Nasce uma mãe, nasce uma culpa. Você provavelmente já ouviu essa frase algumas vezes. Mas você já deve ter ouvido essa outra que diz muito sobre a maternidade: Nasce uma mãe, nasce um checklist?
Alguém já se sentiu assim? Aquela lista infinita de coisas que precisamos fazer que preenche uma boa parte do nosso tempo e dos nossos pensamentos. Uma lista que nunca zera, nunca acaba e que em alguns momentos ocupa mais lugar do que deveria na nossa vida.
Sim, somos responsáveis por nossos filhos! Somos responsáveis pelas necessidades físicas e emocionais deles. Mas muitas vezes eles passam a ser nossa prioridade de tal maneira que esquecemos que também somos responsáveis pelo nosso próprio bem-estar.
Pode parecer algo inofensivo, mas abrir mão de ser responsável pelo próprio bem-estar é entregar as rédeas da nossa vida para outra pessoa. Quando fazemos isso nos tornamos reféns e só ficaremos bem se o outro fizer algo que nos deixe bem.
Muitas vezes, nos entregamos à maternidade e esquecemos algo no meio do caminho: nós mesmas.
Hoje muito tem se falado sobre o autocuidado. Esse movimento é muito importante, mas o autocuidado é um pedaço, uma parte da autoresponsabilidade.
Mas como isso funciona? Autoresponsabilidade começa com o olhar para si mesma, reconhecer suas necessidades. Sei que na correria do dia a dia podemos não perceber o que precisamos ou percebemos e deixamos para depois. Às vezes, um depois que nunca acontece. Aprendemos desde cedo a ignorar sinais de nossas necessidades, começando por aquelas bem básicas: comer, dormir, beber água, ir ao banheiro.
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Faça uma retrospectiva do seu dia e responda:
- Sentiu sede, mas foi terminar o que estava fazendo primeiro para só de pois ir beber água?
- Comeu sem perceber se realmente era fome?
- Acordou e pensou que deveria ter dormido mais cedo ontem?
- Sentiu vontade de fazer xixi, mas ficou segurando até não aguentar mais?
Se você respondeu sim para algumas das perguntas, bem vinda ao time! Sim, também faço isso ao longo do dia. Me perco de mim mesma correndo para suprir as necessidades dos outros. Se fazemos isso com necessidades tão básicas, imagine com aquilo que não é tão obvio assim?
Recebi recentemente pedidos de ajuda de algumas mães que se perderam no meio dessa quarentena. Quando o mundo e a vida está um caos é ainda mais difícil permanecer conectada a si mesmo, né? Quando perguntei como perceberam que não estavam bem, as respostas
foram muito parecidas:
“Estou irritada com as crianças”.
“Grito muito mais que eu gostaria.”
“Choro por tudo.”
“Não estou conseguindo ajudar minha filha quando ela precisa de mim”.
“Quando vejo, já tem três dias que estou com a mesma roupa.”
“Brigo por coisas pequenas.”
“Fiquei dois dias sem tomar banho.”
“Deito na cama e não consigo dormir, por mais cansada que eu esteja.”
“Não faço nada para mim, só para os outros.”
Quando eu perguntei como isso aconteceu as respostas também foram muito parecidas: silêncio, choro, mais silêncio. Expliquei a cada uma delas sobre a autoresponsabilidade e mostrei que elas haviam se perdido de si mesmas no meio do caminho.
Propus dar o primeiro passo para fazer o caminho de volta e começamos por uma lista. Não uma lista qualquer. A tarefa era fazer o checklist do bem-estar.
Nessa lista elas precisavam colocar 20 coisas que elas poderiam fazer por elas mesmas durante o dia. Foi difícil no início, mas apareceram coisas lindas:
Cantar durante o banho.
Olhar o céu.
Tomar um chá quente
Passar hidratante nos pés antes de dormir.
Fazer xixi sempre que tiver vontade.
Tomar café da manhã todos os dias.
Passar perfume para ficar em casa.
Comer morangos ao menos uma vez por semana.
Ligar para uma amiga.
Colocar brincos.
Ouvir música enquanto cozinham.
Acordar sem despertador.
Passar batom, pisar na grama, tomar sol de pijama na varanda.
Se você também está perdida, um mapa pode mostrar o caminho. E como VOCÊ tem as rédeas do seu bem-estar, pare por cinco minutos e faça o seu checklist. Será o primeiro passo para a autoresponsabilidade, para tomar o caminho de volta.
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