Estabelecer uma conexão com os filhos é fundamental para favorecer o seu desenvolvimento e criar um relacionamento afetivo e amoroso com eles. Porém, nem sempre é fácil criar esse vínculo, principalmente, quando os pais estão distante dos filhos e não se sentem à vontade para brincar com eles ou fazer qualquer outra atividade em conjunto. Nesses casos, contar histórias da família pode ser uma ótima oportunidade para se aproximar das crianças. “Os pais podem resgatar recordações de quando eram pequenos, o que aprontavam na escola, as dificuldades que enfrentaram, como as superaram e até contar a história do próprio filho para ele mesmo”, diz a psicóloga clínica e educacional Cristiane Rayes, de São Paulo. Ela também sugere que os pais vejam, juntos com os filhos, fotografias dos avós, dos tios, dos próprios pais e das crianças – o nascimento, os primeiros dias de vida, a amamentação, o colo, os primeiros passos. Também é válido que outros familiares, como os avós, recordem situações e histórias através de fotos e conversas com os netos.
“Para mim, é fundamental contar histórias, pois elas favorecem as reflexões, trazem autoconhecimento e com isso a possibilidade de mudança naquilo que não está funcionando nas relações”, diz a psicóloga. Ela falou sobre o assunto na palestra “Identificando a dinâmica de cada família”, durante o Parenting Brasil – 1o Congresso de Educação Parental.
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Segundo Cristiane, as histórias da família são uma boa opção, por exemplo, para pais que seguem uma educação muito rígida com os filhos e ao surgir um problema de relacionamento entre eles, não sabem como lidar com a situação. “Se o pai é bravo, grita com o filho e mesmo bate nele porque acredita que essa é a maneira mais adequada de educá-lo, é preciso pensar em formas de mostrar a ele que essa estratégia não é eficaz”, diz Cristiane. Nas suas consultas, ela costuma usar jogos e outras ferramentas terapêuticas que facilitem aos pais e às crianças expressar seus sentimentos. A coleção “Confiança, coleçao feelings” traz bonecos de pano com diferentes expressões que remetem à tristeza, alegria, raiva e medo, por exemplo.
“Mostrar ao pai que a criança escolheu por meio dos bonequinhos de sentimentos, a tristeza e raiva para defini-lo, é uma forma de fazer com que ele se questione e reflita quanto à necessidade de mudar”. Para a psicóloga, mais que querer que os pais sigam à risca todas as orientações e sugestões recomendadas pelos profissionais, é importante que os pais se sensibilizem com o assunto. “Muitas vezes, os pais têm acesso a muita informação mas não conseguem colocá-la em prática.” Para ela, profissionais que atendem pais, como psicólogos e educadores parentais, devem promover a conscientização das famílias, para que sejam capazes de perceber suas dificuldades e possam pensar em facilidades e estratégias para lidar com elas.
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