A pandemia intensificou o uso de tecnologias nas escolas, oferecendo aos professores a possibilidade de explorar novas ferramentas digitais para suporte ao trabalho pedagógico. Porém, mais importante que a escolha desses recursos, é planejar uma estratégia de ensino com intencionalidade e significado para o mundo da criança. Em especial, na educação infantil, escolher ferramentas que favoreçam a produção de aulas criativas e dinâmicas pode ser um desafio para gestores, coordenação pedagógica e equipe docente.
“Deve ser observado o comportamento e aprendizado que está sendo provocado, como os estímulos que rodeiam a criança. Essa fase do desenvolvimento, de 0 a 5 anos, terá impacto durante toda a vida”, afirma Sueli Trajano, gerente pedagógica da Big Brain, principal parceira da Microsoft na América Latina, que desenvolve soluções de tecnologia educacional, inclusive para o ensino infantil. Ela recorda que as crianças de hoje em dia, os chamados “nativos digitais, já estão habituados aos equipamentos tecnológicos desde muito cedo. “As ferramentas digitais são recursos essenciais para aprimorar e alcançar o processo de ensino e aprendizagem dessa nova geração. Tão importantes, que estão preconizados nas competências da Base Nacional Comum Curricular (BNCC)”, diz Sueli.
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Mas para atingir os objetivos planejados com o uso desses recursos é fundamental capacitar o professor. “Ao dominar a ferramenta, flui melhor a criatividade do docente, favorecendo criações de brinquedos paradidáticos, atividades lúdicas, dinâmicas, brincadeiras intencionais e estratégias diversas que integrem as tecnologias”, avalia a gerente pedagógica.
Programas como o “Paint” e “PowerPoint”, por exemplo, permitem o desenvolvimento de estratégias que trabalham aspectos como a coordenação motora, teatro virtual, storytelling e gamificação, que usa técnicas de games.
Segundo Sueli, mesmo na fase de 0 a 2 anos de idade existem recursos digitais que podem ser utilizados pelos professores. Um deles é o “hiperlink”, no PowerPoint, que traz imagens, letras e cores com áudios das respectivas figuras que são reproduzidos sempre que a criança clicar nelas. Já no “OneNote” podem ser criados estímulos com figuras, histórias, vídeos e recursos de leitura avançada.
O cuidado na escolha das ferramentas digitais e a maneira como as mesmas são utilizadas ganham ainda mais importância ao lembrarmos que a primeira infância é um período imprescindível ao desenvolvimento, em que as experiências, descobertas e estímulos serão levados para toda a vida. A seguir, veja alguns dos aspectos do desenvolvimento infantil por faixa etária.
Desenvolvimento das crianças na primeira infância
0 a 3 anos – as crianças passam pelo desenvolvimento sensorial e motor, aprendem a consciência do próprio corpo, percebem o mundo em sua volta, como cores, formas e cheiros, desenvolvem reflexos, parte de coordenação motora, senso de organização e inteligência prática, boa parte da estrutura cerebral se forma na primeira infância;
3 aos 6 anos – as crianças aprimoram a linguagem, intuição, colaboração e socialização, e passam a questionar mais (fase dos porquês), amplificando a coordenação.
Ensino remoto para os pequenos
No ensino infantil, conquistar a atenção da criança é um desafio constante, principalmente no formato online. A especialista orienta que um ponto de atenção é observar os estudos que estabelecem o tempo médio de concentração de cada criança por idade. Dessa forma, o professor poderá planejar as atividades das aulas promovendo ações de ludicidade e encantamento, considerando o tempo que a faixa etária consegue manter a atenção focada. “Planejar aulas para educação infantil pressupõe pesquisa, criatividade, ideação, foco, diversão e diversidade estratégica. Para tal, as ferramentas digitais se tornam instrumentos importantes para alcançar os objetivos traçados”, conclui a gerente pedagógica.
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