Seu filho não quer brincar sozinho? Saiba como ajudá-lo

Conseguir brincar sem a ajuda de adultos pode ser um desafio para muitas crianças. Porém, a atividade é importante para o desenvolvimento e deve ser incentivada

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Menino brincando sozinho de trenzinho de madeira no chão, umas das atividades que pode ser feita para incentivar a criança a brincar sozinha
Especialistas afirmam que brincar sozinho é capaz de desenvolver habilidades como autonomia e independência
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Quando os pais e responsáveis brincam com as crianças, existem inúmeros benefícios para o desenvolvimento do pequeno, principalmente quando se fala do lado emocional. Entretanto, por mais positiva que a presença dos pais seja, o ato de brincar sozinho também é importante, pois promove o desenvolvimento de outras habilidades, como independência e autonomia. 

Apesar disso, muitas crianças têm dificuldade em se divertir sozinhas, para montar suas próprias brincadeiras e imaginar situações – o que acaba “sobrando” para os pais, que são procurados com frequência. E isso prejudica também os próprios pais, que ficam sem esse tempinho livre para fazer outras coisas, como as atividades de rotina e do trabalho. 

Parece que não existe a brincadeira se você não estiver junto. Às vezes ele se distrai com o desenho, mas não por muito tempo, porque ele quer que você assista com ele. Fica falando: ‘você viu, mamãe? Viu o que aconteceu no desenho?’. Isso demanda muito que a gente esteja junto, parece que ele não imagina uma brincadeira se a gente não estiver com ele”, conta Laila Dietrichkeit, sobre seu filho Tomás, de 3 anos. “E a gente fica com sentimento de culpa de não conseguir brincar junto, mas é o tempo todo esse pedido, não tem como”, conclui. 

De acordo com Laila, o isolamento social por causa da pandemia de coronavírus intensificou essa dependência. “Antes a atenção dele era dividida. Ele ia para a escola, brincava no playground do prédio com outras crianças. E com a pandemia, ele passou a exigir a nossa atenção para tudo. Como estamos trabalhando de casa, isso acaba dificultando a rotina também”, conta.

Uma das maneiras de tentar driblar a questão durante a pandemia, de acordo com Laila, foi comprando novos brinquedos. “Ele se distrai com o brinquedo novo, mas é pouquíssimo tempo. Não dá uma semana, ele já cansou daquilo. A gente foi comprando brinquedo para ocupar a atenção dele. Mas já vou dizendo que não funciona (risos)”.

A boa notícia é que é possível resolver a situação. “O brincar sozinho é uma habilidade que precisa de um treinamento, é um hábito que se adquire. É bom que esse incentivo comece cedo, mas que comece com paciência, aos poucos”, explica Miriam Hallake, psicóloga com Especialização em Terapia de Família.

“O brincar sozinho é uma habilidade que precisa de um treinamento, é um hábito que se adquire”, diz Miriam Hallake


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A importância de brincar sozinho

Saber brincar sozinho é tão importante quanto brincar acompanhado, seja com os pais ou com outras crianças da mesma idade. De acordo com as especialistas, é possível desenvolver habilidades importantes como autonomia, independência, criatividade e imaginação. 

“Brincar sozinho é a oportunidade de escolher como agir, se vai ser o vilão, o mocinho… qual a história da brincadeira. É exercício de avaliação, de decidir, de fazer escolhas, de criar situações”, explica Marília Forgearini Nunes, doutora em Educação e coordenadora do Programa de Extensão Universitária “Quem quer brincar?”, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Segundo ela, fazer tudo isso ajuda no desenvolvimento da autonomia e da independência, habilidades importantes para o resto da vida.

Além disso, Miriam explica que quando a criança não brinca sozinha, ela acaba se tornando muito dependente da opinião dos outros e se torna uma pessoa que sempre deixa que os outros escolham, por exemplo. “Isso porque ela não tem o hábito de dizer o que pensa, não tem autoconfiança para isso, ela precisa saber o que o outro está pensando sobre”. 

“Por que meu filho não quer brincar sozinho?”

A dificuldade de brincar sozinho, segundo especialistas, acontece principalmente dos 3 aos 7 anos, mas é possível notar isso desde os primeiros anos de vida. Dessa forma, também é possível incentivar a habilidade desde bebê, quando já se nota essa dificuldade da criança. 

As crianças não são iguais, cada uma tem suas características. Algumas são mais extrovertidas, gostam mais de liderar e escolher as brincadeiras, e outras são mais reservadas. Isso depende muito da criança e do adulto e da relação que se estabelece na rotina da casa”, explica a psicóloga.

E Laila consegue notar essa diferença dentro de casa. Além de Tomás, ela também é mãe de Otto, de quase um ano, que já mostra sem mais independente na hora de brincar sozinho. “Com ele acredito que não vamos ter esse problema, ele já fica muito bem com os brinquedos, demanda muito menos”, conta. Com Tomás, a história já era diferente: “Ele sempre demandou muito, não queria ficar sozinho para nada. Nem assistir desenho, nem coloria, nada”, relata.  


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O que pode prejudicar

De acordo com a psicóloga, é importante entender a personalidade de cada criança para perceber se será necessário incentivar ou não o ato de brincar sozinho. Entretanto, existem alguns pontos que podem estar criando essa dependência e que merecem atenção. Um deles é o uso de telas. 

“A televisão, por exemplo, é um entretenimento com estímulos prontos. A criança não precisa reagir criando nada, dando opinião nenhuma ou imaginando coisas novas. Está ali só recebendo. Quando ela for criar um personagem na própria brincadeira, ela vai perceber que aquilo dá trabalho e vai pedir ajuda ou atenção”, explica Miriam. Essa ideia também se enquadra no caso de brinquedos que exigem pouca participação, como os mais “tecnológicos”, por exemplo. 

Segundo a especialista, é importante priorizar brinquedos passivos, que não entreguem o divertimento pronto, e que estejam de acordo com o interesse e a habilidade da criança. “Às vezes os pais querem dar um jogo ou quebra-cabeça que demora para ser feito, pensando que isso vai prender a atenção da criança. Mas se for difícil de fazer, o resultado vai ser o oposto”, complementa. 

Nem sempre é fácil controlar o uso de telas, principalmente em momentos de isolamento, por isso Marilia diz que é muito importante que o uso das telas seja mediado e conversado com a criança. “É legal pensar se é possível recriar aquilo que está na tela de maneira física, trazer para o cotidiano. (….) É difícil falar de proibir totalmente pois todos nós estamos inseridos nessa realidade com telas, ainda mais agora. Então também é importante observar o que está sendo feito, como a tela está sendo utilizada”. 

Apesar das telas poderem ser a razão para essa dificuldade, outros pontos também podem ser citados: se os pais trabalham fora e têm pouco tempo de brincar com a criança, se o local destinado à brincadeira não é atrativo ou se os brinquedos não são destinados para a idade dela ou não correspondem ao seu interesse.


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Como ensinar a criança a brincar sozinha

A tarefa não é fácil nem para os pais nem para as crianças e, como Miriam destacou, é uma habilidade que exige treino. Por isso, os pais e responsáveis precisam estar abertos a tentar mudar essa realidade aos poucos. Mas como fazer isso? 

“Não é da noite para o dia que a mãe vai falar: ‘hoje resolvi que meu filho vai brincar sozinho’. Isso tem que acontecer aos poucos”, comenta Miriam. Segundo ela, em um primeiro dia, a mãe pode sugerir uma brincadeira e pegar os materiais, mostrando que ele pode brincar com aqui. “Ele não vai querer no início, mas é legal  insistir para que ele faça sozinho. Talvez o adulto possa fazer no começo e a criança o restante. (…) O pai ou a mãe tem que ajudar a criança a pensar e resolver aquilo, mas não fazer por ele”. 

As especialistas também passaram outras dicas para incentivar as crianças a desenvolverem suas próprias brincadeiras:

1. Brincar todos os dias um pouco, em tempo determinado

Pode parecer contraditório, mas não é porque a criança precisa brincar sozinha que essa deve ser a regra. “Não é bom também que a criança só brinque sozinha ou só brinque com o adulto. O equilíbrio é a melhor coisa”, explica a psicóloga. 

Por isso, uma dica é ter um momento de brincar com a criança inserido na rotina, fazendo com que ela acostume e saiba que todos os dias ele vai ter essa interação. Assim, ela saberá diferenciar os momentos de brincar junto ou brincar sozinho. 

2. Sugerir a brincadeira

“O papel dos pais é sugerir a brincadeira. Se a criança gosta de brincar de carrinho, por exemplo, o adulto pode ajudar a montar a pista e depois falar que vai fazer tal tarefa mas que logo já volta. É importante, no começo, indicar que vai retornar logo. Na próxima vez, ela pode falar que vai em outro lugar. E assim por diante”, diz Miriam. 

Iniciar a brincadeira junto com a criança é uma das principais dicas, pois, segundo as especialistas, a criança não sabe como brincar, como criar a situação e como utilizar o que tem para se divertir sozinho. Com a ajuda dos pais, isso se torna mais fácil e pode ser feito sem ajuda no futuro. 


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3. Deixar brincar por perto

Muitas vezes, a necessidade da criança está em ficar perto dos pais. Eles conseguem brincar sozinhos, mas querem estar no mesmo ambiente. Quando é possível, não há problema em deixar a criança por perto. “Brincar sozinho não é o mesmo que isolar a criança na casa. Ela pode estar fazendo suas próprias brincadeiras sem a ajuda dos pais, mas querer estar próximo”, explica Marília. 

Quando não é possível que a criança fique por perto, os pais precisam perceber se o ambiente destinado para as brincadeiras é realmente atrativo e seguro. Muitas vezes, o local pode estar sempre bagunçado ou com muitos brinquedos e a criança se sente incomodada em ficar por lá. 

4. Dar brinquedos que estimulem a participação da criança

A tela ou os brinquedos tecnológicos não são necessariamente vilões, mas quando a criança já demonstra uma dificuldade para criar as próprias brincadeiras, é interessante buscar alternativas mais passivas. Ou seja, que precisam da ação da criança para a brincadeira acontecer. 

Peças de madeira, de montar, quebra-cabeça, massinha e aquarela são alguns dos exemplos dados pelas especialistas. Desse mesmo modo, também seria interessante diminuir o tempo que a criança fica em frente à TV ou Internet. 


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5. Participar só quando for chamado

Preocupados se a criança está mesmo brincando sozinha, muitos pais podem pecar pelo excesso. Segundo as especialistas, é importante que os pais não interrompam quando notar que a criança está conseguindo brincar sozinha, mesmo que for para elogiar. “Esperar ser chamado é a melhor opção, pois às vezes o adulto pode acabar cortando o fluxo de pensamento, de imaginação, da criança”, explica a especialista em Educação.

O que pode ser elogiado é o esforço. “Falar para o filho, quando ele chamar, que ele está indo bem brincando sozinho e que você reconhece o esforço dele para criar as próprias histórias”, explica a psicóloga. 

Nesses momentos em que são chamados, os pais precisam se mostrar presentes dando orientações, não “resolvendo” a brincadeira para ela ou ir logo brincar junto. Assim a criança vai criando autonomia e pensando em soluções. 

A tarefa, como foi possível notar, não é simples e vai exigir insistência dos pais. Mas o esforço vale a pena, já que contribui com diversos pontos do desenvolvimento. “É importante que os pais entendam que brincar sozinho é uma manifestação do crescer e esse desenvolvimento nem sempre vai ser fácil. Às vezes, para a criança, crescer é difícil mesmo”, complementa a psicóloga.


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2 COMENTÁRIOS

  1. Crianças estão sendo lançadas para o mundo online cada vez mais cedo é por isso que sempre devemos tomar muito cuidado com elas na internet é por isso que instalei o apkhttps://brunoespiao.com.br/espiao-de-teclado no celular dos meus filhos e assim consigo ver tudo oque eles fazem.

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