temos muito mais conhecimento sobre a forma adequada de se alimentar, não estamos mais em época de guerra, quando víamos menstruações vários anos à frente. Porque aprendemos que o corpo precisa ter uma gordura mínima para que o indivíduo possa menstruar adequadamente”, completa.
Alexandre Andreani Paes Leme Giffoni, nutrólogo do Hospital IGESP, também ressalta que a alta ingestão calórica e ganho de peso na infância tem associação direta na menarca precoce. “Alterações hormonais pelo excesso de tecido adiposo, ou seja, gordura corporal, influenciam de forma a acelerar o processo da primeira menstruação. O especialista também ressalta que o consumo exagerado de industrializados propicia a obesidade interferindo nesse cenário. “O excesso de gordura e calorias dos alimentos ultraprocessados e a facilidade do seu consumo estimulam o sobrepeso, e todos estes fatores em conjunto propiciam a menstruação precoce.”
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A interferência dos ‘disruptores endócrinos‘
Além da obesidade ser uma influência na menstruação precoce, substâncias existentes tanto nos alimentos, quanto em outros itens do dia a dia, como embalagens plásticas, podem servir de gatilho para o início das transformações puberais. “Não são apenas nos alimentos. São nos plásticos, na poluição do ar que respiramos, que existem substâncias que chamamos de disruptores endócrinos. Eles são alguma influência de elementos ambiente que podem mexer um pouco com o funcionamento hormonal, implicando em pequenas modificações”, explica Lourenço.
“Hoje nós temos excesso de plásticos, antibióticos, hormônios, substâncias misturadas nos alimentos, aditivos, que podem ter alguma ação hormonal e interferir no funcionamento pleno dos nossos hormônios. Portanto, isso pode interferir um pouquinho ou no adiantamento ou no atraso desses processos”, completa o especialista.
Desse modo, Benito Lourenço reforça que é essencial pensar a respeito de uma alimentação saudável na infância e refletir sobre esses disruptores de modo geral, já que estão presentes em itens além da alimentação. “Cada vez se descobre mais sobre eles, e temos que considerar que, com a evolução da ciência, descobrimos também como combatê-los. Plásticos ‘BPA free’, tratados de forma especial de modo que não liberem esses disruptores, já existem. Então como já aprendemos o que pode alterar o funcionamento hormonal, aprendemos como trabalhar com isso e eliminar isso, melhorando a tecnologia dos plásticos e o cultivo de alguns itens alimentares.”
Orientação às meninas é essencial
Caso os pais percebam sinais precoces da puberdade nas meninas, é essencial que busquem uma avaliação profissional desde o início para que seja feito o melhor acompanhamento, evitando uma menstruação precoce. “Hoje temos vários medicamentos seguros para evitar a progressão da puberdade e para impedir que a menina menstrue muito cedo. São indicados em casos de puberdade precoce, com o aparecimento de mamas antes dos 8 anos em meninas e aumento do volume testicular antes dos 9 anos em meninos”, explica Débora Alencar.
Benito Lourenço ressalta que o tratamento com hormônios, comumente utilizado nesses casos, não são para retardar a menstruação, mas sim a puberdade como um todo. “Se você esperar para fazer uma intervenção quando a menina menstruar, já terá perdido dois anos de tratamento. Portanto, o bloqueio da puberdade é uma alternativa para meninas que estão adiantadas nesse processo ganharem um pouco mais de tempo, colocando-as junto da média normal da população”, completa.
Diálogo pode ajudar no processo
Além do acompanhamento para garantia do bem-estar corporal da menina, estar atento a sua saúde mental e dialogar com a criança a respeito da menstruação, especialmente caso aconteça uma menstruação precoce, é essencial para que se cultive uma boa relação com esse momento de transformações.
“As crianças com puberdade precoce podem estar expostas a inúmeras consequências na vida adulta como transtornos psicossociais. Além disso, a precocidade desta fase pode desencadear na criança uma confusão de sentimentos e emoções, já que a mesma não possui ainda capacidade cognitiva e emocional para lidar com todas as mudanças que esse período traz, principalmente mudanças na imagem e no corpo”, diz Milena Escobar, psicóloga infantojuvenil.
Desse modo, Milena reforça que é importante conversar de forma aberta e natural com a menina sobre o que é a menstruação e o que está acontecendo com seu corpo, por meio de uma linguagem que ela compreenda. “O ideal é que a família aborde o tema com a sua filha de uma forma natural e tranquila, sem muitos dramas. Não é preciso criar um roteiro, nem nada muito elaborado para explicar o que está acontecendo, e nem tentar explicar tudo de uma vez. O importante é que os pais deem abertura para que a criança se sinta segura e confortável para falar sobre o que está acontecendo e para tirar dúvidas também”, completa a psicóloga. Assim, a menina irá se sentir mais segura e confiante, compreendendo que seu corpo está funcionando como deveria.
Na visão de Benito Lourenço, orientar sobre questões de higiene também fazem parte desse diálogo para tornar a menstruação algo mais positivo na perspectiva da criança, e para que ela entenda como lidar com seu corpo nessa fase. “É importante então orientar sobre a normalidade desse momento, sobre cuidados de higiene, sobre dignidade menstrual, ou seja, poder ter um absorvente disponível e saber utilizar isso. O que a gente gosta de trabalhar com as meninas nos primeiros dois anos são questões para que ela aprenda como é menstruar, saiba e entenda isso como um marcador que a saúde dela está boa ou não. É nessa fase que ela vai entender quanto dura o ciclo dela, quantidade, frequência e ter uma noção da saúde”, explica o hebiatra.
Além disso, independente da idade em que ocorra a menarca, Benito pontua que a orientação sobre a primeira menstruação é sempre importante para guiar a menina nesse processo, e para que ela entenda as particularidades de seu corpo: “A puberdade é uma estradinha que todos percorrem e alguns percorrem o caminho normal, outros pegam um atalho e chegam mais rápido, outros pegam um caminho mais lento. Uma menina que menstruou com 10 anos pegou um atalho, mas é importante que ela entenda que uma hora todos vão chegar onde ela está. Às vezes na escola ela pode se sentir constrangida por ser a única que já menstruou entre as amigas, mas explicar sobre a normalidade é importante.”
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O papel da educação parental na criação dos filhos
A educação parental é uma prática exercida por profissionais certificados que buscam apoiar mães, pais e responsáveis na criação dos filhos para que estes possam se desenvolver de maneira saudável. Diferentes abordagens ‒ dentre as quais, a disciplina positiva, a parentalidade consciente, a comunicação não violenta e a neurociência ‒ são utilizadas pelos educadores parentais durante os atendimentos com as famílias para ajudá-las a criar vínculos positivos com as crianças, com suporte e estímulos adequados que promovam o desenvolvimento físico, cognitivo, social e emocional dos pequenos.
Profissionais de diferentes áreas atuam na educação parental, entre eles, psicólogos, pedagogos, psiquiatras, professores, terapeutas ocupacionais e pediatras, entre outros. Porém, além da formação de origem, a maioria deles faz cursos específicos voltados a esse campo de atuação.
O Clube Canguru é a maior comunidade de educação parental do Brasil. Trata-se de um espaço de troca e aprendizado, composto por profissionais que têm acesso a workshops, cursos, masterclasses e fóruns de debate, entre outros eventos. Saiba mais aqui sobre essa iniciativa da Canguru News.
Minha filha menstruo com 9 anos e meio e eu já tinha explicado para ela só que eu agora tô preocupada porque a mestruacao dela o fluxo veio muito e tenhe 3 dias o que eu faço
Minha filha menstruo com 9 anos e meio e eu já tinha explicado para ela só que eu agora tô preocupada porque a mestuacao dela o fluxo veio muito e tenhe 3 dias o que eu faço
Minha filha menstruou ano passado quando tinha 9 anos ou seja 8 meses, as vezes vem normal e também já pulou mês, mas ela é super criança ainda, o que devo fazer?
Repetindo
Parabéns!
Excelente depoimento!
Muito aproveitoso as orientações
E eu não sei se é porque eu sou diferente de qualquer outra garota mais…meu psicológico não é afetadi por nada, que pessoa é que vai ficar com o psicológico afetado por causa da menstruação, essa pessoa nescecita muito de um psicólogo está com a mente fraca demais.
Parabéns!
Excelente depoimento!
Estou tão saudável que quando peguei covid-19 Graças a Deus nem fez efeito se minha mãe não fizesse o teste eu nem saberia porque estava mais fraco que gripe todo mundo da minha família ficou mal menos eu, então se eu tivesse algum problema de saúde porque comecei a menstruar com 9 anos no caso eu deveria ficar em situações piores não?.
Eu comecei a menstruar quando tinha 9 anos de idade e não me deu nenhum problema estou mais do que saudável, fora que minha mãe é uma pessoa bem atualizada e super inteligente, no entanto, por ser uma mãe prestativa já havia me ensinado tudo o que eu prescisava saber.
Oi boa noite tudo bem quero saber com quantos anos menstrua eu tenho 11 anos