Depois de um ano duro como foi este, estamos todos ansiosos para este momento de véspera de Natal, não é verdade? Afinal de contas, alguma coisa tem que ser boa neste ano, mesmo que não seja tão perto das pessoas que você ama, essa é a hora para esquecer tudo. É quando pensamos: “não quero restrições na ceia de Natal, vou comer de tudo para compensar as dores e dificuldades enfrentadas ao longo do ano”.
Por que será que associamos o Natal à gula? Aprendemos isso, através de gerações. Porque durante milênios os seres humanos sofreram como espécie, grupo social e indivíduo, porque não tinham o suficiente para comer. Até meados do século 19, havia sempre uma dramática deficiência calórica, de modo que ser gordo era considerado positivo. Comer muito e bem era privilégio dos ricos.
Durante séculos, a ceia de Natal não era uma coisa excepcional, existia inclusive o jejum pré-Natal, que servia como preparação para o Natal, um tempo de silêncio, contemplação e retiro espiritual.
Mas nos anos 1950, (conhecido pelo alto consumo de açúcar, carne e álcool), começaram a chegar no mercado produtos que eram difíceis de obter, como a farinha branca e o açúcar, e o consumo foi aumentando e gradativamente o tempo de jejum foi dando espaço para o tempo de comer.
Com isto, as empresas foram se aproveitando para romper com quaisquer mecanismos que regulassem este círculo, contribuindo para que está época fosse a época de comer sem moderação.
O efeito psicológico é para muitas pessoas o seguinte: “Eu faço dieta o ano todo, agora é hora de relaxar, não quero pensar em dieta. Como se está “exceção” fosse uma forma de compensação por todo o esforço do ano. A comida passa a assumir o papel mais importante.
Vivemos em tempos de mudança e incerteza. Tememos pelo presente e pelo futuro, não estamos em condições de suportar tantas crises permanentemente e por isso tentamos a todo custo tornar qualquer evento em algo especial e este algo especial tem a ver com a comida, porque aprendemos que ela é a nossa recompensa, ela está presente nos melhores e os piores momentos. É ela que nos alivia, nos acalma. Na verdade, ela é nossa fonte de prazer.
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“A comida só serve para satisfazer as suas necessidades fisiológicas e não as suas necessidades emocionais.”
O que eu tenho para te dizer é que você precisa ter prazer por outras coisas e não pela comida. A comida só serve para satisfazer as suas necessidades fisiológicas e não as suas necessidades emocionais. E além disto, você não precisa repetir este “aprendizado” para seus descendentes”. Ela pode parar em você. Seu filho não precisa aprender que a comida é a coisa mais importante, que ela acalma, conforta e é a recompensa diante de emoções desagradáveis. Pelo contrário, ele precisa entender que tem que aprender a reconhecer e lidar com suas emoções.
Sei que você deve estar pensando: “Ah mas que difícil isso, não consigo”. Eu posso te dizer que sim, você consegue e eu vou te ajudar.
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Um exercício para fazer antes da ceia de Natal
Dias antes do Natal, comece a pensar em como você se comporta na maioria das vezes durante a ceia. Veja todos os detalhes, você comendo em excesso, bebendo e no dia seguinte repetindo tudo novamente. Agora quero que você pense em como poderia ser diferente o seu comportamento. O que você poderia fazer para mudá-lo. Talvez, você pudesse antes de começar a comer, observar o que tem à mesa para escolher o que de fato gosta e que valha a pena colocar na boca. Talvez, você esteja descansando o garfo e prestando atenção na boa conversa. Você também pode constatar que sentiu o sabor do alimento com mais precisão e notar que nem gosta dele tanto assim, que você comia antes porque estava no piloto automático e nem sentia o sabor. Observe como tudo está mais divertido, mais leve, você não se sente “cheia”, está comendo devagar e saboreando e isto a faz sentir-se muito mais no controle do que quando está comendo e bebendo sem parar. Veja neste momento o que você está pensando, o que está sentindo e principalmente veja a partir deste pensamento, deste sentimento, como está o seu comportamento.
Certamente neste momento você já está com seu comportamento diferente. Quer mantê-lo assim? Então repita este exercício quantas vezes quiser e você verá a mudanças nas suas atitudes. Pode ter certeza que eleas acontecem, só depende de você. Vamos fazer diferente neste Natal? Depois me conte como foi!
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