Várias cidades do país deram início à flexibilização da quarentena. E isso significa que mães e pais que estavam ficando em casa há alguns meses terão que voltar a se deslocar até os seus locais de trabalho. No entanto, a maioria dos estados brasileiros ainda não decidiu uma data para a reabertura escolar e a retomada de aulas presenciais, o que quer dizer que os filhos continuam em casa. Sem escolas e com a recomendação de que os pequenos não mantenham contato com os avós, já que os idosos são um grupo de risco para Covid-19, com quem os pais irão deixar as crianças?
Dados de um estudo da Fundação Getúlio Vargas (FGV), divulgados pela TV Globo, mostram que 44% dos trabalhadores brasileiros cuidam de filhos menores de 14 anos. Com o retorno ao trabalho presencial e as escolas fechadas, 30% terão dificuldades para cuidar dos filhos e quase 14% não terão com quem deixar as crianças.
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A incerteza de mães e pais em relação às crianças e aos seus empregos é uma das consequências da “reabertura”, que trará alterações de rotina para as famílias assim como a quarentena trouxe. Por isso, assim como no início da quarentena, é preciso se adaptar. Neste primeiro momento, em que os adultos são requisitados presencialmente em seus empregos e as crianças continuam sem ter aulas, é possível tentar conversar com o empregador para adaptar o trabalho à realidade que o funcionário está vivendo.
Essa é a orientação do Ministério Público do Trabalho (MPT), segundo reportagem da Globo. O órgão se diz atento à situação de pais que não terão com quem deixar as crianças ao voltar para o trabalho, recomendando justamente a conversa, diálogo entre empresas e trabalhadores, na tentativa de haver uma flexibilização de horários ou de esquemas de trabalho. “Nós recomendamos, de modo geral, que se mantenha esses trabalhadores com responsabilidades familiares em casa, em um trabalho remoto”, afirma à Globo a procuradora Adriane Reis, coordenadora nacional da Coordigualdade do MPT.
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É mais difícil para as mães
Os adultos não têm com quem deixar as crianças e acaba sobrando… para as mães. A tendência é que as mães acabem sobrecarregadas. Historicamente, as mães é que abrem mão de suas carreiras para cuidar dos filhos. Levantamento divulgado pela Catho, realizado em 2018 com 2,3 mil pessoas, indica que 30% delas fazem isso, enquanto, entre os homens, a porcentagem é de 7%.
Além disso, apesar da recomendação do MPT, para as mães, o mercado de trabalho é sempre mais difícil. Estudo de 2017 da FGV, feito com 247 mil mulheres, apontou que, depois de tirar licença-maternidade, quase metade das mulheres perdem o emprego em até dois anos – e boa parte alega ter sofrido hostilidade no ambiente profissional desde a gestação. Há ainda relatos de mães que contam ter tido problemas ou conflitos no trabalho por ter que se ausentar porque o filho passou mal ou por ter que se atrasar por causa de algum problema com o filho.
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