A quarentena provocada pela pandemia de coronavírus tem deixado muita gente preocupada em relação a dinheiro. Com estabelecimentos fechados e trabalhadores em casa, o impacto da doença sobre a economia já é percebido. Para não passar sufoco, famílias terão que reduzir os gastos. Nessa situação, os pais podem se perguntar: o que fazer com os pequenos? Dinheiro e crianças devem se misturar? Como tratar o assunto com elas?
O consultor e educador financeiro Carlos Eduardo Costa afirma que o isolamento social, o fechamento do comércio e a suspensão de serviços já estão afetando muitas famílias brasileiras, que veem suas receitas diminuindo e ficam apreensivas com um futuro financeiramente duvidoso. Embora possa parecer que dinheiro e crianças são assuntos muito distantes, ele diz que os filhos também têm que ser envolvidos nas conversas sobre as despesas domésticas.
Aproximando dinheiro e crianças
“As crianças fazem parte da casa e participam ativamente da vida financeira de uma família”, defende o consultor. Carlos Eduardo salienta que a análise e as decisões competem aos adultos, ou seja, quem efetivamente cuida da gestão da família e do orçamento. Mas ele também fala que é importante conversar com os filhos sobre o tema. Para isso, é necessário levar em conta a maturidade de cada criança e usar uma linguagem adequada, compatível com a sua idade.
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Crianças mais velhas ou adolescentes podem participar do processo de busca de alternativas para a diminuição de gastos. Pais e filhos devem pensar juntos, por exemplo, que despesas possuem e quais delas não são essenciais e podem ser cortadas. “Se a criança não quer deixar de pedir aquela pizza que ela pedia e não quer que você diminua o número de canais da TV a cabo, isso é natural”, afirma. “Cabe a você explicar que isso vai ser durante um tempo, até que as coisas melhorem”. O importante, diz ele, é aproximar dinheiro e crianças e envolver os pequenos nesse processo para que façam parte do planejamento financeiro da família.
Dicas para os pais: como diminuir o impacto econômico da pandemia
Carlos Eduardo aponta: a família deve sentar, levantar todos os custos e listar as despesas que podem ser diminuídas, temporariamente suspensas ou mesmo canceladas. Ou seja: planejar. “Quanto menores forem as despesas, menor será o desafio de gerar essa receita. E trabalhadores autônomos têm de buscar alguma alternativa de renda”, aconselha. Um motorista de aplicativo, por exemplo, pode pensar em realizar entregas. “Por que não oferecer os seus serviços para fazer um delivery de farmácias, restaurantes e supermercados que continuam abertos e podem atender a população? É uma alternativa de renda para esses autônomos”, sugere.
O consultor financeiro aponta que a grande dificuldade no momento é a incerteza, pois não sabemos por quanto tempo teremos isolamento social, com lojas e outros negócios fechados. Quanto mais tempo durar, maior o impacto econômico na vida de todos e mais profundos precisarão ser os ajustes. A adequação do orçamento deve ser feita por cada família baseada em um diagnóstico de suas finanças e suas necessidades. “Se, por exemplo, o orçamento apertou, é preferível, dentro dos valores daquela família, abrir mão de alguma coisa”, recomenda. “Cada família precisa ver quais são as suas prioridades e tentar garantir a manutenção daquilo que é mais importante”.
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Segundo o consultor, trabalhadores assalariados têm, a princípio, uma garantia da manutenção do seu salário nos próximos meses. E, por isso, ele vê como alternativa para diminuir o impacto econômico que eles continuem pagando seus prestadores de serviços do dia a dia: a faxineira, o personal trainer, a pessoa que passeia com os cachorros. “Mesmo que a efetiva prestação do serviço venha a acontecer no futuro. É uma alternativa para minimizar todo o prejuízo da pandemia. Para quem é assalariado e pode, é uma ação extremamente importante e com impacto social grande”, defende.
“É importante a sociedade como um todo entender seu papel de minimizar os efeitos desta pandemia.”
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Impacto econômico X preservação da saúde
Carlos Eduardo ressalta que “se imagina que o governo esteja planejando alguma coisa que dê flexibilidade às empresas nos próximos meses, para uma flexibilização de jornada e de salário”. Por isso, ele alerta: mesmo os assalariados precisam ter um plano B ou fazer algum tipo de planejamento. “Até mesmo porque algumas empresas, mesmo de médio porte, podem não sobreviver a todo esse caos”, alerta.
Mas ele também destaca: o mais importante neste momento é a preservação da saúde. “Óbvio que a questão financeira é importante, é fundamental que as pessoas conversem em casa e planejam ações, mas o foco agora é nos preservar, conter essa pandemia, porque de nada adianta ter uma vida financeira positiva se a gente não puder usufruir disso”, opina. Para ele, a situação que vivemos pode trazer questionamentos. “Pensando em fazer do limão uma limonada, até se pode aproveitar para refletirmos sobre o nosso modo de vida hoje, sobre a questão do consumo, nos questionarmos se precisamos de tanto”, finaliza.
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