Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), hoje, mais de 380 milhões de crianças e adolescentes são obesos em todo o mundo. E esse número só cresce, tanto que a OMS tem enfatizado a governantes a necessidade de buscar ações para reverter o quadro, diretamente relacionado à saúde mundial. Crianças com obesidade correm o risco de desenvolver doenças como diabetes, hipertensão, problemas cardiovasculares e câncer. Diante desse cenário, há uma preocupação cada vez maior das famílias e das escolas em investir na educação alimentar, conscientizando as crianças da importância dos hábitos saudáveis desde cedo, para que valorizem o consumo de alimentos naturais em detrimento dos industrializados.
“O crescimento saudável das crianças depende diretamente de uma alimentação adequada. Uma prova disso é que a OMS a considera um direito humano fundamental. A escola é uma aliada importantíssima e a educação alimentar tem se tornado uma extensão da proposta pedagógica”, afirma Patrícia Viana Costa, nutricionista parceira do Colégio Marília Mattoso, em Niterói (RJ).
O colégio tem aulas de culinária que apostam no lúdico e na vivência para incentivar os alunos a mudar de hábitos. “Nós abordamos o conhecimento dos alimentos especialmente os verdes, as frutas da época como carambola e preparações que eles possam realizar em segurança como saladas, sanduiches, bolos de pote, bichinhos criados com frutas”, explica Patrícia. Ela conta que as atividades de preparo de frutas em formato de bichinhos é uma das preferidas das crianças. “Eles colam carinhas, espetam braços e pernas e no final, descascam a fruta sozinhos e comem. O bolo de pote também faz muito sucesso”, comenta a nutricionista.
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Já no Colégio Montessori Santa Terezinha, em São Paulo, as crianças da educação infantil aprendem no dia a dia a nomear os alimentos e saber mais sobre suas características. Há também a simulação de uma feira, cujos aprendizados vão além da educação alimentar. “Na barraquinha do feirante Joaquim, as crianças tiveram de nomear os alimentos e assim ampliaram o seu vocabulário. Depois, aproveitando o “faz de conta”, as crianças receberam cédulas de papel, fizeram comparações, levantaram hipóteses e tentaram resolvê-las, se familiarizando com a ideia do sistema monetário aplicado na nossa cultura e compreendendo a função do dinheiro”, afirma a professora Patrícia Bruni.
Da higienização à degustação de frutas, verduras e legumes
Aulas com a temática “vida saudável” fazem parte das atividades de educação alimentar do Colégio Leonardo Da Vinci, na capital paulista, em que as crianças conhecem os benefícios e a importância de consumir alimentos naturais, sendo apresentados a frutas, legumes e verduras. Dentre as atividades, os alunos participam da higienização, do preparo e do plantio dos alimentos, sendo incentivados também a degustá-los. “De forma lúdica as crianças conhecem os benefícios e a importância de consumi-los, além das diversas maneiras de prepará-los. Sempre desafiando-os a experimentar”, relata a coordenadora do ensino fundamental I, Alexandra Ghilardi Cravenco, que afirma salientar nas aulas a importância da higiene pessoal e o hábito de atividades físicas: “É um conjunto”.
A partir das rodas de conversa, o Colégio Domus, de São Paulo, iniciou um projeto sobre o tema ‘Como crescer com saúde’, estabelecendo as relações dos hábitos saudáveis com diversas situações do dia a dia das crianças, para que desenvolvam a autonomia e um senso de autocuidado de forma que alcancem uma percepção cada vez maior de si, contribuindo para um crescimento e um desenvolvimento harmonioso.
Recusa alimentar
Para diminuir a rejeição de alimentos que algumas crianças apresentam, o Colégio Novo Tempo, em Santos (SP) aposta em estratégias lúdicas que promovem o contato com o alimento e o preparo de receitas em sala, para mostrar às crianças diferentes maneiras de consumir um mesmo alimento – como a cenoura que pode ser servida ralada ou cozida e refogada, por exemplo.
Comer alimentos saudáveis na frente da criança, mostrando como são saborosos, pode ajudar a diminuir a recusa alimentar dos pequenos. “A observação favorece a aceitação. Outro ponto é sempre buscar realizar as refeições em ambiente calmo e tranquilo. Variar a preparação do alimento é um ótimo aliado, pode se mudar o corte, a aparência e a textura. Sempre acrescentar um novo alimento ao que a criança já aceita de forma fácil. Essas atitudes podem facilitar muito o trabalho dos responsáveis pela alimentação”, orienta a nutricionista Patrícia Viana Costa, como práticas que podem ser incorporadas por pais e professores.
Cantinas também têm papel importante na educação alimentar
Além das aulas sobre alimentação saudável, é fundamental que as cantinas sigam a mesma premissa, para reforçar a importância da alimentação saudável. “A idade escolar é uma fase de muito aprendizado, inclusive alimentar. Como parceiros da escola, temos um papel importante na criação e manutenção de bons hábitos, pois sabemos o quanto isso poderá influenciar nas escolhas alimentares dos alunos ao longo de suas vidas”, afirma o chef de cozinha Caio Tonello Vieira, proprietário do restaurante do Colégio Itamarati, em Ribeirão Preto (SP).
Ele conta que na escola são servidos somente salgados assados, e há opções de snacks saudáveis como chips de mandioquinha e batata doce. “Além disso, diariamente temos salada de frutas, frutas secas, sanduíches e sucos naturais. Para o almoço, servimos refeições equilibradas, com saladas, arroz, feijão, refogado, duas proteínas e um acompanhamento”, lista Caio. Entre as refeições preferidas dos alunos está a almôndega caseira feita com ingredientes saudáveis e molho de tomate artesanal. A seguir, confira a receita de almôndega caseira e cookies integrais de chocolate.
Receitas para fazer com os filhos
Almôndega caseira
Ingredientes:
1 Kg de patinho moído
2 ovos inteiros
1 colher de sopa de farinha de trigo
1 colher de sopa de farinha de rosca
2 cebolas
10 gramas de sal
Salsa e pimenta do reino a gosto
Modo de Preparo:
Junte a carne moída com as cebolas raladas. Adicione os ovos, as farinhas, a salsa, a pimenta e o sal. Confira o tempero. Faça bolinhas de aproximadamente 30 gramas. Passe óleo sobre as almôndegas. Asse em assadeiras forradas com papel alumínio untadas com óleo por 20 minutos, a 180°C, ou até que fiquem douradas. Também pode fazer em fritadeiras elétricas sem óleo.
Molho de Tomate Caseiro
Ingredientes:
1,5 KG de tomates maduros
15 gramas de sal
2 colheres de sopa de azeite
2 cebolas
3 dentes de alho fresco
1 cenoura
Orégano a gosto
Modo de Preparo:
Lave e parta os tomates ao meio. Descasque as cenouras e pique grosseiramente.
Cozinhe por 30 minutos ou até que estejam macios. Bata no liquidificador e peneire para tirar as sementes.
Refogue a cebola ralada e o alho amassado no azeite. Adicione o orégano e deixe apurar por pelo menos 2 horas.
Você pode guardar o molho em potes de vidros e congelar por até 3 meses.
Montagem do prato:
Coloque as almôndegas assadas em uma travessa, adicione o molho de tomates e moçarela e leve para gratinar. Sirva com saladas, legumes assados e arroz integral.
Cookie integral de chocolate
Ingredientes:
1 ovo
1/4 xícara de açúcar mascavo ou demerara
2 colheres de sopa de mel
1/2 xícara de manteiga derretida
1 xícara de aveia em flocos finos
1 xícara de farinha de trigo integral
2 colheres de sopa de cacau em pó 100%
1 colher de chá de fermento químico
Modo de Preparo:
Bater no liquidificador o ovo, açúcar e manteiga. Despeje a mistura em um recipiente e misturar os secos. Mexa bem. Acrescente mais farinha de trigo integral ou aveia em flocos finos até dar ponto de não grudar na mão. Molde no formato desejado e leve ao forno pré-aquecido a 200 graus por cerca de 10 a 12 minutos para ter um cookie fofinho.