O que fazer quando a criança é mordida por um cachorro?

Segundo especialistas, crianças nunca devem ser deixadas sozinhas com os pets, pois mesmo se dóceis, eles podem se tornar agressivos quando se sentem ameaçados

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O que fazer quando a criança é mordida por um cachorro?; criança assustada gritando para um cachorro
Se o cachorro mostrar os dentes, lamber o focinho ou deixar o maxilar rígido, as crianças devem ser afastadas do animal
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As crianças normalmente têm um afeto natural pelos pets, mas podem acabar se colocando em risco ao tentar abraçar ou mexer com animais desconhecidos, principalmente as menores de cinco anos, que ainda não têm noção do perigo. Qualquer cachorro pode morder, mesmo os que são mais dóceis e amigáveis podem se tornar mais agressivos caso se sintam ameaçados. Segundo dados do Hospital Infantil Sabará, em São Paulo, o número registrado de ferimentos por mordida de cão é significativamente maior em crianças do que nos adultos. Portanto, é importante lembrar que elas não devem ser deixadas sozinhas com um cachorro.

A boca dos cachorros pode conter mais de 300 tipos de microrganismos, como bactérias, fungos, vírus e protozoários. A maioria dos casos de mordedura não se tornam infecciosos pelo fato de o sistema imunológico humano ser bastante competente. No entanto, é possível que a mordida gere lesões inflamatórias e infecciosas na pele, músculos, nervos e ossos. Óbitos e internações são raros, mas podem acontecer, de acordo informações fornecidas pelo setor de pediatria do Hospital Sabará.

As extremidades do corpo, como mãos, braços e pernas da criança, são os locais mais propensos à mordida do cachorro, pois é comum utilizá-los como método natural de defesa. Também podem ocorrer mordeduras no rosto, o que é mais preocupante e devem ser tratadas com ainda mais cuidado.

Existem quatro tipos de lesões possíveis: arranhões, perfuração, dilaceração e esmagamento. No caso de cortes mais profundos, há o risco de afetar nervos e tendões, haver infecção da articulação e, em casos mais graves, pode-se atingir a parte óssea.


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Primeiros cuidados com as crianças

Embora as feridas mais profundas tragam maiores riscos, as lesões leves, com arranhões superficiais e sem hemorragias também podem causar infecções. Os ferimentos menores não devem ser ignorados e podem requerer atendimento médico. Confira os procedimentos que devem ser adotados para diminuir os riscos de infecções caso a criança levar uma mordida de cachorro, de acordo com Carlos Junichiro Amino, especialista em Pediatria e Puericultura pela Sociedade Brasileira e Paulista de Pediatria.

  • Limpar o local com água e sabão e desinfetar com álcool ou soluções iodadas, imediatamente após a agressão;
  • Estancar o sangramento com curativo;
  • Verificar a situação vacinal da criança que recebeu a mordida. Ela deve ter tomado as doses correspondentes para a idade da vacina antitetânica, pelo menos, há 10 anos;
  • Buscar atendimento médico. Na capital de São Paulo: Instituto Pasteur ou prontos-socorros. No interior: centros de saúde ou prontos-socorros

O perigo da Raiva

As mordidas de cães ocorrem com bastante frequência. Segundo pesquisa do Centro de Controle de Doenças dos Estados Unidos (CDC), aproximadamente 4,7 milhões de pessoas no país são vítimas de mordidas de cachorro todo ano, com cerca de 800 mil desses casos necessitando de cuidados médicos mais acentuados. Porém, a questão mais preocupante quando se fala de mordeduras é a Raiva, doença viral infecciosa que acomete o ser humano de forma quase sempre fatal, e afeta tanto animais domésticos como selvagens. O vírus é transmitido pela saliva e pode ter sintomas como febre, dor de cabeça, salivação excessiva, espasmos musculares, paralisia e confusão mental nos humanos.

No Brasil, foram notificados mais de 500 mil mordeduras com necessidade de atendimentos antirrabáticos, de acordo com dados da Secretaria de Vigilância em Saúde, com base em registros do Sinan (Sistema de Informação de Agravos de Notificação) entre 2009 e 2013. Este número envolve ataques de animais silvestres, como morcegos e raposas, porém, mais de 90% dos casos de raiva humana ocorrem através da mordida de cães não vacinados. Esta doença é bastante controlada, por isso, é fundamental que os donos vacinem seus cachorros contra a Raiva.

Segundo o médico Carlos Amino, quando o animal agressor for cão ou gato, deve-se observá-lo durante 10 dias, para identificar qualquer sintoma sugestivo de raiva. Caso o cachorro não tenha vacinação antirrábica em curso, pode ser necessário quarentena ou mesmo sacrificá-lo.


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Como evitar que a criança seja mordida

Acidentes acontecem, mas existem alguns comportamentos que podem evitar mordeduras de cachorros. “Assim que o cãozinho chega em casa já é o momento de iniciar o adestramento, o ideal é que seja a metodologia positiva”, explica Paola Lopes, adestradora comportamental positiva. Segundo a especialista, o cachorro sempre deve ser tratado com carinho e respeito. Os treinos devem ser educativos e jamais agressivos, ajudando a família a encontrar a melhor forma de se comunicar com o cão. “Assim é possível antecipar qualquer problema que possa surgir, por entender cada sinal que o cão expressa”, completa Paola Lopes.

Quando as crianças estão com pets desconhecidos, é preciso respeitar os limites do animal e tomar alguns cuidados perto deles.

Confira algumas dicas da adestradora para evitar o ataque de um cão:

  1. Nunca tocar em um cachorro antes de perguntar ao dono se pode;
  2. Não tocar na cabeça, optar sempre em tocar no peito, onde o cão tenha mais visão de onde sua mão está;
  3. Se o cão quiser interação ele virá até você, vai pular ou lamber, caso contrário, evite enfiar a mão no focinho, isso pode ser gatilho para ele;
  4. Antes do cão expressar os comportamentos que conhecemos, como mostrar os dentes, latir, rosnar e atacar, ele fala muito através de expressões corporais. Lamber o focinho, maxilar travado, corpo rígido, orelhas para trás sinalizando medo, virar a cabeça para o lado, deixando os olhos em meia lua e recuar são sinais para parar a interação.

Como parar o ataque do cachorro

De acordo com Paola Lopes, a forma de parar o ataque varia muito em relação ao porte do cão e muitas vezes ele não solta com facilidade. Existe uma técnica eficaz para a pessoa parar o ataque do cachorro sem levar uma mordida também, conseguindo livrar a criança. “Em geral, pode pegar as patas traseiras sem feri-lo, com a intenção de fazê-lo perder o equilíbrio. Então, segurar na altura do joelho do cão para tirá-lo do chão e girar o quadril. Dessa forma, ele fica instável e solta. Por último, puxe o cão para que a criança possa sair daquela situação”, explica a adestradora.

O que fazer com o cachorro que mordeu a criança

“Se o cão chega ao ponto de sentir a necessidade de morder a criança, significa que ninguém está respeitando os limites que ele está colocando e ele não viu outra opção para que aquele tipo de interação pare imediatamente”, diz Lopes. Caso o cachorro atinja este nível de estresse e parta para a mordida na criança, a adestradora destacou que é fundamental que ele não seja agredido. “Isso pode gerar mais incômodo pela presença da criança no ambiente e aumentar a oportunidade desse cenário acontecer novamente. Quando punimos o cão ao invés de aumentar seu repertório de comunicação estamos apenas extinguindo comportamentos sem ensinar a maneira que queremos que ele interaja”, relata.

Após o ataque, o cachorro deve ser contido e separado do local. Os donos devem fornecer informações sobre a vacinação mais recente de seu cão contra a raiva. Para que o evento não se repita, Paola Lopes recomenda buscar um adestrador capacitado para intervir e treinar o cão corretamente. (Colaborou Juliana Florido)


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