Conheça V.E.R.A.: a assistente virtual que contribui para o diagnóstico precoce do autismo

    A co-fundadora Andressa Roveda explica como surgiu a ideia e comenta a importância da ferramenta

    1060
    Autismo em crianças: plataforma contribui para diagnóstico precoce; Ilustração da V.E.RA., assistente virtual da CogniSigns
    Ilustração da V.E.R.A., assistente virtual da CogniSigns / Imagem: CogniSigns
    Buscador de educadores parentais
    Buscador de educadores parentais
    Buscador de educadores parentais

    A confirmação do diagnóstico do Transtorno do Espectro Autista (TEA) é para muitas famílias um desafio, já que os sinais podem ser bem sutis, no caso de um autismo leve, sendo necessário realizar, além da observação clínica, uma análise de comportamento e o uso de questionários protocolados. Porém, sabe-se que quanto antes confirmado o transtorno, mais cedo será iniciado o tratamento, favorecendo assim o desenvolvimento da criança. Com o intuito de ajudar na identificação do transtorno, a CogniSigns, uma startup de Florianópolis, desenvolveu uma plataforma chamada V.E.R.A. (Virtual Empathic Robot Assistant), que alerta sobre possíveis sinais do transtorno. A ferramenta facilita o reconhecimento do diagnóstico e auxilia profissionais a partir do fornecimento de dados.

    Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), uma em cada 110 pessoas são portadores do TEA, equivalente a 70 milhões. Desse total, entre 2 e 4 milhões estão no Brasil, mas apenas 3 mil (0,15%) são assistidos no país. 

    A análise envolve relato orientado por chatbot, rastreamento ocular, reconhecimento de expressões faciais e reações comportamentais. A plataforma funciona como uma “alegoria tecnológica da mãe”, que interpreta os sinais do filho e consegue saber o que ele está sentindo, segundo Andressa Roveda e Leandro Mattos, co-fundadores da startup – uma empresa de impacto social cujo propósito é erradicar o diagnóstico tardio do autismo no mundo.

    A plataforma utiliza conhecimentos do protocolo mundial para identificar sinais de autismo e os transforma em uma dinâmica de perguntas e respostas que crianças conseguem responder facilmente. Dessa forma, realiza um pré-diagnóstico não invasivo e online, em que a pessoa conversa com um chatbot inteligente e amigável. Caso haja uma suspeita de que o paciente possa ser autista, a V.E.R.A. o encaminha para a segunda etapa do processo. Nesta, ele assiste a um vídeo e, através da própria câmera do computador, são captados os movimentos oculares dele. Após este passo, a ferramenta entrega um relatório aos responsáveis para que busquem um especialista.

    Andressa e Leandro explicam que que a V.E.R.A. foi feita com o objetivo de democratizar o acesso à triagem e ao tratamento do autismo. A ideia surgiu em 2017, quando Andressa, que é psicóloga, disse que gostaria de aplicar a tecnologia e os conhecimentos que dispunham no laboratório de neurociência em prol da causa autista. “A partir daí, passamos a nos dedicar a entender as dificuldades globais do autismo e em como poderíamos ajudar de uma forma disruptiva e diferente de tudo o que existia até o momento”, conta a co-fundadora. Para isso, investiram em uma ferramenta que fizesse um scanner humano e que pudesse ser acessada digitalmente. A V.E.R.A. foi lançada em 2019.


    Leia também: Autismo: vídeos ensinam pais a trabalhar estímulos e habilidades nas crianças com o transtorno


    Quais são as vantagens da V.E.R.A.?

    A V.E.R.A. foi desenvolvida para ajudar não só crianças, mas adolescentes e adultos também. Segundo Andressa, uma das principais vantagens da plataforma é que, ao menor sinal de suspeita, parentes, professores, profissionais da saúde ou mesmo o próprio indivíduo podem realizar a triagem de forma simples e segura. Assim, o paciente consegue se antecipar de uma consulta e dispor de dados, que são enviados por e-mail. 

    “A possibilidade de iniciar as intervenções de forma precoce aumenta as chances de desenvolvimento e de inclusão social”, afirma a co-fundadora. O diagnóstico do TEA pode levar anos, o que interfere no tratamento do paciente. “Existe um processo no desenvolvimento humano, chamado de poda neural, que marca o final da janela de oportunidade para a identificação precoce do TEA”, explica Andressa. Quanto mais cedo o autismo for identificado, melhor será para a criança, pois ela terá a oportunidade de receber as intervenções necessárias, seja através de medicamentos, em relação à fala, à nutrição ou ao social.

    “Todos podem ter acesso à V.E.R.A., ela nasceu para ser utilizada por qualquer pessoa e de qualquer lugar, democratizando o acesso à informação do TEA”, relata Andressa. 


    Leia também: Dia Mundial do Autismo: a importância de se informar sobre o assunto


    Os pais ou responsáveis podem acessar a primeira etapa do processo gratuitamente pelo site da CogniSigns (o site é em inglês, mas tem tradução automática para português). Caso tenham interesse em realizar a segunda etapa da triagem, é necessário pagar. Andressa completa que a V.E.R.A. pode ser utilizada por diversas instituições e organizações: “Escolas e empresas podem solicitar o acesso com o objetivo de identificar e melhorar as estratégias em seus locais para que sejam mais adequadas e mais assertivas”. 

    A CogniSigns também desenvolveu outra ferramenta, chamada EuGênio. Com uma tecnologia semelhante à V.E.R.A., é um chatbot que auxilia no diagnóstico de crianças, adolescentes e adultos com altas habilidades.


    Leia também: Dia do autismo: veja sites que vendem produtos para crianças com o transtorno


    Gostou do nosso conteúdo? Receba o melhor da Canguru News, sempre no último sábado do mês, no seu e-mail.

    1 COMENTÁRIO

    DEIXE UM COMENTÁRIO

    Por favor, deixe seu comentário
    Seu nome aqui