Um estudo recente examinou como diferentes práticas parentais podem estar associadas à saúde mental dos pais e dos filhos. A pesquisa ouviu 1.027 mães e pais, sendo 85% mulheres, que responderam a pesquisas online sobre si mesmos e seus filhos, com idades entre 2 e 18 anos. Os pesquisadores, que são em maioria canadenses, descobriram que dois estilos parentais estavam ligados à melhoria da saúde mental:
Parentalidade compartilhada:
Quando o casal divide as tarefas parentais e de cuidado de uma forma que pareça justa e equitativa para ambos os parceiros. Segundo o levantamento, os pais com níveis mais elevados de parentalidade partilhada “têm maior satisfação no relacionamento, melhor funcionamento familiar, menor estresse parental, melhores relacionamentos entre pais e filhos, menos queixas de desconforto nas mães e melhor bem-estar infantil”.
Parentalidade estruturada:
Quando a família tem rotinas previsíveis, e os pais estabelecem limites consistentes e dão apoio adequado aos níveis de desenvolvimento das crianças.
“Em contraste com a parentalidade autoritária ou superprotetora, a parentalidade estruturada é uma abordagem flexível e consistente para ajudar as crianças e os adolescentes a clarificar os seus papéis, aumentar a responsabilidade pessoal, realizar as tarefas necessárias e desenvolver a regulação do comportamento”, explicam os pesquisadores.
Segundo o estudo, a parentalidade compartilhada está relacionada a uma saúde mental positiva para as crianças e os pais. Nas famílias que exercem esse estilo parental, foram encontrados menos sintomas de depressão em crianças de todas as idades. A prática também foi associada a menos comportamentos desafiadores e problemas emocionais em crianças dos 2 aos 5 anos (mas não nas crianças mais velhas), e a menos irritabilidade em jovens dos 13 aos 18 anos. Já a parentalidade estruturada foi relacionada a menos problemas de comportamento infantil em crianças de 2 a 5 anos.
A psicóloga norte-americana Cara Goodwin listou algumas sugestões de como os pais podem adotar características desses estilos parentais em suas próprias vidas:
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Mude sua perspectiva sobre a coparentalidade: A paternidade compartilhada não consiste em um dos pais “ajudar” o outro quando necessário, mas sim que ambos invistam igualmente na criação dos filhos e na tomada de decisões relacionadas à parentalidade. Se um dos pais funciona como o pai “padrão”, é importante discutir com o parceiro como mudar essa dinâmica e dividir igualmente a carga mental e física da parentalidade.
Abandone algum controle na criação dos filhos ou assuma total responsabilidade pelas tarefas parentais: Se você é o pai “padrão” e quer compartilhar de fato os deveres parentais, pode ter que abrir mão de algum controle e aceitar que seu parceiro nem sempre realiza as tarefas parentais da mesma forma que você faria. Tente não criticar nem supervisionar as ações de seu parceiro. Se você não é o pai “padrão”, tente assumir mais responsabilidades sobre as tarefas parentais e não peça ajuda ou orientação ao seu parceiro.
Faça reuniões regulares com seu parceiro: marque uma reunião semanal em sua agenda na qual você e seu parceiro podem discutir como compartilharão as próximas tarefas parentais, tomarão decisões relacionadas à parentalidade juntos e planejarão férias e eventos familiares.
Seja o mais consistente possível: Um dos aspectos mais importantes na maneira como criamos os filhos é a consistência. Tente ser o mais consistente possível nas regras que você e seu parceiro criam e na disciplina que você usa, mas também em suas estratégias parentais positivas (como definir os valores de sua família e como você incentivará esses valores em seus filhos).
Crie e siga rotinas: As rotinas são essenciais para qualquer estilo de parentalidade. Procure deixar combinado com seu parceiro sobre quem faz o quê – por exemplo, pôr as crianças para dormir à noite – fazendo assim com que seus filhos saibam o que esperar e evitando brigas entre o casal. Você também pode criar uma rotina nos finais de semana que dê um descanso a cada parceiro e ajude os filhos a saber quando podem ter um tempo de qualidade com cada um dos pais.
Limitações da pesquisa
A psicóloga ressalta que o estudo teve limitações importantes. Primeiro, foi um estudo correlacional, o que significa que não sabemos se os estilos parentais compartilhado e estruturado causam estes resultados positivos ou estão simplesmente associados a eles. Em segundo lugar, incluía apenas lares com dois pais, levantando dúvidas de como se aplicaria em casas com apenas um dos pais ou outras dinâmicas familiares. Ainda, vale destacar que todas as medidas foram autorelatadas pelos pais, o que pode ser tendencioso.