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Filho é tudo igual?
Quem aqui nunca disse “eu amo meus filhos do mesmo jeito”? É muito comum ouvir mães e pais falando: “Aqui em casa trato todos iguais!” “O que eu dou pra um eu dou para o outro!” “Não existem diferenças!” Mas, definitivamente um filho não é igual ao outro! E se há diferenças, como o exercer a parentalidade pode ser igual para todos?
Cresci em uma família assim: quatro filhas e pais que se esforçavam para dar tudo igual para elas. Imaginem a cena: almoço de domingo com macarronada na mesa e uma garrafa de coca-cola! Sou da época em que refrigerante era só no final de semana e abrir uma garrafa era quase um evento.
Agora imagine as quatro crianças com os olhinhos brilhando esperando a vez de encherem seu copo. O que aconteceria se uma ganhasse mais que a outra? Resmungos, choros, brigas….
Então o que meus pais faziam? Enfileiravam os quatro copos, um bem ao lado do outro e colocavam exatamente a mesma quantidade em cada copo. E reinava a paz!
Agora, vamos trocar a coca-cola por afeto, atenção, carinho, limites, apoio, validação, incentivo, contato físico, tempo junto, orientação ou qualquer outra coisa que sabemos que nossos filhos precisam.
Será que nesse caso, funcionaria encher os copos exatamente na mesma medida? Meus pais infelizmente não sabiam disso, mas a resposta é não! Um filho não é igual ao outro, e não estou falando das diferenças do lado de fora, estou falando do lado de dentro.
Cada criança nasce com um temperamento e ele é determinado geneticamente. É como se fosse o jeitinho da criança: mais tímida ou mais extrovertida, insegura ou corajosa, calma ou agitada.
Crianças com temperamentos diferentes não precisam receber na mesma medida, precisam receber na medida da sua necessidade.
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É importante os pais saberem que as diferenças surgem nas crianças desde bem novinhas, quanto à maneira como reagem ao que< acontece e quanto a sua capacidade de autorregulação. Isso significa que aquelas com temperamentos diferentes não precisam receber na mesma medida, precisam receber na medida da sua necessidade.
Uma criança ansiosa, insegura, precisa receber mais apoio, validação, orientação e incentivo que uma criança ousada, auto confiante, corajosa e aventureira.
Uma criança mais, agitada, agressiva, opositora, precisa receber mais limites que uma criança, passiva e calma.
Uma criança mais carente, insegura precisa de mais palavras de afeto, toque, colo e de mais atenção.
Mas muitos pais não sabem disso e tentam encher os copos na mesma medida. Cada vez mais, as pesquisas e estudo mostram a importância de capacitar pais e cuidadores a identificarem e perceberem os diferentes temperamentos dos filhos para assim, conseguir entregar a cada um na sua individualidade, o que ele realmente precisa.
Você pode estar se perguntando: e como eu faço isso?
Observe seus filhos! Converse com o seu parceiro /sua parceira o que cada um observa, identifica e reconhece do temperamento deles. Anotem, escrevam, desenhem, construam juntos um mapa, um modelo do seu filho. Ficará muito mais fácil conseguir dar a cada um deles o que eles precisam e viver o amor sob medida.
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Patricia Nolêto
Patrícia Nolêto de Campos, é mãe da Clara, 5 anos. Psicóloga, palestrante, especialista em Terapia Cognitivo Comportamental, trabalha há mais de 19 anos com psicologia clínica com atendimento a adultos crianças, adolescentes e pais. Desenvolveu workshop de Treinamento de pais e Treinamento de Educadores e ferramentas terapêuticas que facilitam a regulação emocional das crianças. Saiba mais em http://www.patnoleto.com.br
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