Às vezes, com a melhor das intenções, dizemos aos filhos que eles são muito inteligentes. Embora possa parecer positivo, esse tipo de elogio pode gerar um efeito contrário, causando insegurança e receio de não corresponder às expectativas.
A inteligência não é uma característica inata, mas sim que pode ser desenvolvida. Uma criança inteligente tem, não só conhecimentos acadêmicos e habilidades cognitivas, mas também sociocomportamentais. Entre elas, quais empatia, autonomia, responsabilidade e capacidade de se relacionar bem consigo mesmo e com os que estão ao seu redor.
“Muitos pais fazem elogios ou comentários destacando a inteligência da criança, na tentativa de enaltecê-la, mesmo quando não tem um bom desempenho. No entanto, se ela enfrenta alguma dificuldade ou percebe que não atingiu o esperado, pode ficar com medo de decepcionar os pais”, explica Carol Garrafa, especialista em neurociência e CEO da Santé. Nesse contexto, é comum que a criança finja que conseguiu atingir o desempenho apenas para que os pais não descubram que ela não é capaz e deixem de amá-la, comenta Carol.
Ela ressalta que muitos adultos que sofrem com a síndrome do impostor – pensamento que leva as pessoas a duvidarem de si mesmas e acharem que são uma fraude – podem ter tido problemas na infância, relacionados a esses elogios equivocados feitos por pais, tios, avós e professores.
O mais indicado, orienta a especialista, é elogiar o esforço, para que a criança sinta-se motivada a alcançar seus objetivos por conta própria, o que a ajuda a construir uma autoconfiança mais sólida e baseada na realidade e na sua zona de controle e influência.
“Quando falamos sobre esforço, estamos destacando algo que a criança escolhe e controla— o quanto se dedica. Já a inteligência não depende diretamente dela. Dizer ‘nossa, como você é bom nisso!’ é diferente de ‘como você se esforçou para conseguir isso!”, aponta a especialista.
Quando a criança é elogiada pelo empenho, aprende que suas conquistas são fruto do trabalho e da persistência, e não apenas de uma habilidade natural. “Valorize o empenho, a dedicação e a superação. Ensine às crianças que é o processo, e não a perfeição, que as faz crescer”, orienta Caroline.