Lidar com as emoções instáveis das crianças é uma missão desafiadora, ainda mais em época de férias, que as crianças ficam mais ociosas e podem demandar maior atenção dos pais, os quais nem sempre estão disponíveis. As famosas birras tendem a se agravar quando a criança tem seus sentimentos menosprezados e/ou ignorados, lembra a educadora parental Taisa Raphael, autora do livro Ari Encontra a Calma. Ela ressalta a importância de procurar entender a mensagem transmitida por trás do comportamento inadequado, chegando assim mais perto das possíveis causas do desequilíbrio, o que facilita uma conduta respeitosa da situação.
“Validar os sentimentos dos filhos e acolhê-los não significa que concordamos com seus comportamentos. Uma boa maneira de demonstrar isso é afirmando algo como: “Filho, eu estou aqui com você, sei que está frustrado porque queria muito aquilo, eu também fico frustrada quando não consigo algo que quero muito, mas, essa forma de agir não é aceitável”, sugere Taisa.
Segundo a especialista, não há uma receita a ser seguida. Algumas crianças não querem ouvir nada no momento da raiva. Mas mostrar-se presente e tranquilo é um bom caminho para ajudar os pequenos a se acalmarem. “A raiva, como qualquer outra emoção, é legítima. Às vezes, vem como uma onda pequena e, às vezes, como um tsunami. O cérebro infantil precisa de ajuda para atravessar essa onda com segurança”, destaca.
Instinto de sobrevivência
Quando se sentem frustradas, com raiva ou medo, a parte do cérebro responsável pelas atitudes instintivas se sobrepõe à razão e os pequenos só pensam em atacar, fugir ou bater. Dentre as estratégias que ajudam a criança a se tranquilizar, a educadora parental sugere medidas como:
Beber um copo de água;
Contar até dez;
Dançar;
Escutar uma música;
Apertar o travesseiro;
Ler um bom livro;
Ganhar um abraço afetuoso.
“Essas atitudes afetam positivamente o cérebro, liberam hormônios ‘do bem’ e desaceleram o corpo e a mente”. relata.
Todavia, ela reforça que a maior dificuldade para ajudar as crianças a encontrarem o equilíbrio em momentos de raiva está na regulação emocional dos pais e responsáveis. “Adultos desregulados não conseguem inspirar a segurança que elas tanto precisam nos momentos desafiadores.”
Taisa explica que regular-se não é um movimento fácil e rápido, e exige persistência para acertos e erros diários. “A calma precisa transbordar do adulto em momentos de repreensão para que a criança se sinta segura e saia do modo de sobrevivência. Talvez uma ordem de ‘engole o choro’, ou ‘pare de bobeira’ seja mais fácil e resolva instantaneamente o problema, mas a raiva fica guardada lá num cantinho e, em algum momento, volta a dar seus sinais”, comenta a especialista.
De acordo com Taisa, está cientificamente comprovado que educar, tendo em mente as limitações da criança e seus sentimentos, promove a saúde. “Educar respeitosamente é uma decisão difícil porque representa um esforço diário de redescoberta e evolução, mas é o maior ato de amor que pais e mães podem dar aos filhos”, conclui.