Por que mesmo em quarentena, isoladas, crianças continuam contraindo doenças contagiosas?

Pais podem achar que, sem contato com outras crianças, os filhos não ficarão doentes - mas não é bem assim

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Mãe olha termômetro e cuida de criança doente; imagem ilustra matéria sobre crianças doentes na quarentena.
Infecções podem ser causadas por germes que já vivem no nosso organismo e acabam no lugar errado na hora errada
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O isolamento social por causa da pandemia do novo coronavírus tirou das crianças o contato com coleguinhas da sala de aula, primos, vizinhos, etc. Como é comum que doenças contagiosas sejam transmitidas pelo contato entre os pequenos, principalmente nas escolas, os pais podem ter pensado que as crianças não ficariam doentes durante esse período de quarentena, já que estão isoladas. Afinal, da onde viria a doença? Mas não é bem assim que acontece. 

Em uma reportagem do jornal The New York Times, relatos de pais mostram que as crianças continuam ficando doentes na quarentena. Segundo a matéria, isso pode ocorrer porque muitas infecções são causadas por germes que vivem naturalmente no organismo humano e que, às vezes, vão parar no lugar errado. “Por alguma razão, esses organismos podem alcançar o fundo da garganta, podem chegar à corrente sanguínea, podem entrar em aberturas da pele e você pode se infectar, mesmo quando você não está em contato com outras pessoas”, disse a médica Yvonne Maldonado, em entrevista ao jornal. Ela é especialista em doenças infecciosas pediátricas na Universidade de Stanford.  

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Um dos relatos de pais na matéria é da Karen Benavidez, que mora no estado da Flórida, nos Estados Unidos. Ela percebeu marcas no rosto de sua filha de três anos quando a criança já estava em quarentena havia dois meses. Quando uma vizinha disse que parecia ser impetigo, infecção cutânea altamente contagiosa, ela levou a criança ao pediatra. “Eu estava esperando ter uma primavera (do hemisfério norte) mais saudável que o normal, já que estávamos todos em casa e sendo tão cuidadosos”, disse Karen ao The New York Times. “Eu não conseguia entender como ela poderia ter sido exposta”, afirmou ela. 

A dúvida de Karen foi explicada pelo pediatra: as bactérias que causam impetigo, tipicamente Staphylococcus aureus ou Streptococcus pyogenes, podem viver nos narizes das pessoas e infectar a pele por cortes ou arranhões. Infecções de ouvido, pneumonia, furúnculos e infecções do trato urinário também podem ser causados por bactérias que vivem no próprio organismo mas migram para o lugar errado. 

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A reportagem também aponta outro motivo para que crianças fiquem doentes durante a quarentena: o período longo de incubação de algumas infecções e infestações – ou seja, demora um pouco desde que a criança foi exposta até que ela comece a apresentar sintomas. Sarna, por exemplo, pode ter um período de incubação de até oito semanas. Até mesmo uma infestação de piolhos pode demorar a aparecer: normalmente, um ou dois migram para uma “nova cabeça” e leva de 20 a 25 dias para que essa cabeça esteja infestada de piolhos adultos. Além disso, as crianças podem nem perceber que têm piolhos por um período de até seis semanas. 

Pais que saem de casa também são citados pela reportagem como um dos possíveis motivos para que as crianças fiquem doentes na quarentena. Indo ao mercado, por exemplo, os pais podem ser expostos a vírus e bactérias, que eles podem trazer para seus filhos em casa. Os adultos também podem transmitir vírus de infecções que tiveram anteriormente, como acontece com a roséola, doença que causa febre alta e irritação cutânea: o vírus que causa a doença fica dormente nas células depois da recuperação, podendo ser reativado periodicamente, especialmente quando a pessoa está sob estresse. Quando isso ocorre, os adultos podem infectar as crianças.  

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Ainda assim, segundo a reportagem do jornal, médicos dizem que estão atendendo menos pacientes doentes no geral, especialmente menos pacientes com doenças infecciosas. “O distanciamento social e quarentena funcionam de maneira ampla e eficaz para prevenir muitas coisas que, de outra forma, aconteceriam quando as crianças se reúnem”, explica Brad Sobolewski, médico pediatra do Cincinnati Children’s Hospital Medical Center. 

Mas o fato de que há menos atendimentos também pode apontar uma outra situação que acontece por causa da pandemia: muitas famílias, com medo do novo coronavírus, não levam as crianças ao médico e apenas esperam e torcem para que elas melhorem sozinhas. Os médicos, portanto, não têm conhecimento de todas as formas em que as crianças estão ficando doentes na quarentena. Até mesmo considerando ligações aos médicos e telemedicina, que aumentaram, alguns pediatras afirmam que o contato com os pais durante a pandemia caiu de modo geral. 

Leia a matéria completa no site do The New York Times

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