Livro-imagem atiça a criatividade das crianças; veja os melhores

    966
    Buscador de educadores parentais
    Buscador de educadores parentais
    Buscador de educadores parentais
    Boa alternativa para despertar o interesse pela leitura, o livro-imagem  atiça também a criatividade e ajuda no desenvolvimento da linguagem

    Por Isabella Grossi – Não faz muito tempo, a ilustração era considerada um elemento decorativo que servia apenas para reforçar a mensagem escrita nos livros. Ou, em um contexto ainda mais simples, dar aquela coloridinha. Felizmente, as figuras ganharam autonomia e passaram a desempenhar um papel cada vez mais significativo nos contos infantojuvenis. “O livro-imagem é uma das coisas mais contemporâneas e adequadas para crianças pequenas, principalmente aquelas que não dominam o código verbal”, afirma a professora da faculdade de educação da UFMG, especialista em literatura infantil, Célia Abicalil Belmiro. “As imagens não apresentam o imediato, o que a criança vai identificar. E literatura não é para identificar nada, é para refletir, pensar, sentir, se constituir como um sujeito neste mundo”, complementa.

    O número de expoentes da literatura visual vem crescendo à medida que o preconceito com os ilustradores diminui. “Antigamente, os editores não aceitavam muito que o ilustrador propusesse textos ou roteiros”, lembra a autora Mariângela Haddad, que lançou, em 2015, Minha Vó sem Meu Vô, seu primeiro livro-imagem, sobre a história de um casal de velhinhos que tem uma maneira singular de lidar com o Alzheimer. A trama se desenrola sob o ponto de vista de uma criança — embora ela não apareça —, que observa o avô cometendo birutices e a avó criando bilhetinhos para ilustrar a função de cada objeto. “Quando fizemos uma exposição desse livro num colégio, as crianças imediatamente começaram a falar sobre suas perdas”, lembra Mariângela. “O livro-imagem tem esse poder, o de despertar o que não é óbvio. Você não dá um final, mas insinua, provoca a criança, e ela vai procurar saber ou inventar.”

    A leitura de um livro-imagem é diferente da de um livro tradicional. “No livro com palavras, você vai pelos detalhes para depois compreender o panorama. No livro-imagem, não. É como se fosse um mapa”, compara o ilustrador Renato Moriconi, que, entre outros prêmios, recebeu o de Melhor LivroIma gem pela Fundação Nacional do Livro Infantil e Juvenil (FNLIJ), em 2011, por Telefone sem Fio, uma parceria com Ilan Brenman, e em 2014, por Bárbaro. Em Bárbaro, Moriconi narra a história de um guerreiro que sai numa perigosíssima jornada. “Não caberiam palavras, há surpresas que a imagem esconde até o final”, diz. “Eu uso elementos do universo infantil como inspiração, mas o processo também é construído para os adultos.”

    Engana-se quem acha que esse tipo de literatura seja descomplicada em comparação ao restante das produções. “O maior desafio é fazer com que a narrativa tenha continuidade visual, isto é, contar uma história, seja ela simples ou complexa”, pontua o artista plástico, designer, escritor e ilustrador Fernando Vilela, que já recebeu cinco Prêmios Jabuti e acaba de lançar Contêiner, uma história de perseguição em que um cachorro e um gato embarcam num navio e viajam pelo mundo. “Cada virar de página deve ser muito claro. Qualquer elemento a mais ou a menos pode interferir na história negativamente, confundindo o leitor”, arremata.

    Veja uma seleção dos melhores livros-imagem dos últimos dez anos, segundo a Fundação Nacional do Livro Infantil e Juvenil (FNLIJ):

    1. Jornada, Aaron Becker, Record
    2. O Galo e a Raposa, Alexandre Camanho, SESI-SP
    3. Bárbaro, Renato Moriconi, Companhia das Letrinhas
    4. O Jornal, Patrícia Auerbach, Brinque-Book
    5. A Chegada, Shaun Tan, Edições SM
    6. Telefone sem Fio, Ilan Brenman e Renato Moriconi, Companhia das Letrinhas
    7. Onda, Suzy Lee, Cosac Naify
    8. Rabisco, Um Cachorro Perfeito, Michele Lacocca, Ática
    9. A Pequena Marionete, Gabrielle Vincent, Editora 34
    10. A Linha do Mário Vale, Mário Vale, RHJ

    3 dicas para otimizar a leitura Por Célia Abicalil Belmiro

    NÃO COMPRE QUALQUER LIVRO-IMAGEM “Os pais acham que qualquer figura serve, mas isso não é verdade. Compre livros de qualidade, que tenham uma boa ilustração e que fujam da representação imediata do mundo. Deixe isso para o livro didático. A sequência de imagens evoca sentimentos que não são ditos e tem um nível de compreensão que pode levar a outras emoções.”

    LEIA O LIVRO E DEPOIS ENTREGUE-O AO PEQUENO “Não existe leitura certa. Existe leitura de adultos, de crianças e de experiência de leitor. Acredite que os pequenos são capazes de produzir sentido por eles mesmos, e deixe-os à vontade para interpretar. Se quiser estimular um ou outro aspecto, faça perguntas e comece um diálogo.”

    FACILITE O ACESSO “É papel dos pais inserir esse tipo de material na vida das crianças. Monte, portanto, uma biblioteca que dê altura para os pequenos. Você pode utilizar um caixote de feira, por exemplo. Depois, estimule o contato.”

    DEIXE UM COMENTÁRIO

    Por favor, deixe seu comentário
    Seu nome aqui