Só as ferramentas de controle parental resolvem?

Para a psicóloga Andrea Jotta, além do uso desses recursos, "é preciso estar junto, utilizar (a internet) junto com o filho e fazer combinados"; conheça algumas das principais ferramentas disponibilizadas em smartphones e computadores

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Menino de camiseta vermelha e cabelo curto deitado de bruços utilizando o celular
A internet é como uma praça pública, onde a criança está expostas a diversos perigos e cabe aos pais orientá-la dos riscos, ressalta a consultora Kelli Angelini
Buscador de educadores parentais
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Cada vez mais surgem no mercado ferramentas que permitem aos pais controlar a navegação dos filhos online. Uma das mais recentes é o Family Center, lançado em março, nos Estados Unidos, para monitorar o uso do Instagram pelos adolescentes. Além de redes sociais, esses recursos permitem gerenciar o acesso de crianças em diversos outros aplicativos, oferecendo restrições de conteúdos, compras online e tempo de uso dos aparelhos, entre outras opções. Especialistas ressaltam, porém, que além das ferramentas é fundamental manter um diálogo constante com a criança para saber o que ela faz na web e orientá-la quanto aos riscos que pode correr.

“É preciso estar junto, utilizar (a internet) junto com o filho e fazer combinados para que entendam o propósito do monitoramento e assim não burlem o controle, o que pode acontecer”, afirma a psicóloga Andrea Jotta, do Laboratório Janus (Laboratório de Estudos de Psicologia e Tecnologias da Informação e Comunicação) da PUC-SP (Pontifícia Universidade Católica de São Paulo). Ela diz que ao compreender o motivo de preocupação dos pais, a criança tende a seguir mais as regras e ela mesma pode avisar quando aparece um vídeo estranho ou uma conversa que levante suspeitas.

A psicóloga é partidária, inclusive, da criação de uma política global falando a respeito do quão prejudicial o uso da internet pode ser, em especial, em questões comportamentais e psicológicas. “O que a gente sabe hoje é: é prejudicial. Em que nível? Depende do combinado, da qualidade do uso, dos conteúdos acessados, da dinâmica familiar”, afirma Andrea. “Até porque, diz a psicóloga, por maior que seja o controle parental no dispositivo da criança, há a chance de ela usar o celular do colega na escola ou mesmo da mãe durante um almoço”, exemplifica.

Filtrar conteúdos que falem de assuntos inapropriados para crianças é uma das possibilidades das ferramentas de controle parental. E foi justamente por não ter filtros de palavras ativados em seu computador, que um garoto de 8 anos conseguiu acessar sites de pornografia em casa. “Na escola, um amiguinho falou para ele acessar um site e, acostumado a fazer pesquisas na web, ele facilmente encontrou a página”, disse Kelli Angelini, consultora e palestrante sobre direito e educação digital, que foi procurada pelos pais do garoto para dar orientações de segurança online.

“Além do contato precoce com um tema que é inadequado para a sua idade, o garoto teve acesso a um conteúdo (de pornografia) que não é o que acontece na vida real. Ele ainda é uma criança, imagine o impacto na vida dele, que, quando crescer e tiver relações, pode achar que aquilo visto é o normal”, comenta a consultora.

Os riscos da web

Kelly recorda que a internet é como uma praça pública, onde a criança está exposta a diversos perigos e cabe aos pais orientá-la dos riscos, como fazem quando a criança sai de casa. “Há pessoas mal intencionadas que se aproximam das crianças em redes ou plataformas de jogo para ganhar confiança e depois pedem dados dos pais do cartão de crédito, pedem nudes, induzem a criança a ficar nua na frente da câmera ou mandar foto ou ainda marcam encontros presenciais, já tivemos tudo isso, e a criança e o adolescente acabam confiando porque são seres em desenvolvimento, ainda não têm discernimento para saber o que é ou não perigoso”, alerta a consultora. Ela ressalta, por exemplo, a importância de desconfiar de estranhos online e usar a web com responsabilidade.

Encontrar as ferramentas de controle parental nos aparelhos, no entanto, nem sempre é fácil para os pais. “Uma dica que se pode dar é que cada dispositivo, seja tablet, smartphone ou computador, tem sua própria ferramenta, que geralmente fica nas configurações de privacidade ou controle parental”, orienta a consultora. A seguir, conheça algumas dessas ferramentas.

Ferramentas de controle parental

Family Link (Google)

Compatível com smartphones de sistema operacional Android e iOS.
Como funciona: o responsável cria uma conta Google para a criança e assim tem acesso a suas atividades online.

Recursos disponíveis:

  • Bloqueia automaticamente a tela da criança na hora de dormir;
  • Bloqueia apps indesejados;
  • Define limites de tempo de uso;
  • Aprova compras e downloads de novos apps.

Como ativar: no smartphone ir em ” configurações” e procurar por ” Google” e, em seguida, ” Controle dos pais”. Outra opção é ir pelo Play Store, clicar no menu/foto do canto superior direito, ir em “configurações” e, depois, em ” Família”. Em seguida, deve-se seguir as orientações da ferramenta para definição das configurações desejadas. Obs: informações do passo a passo referem-se à versão Android 8.1.0 e os termos podem variar de acordo à versão.

Para dispositivos da Apple

Compatível com smartphones iOS e computador e tablets do Mac.
Como funciona: permite especificar quais aplicativos, programas e sites terão acesso liberado e quais serão bloqueados.

Recursos disponíveis:

  • Impede compras em app;
  • Permite apps e recursos integrados;
  • Restringe buscas;
  • Restringe filmes, músicas e livros;
  • Impede o acesso a certos conteúdos;
  • Cria horários para uso do equipamento.

Como ativar: No Mac, ir em “Preferências do sistema”, e, em seguida, em “Controles parentais”. No iphone, procurar por “Ajustes”, “Tempo de uso”, “Conteúdo e privacidade” e ” Ativar restrições”. Em seguida, escolher as ações desejadas dentro do menu de opções. Obs: informações do passo a passo referem-se à versão iOS 15.4.1 e os termos podem variar de acordo à versão.

Computadores Microsoft – Family Safety

Como funciona: exige uma conta de email Microsoft. Tem versão gratuita, mais simples, e outra paga, com mais recursos.

Recursos disponíveis:

  • Limites para jogos e aplicativos (Windows, Xbox, Android);
  • Limites para dispositivos (Windows, Xbox);
  • Solicitações de tempo de exibição de tela; 
  • Resumo das atividades.

Como ativar: acessar a página online Family Safety, entrar na conta Microsoft e em seguida gerenciar informações de perfil do seu filho de acordo com a idade dele.

Youtube

Como funciona: ajuda a ocultar vídeos que possam ter conteúdo para maiores, criando filtros que impeçam certos conteúdos de aparecerem para menores de idade. A restrição se limita apenas ao aparelho em que foi feito.

Recursos disponíveis:

  • Filtros para limitar acesso a conteúdos inapropriados para menores de idade.

Como ativar: Na parte superior direita da página do Youtube, clique no ícone/foto da sua conta. Vá em Configurações e procure a última opção da lista “Modo restrito” e selecione em “ativar”.


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