O frio intenso, como visto nos últimos dias em diversas cidades do país, tem acentuado alergias respiratórias como asma e rinite nas crianças. Nariz entupido, coriza, chiado no peito e tosse estão entre sintomas que se agravaram neste período de baixas temperaturas nas regiões sul, sudeste e centro-oeste brasileiro. Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), cerca de 30% da população brasileira têm algum tipo de alergia. As respiratórias são as principais; 25% destas pessoas sofrem com rinite alérgica e 20%, asma alérgica. Apesar de comuns entre os brasileiros, poucos sabem que elas podem se manifestar de diferentes formas.
Segundo a American College of Allergy, Asthma and Immunology, 70% das alergias aparecem antes dos 20 anos. Pensando nos diferentes tipos de alergias e na dificuldade em diferenciá-las, a Canguru News consultou especialistas, que esclarecem as principais dúvidas sobre as mais recorrentes: asma e rinite alérgica.
Asma
Apesar de ser possível que a doença apareça em qualquer idade, seu surgimento é mais comum na infância, sendo que 30% a 80% dos portadores desenvolvem a asma até os 3 anos. Entre eles, de 50% a 65% manifestam os sintomas no primeiro ano de vida. “A asma é uma manifestação pulmonar com base inflamatória, alérgica ou não alérgica. Na asma ocorre uma inflamação das vias respiratórias inferiores que gera estreitamento dos brônquios, chamado de broncoespasmo. Isto causa falta de ar, cansaço e chiado no peito (chamado de sibilância)”, explica Maura Neves, otorrinolaringologista da Associação Brasileira de Otorrinolaringologia e Cirurgia Cérvico-Facial (ABORL-CCF).
“Acredita-se que vários fatores ambientais influenciam o desenvolvimento dessas doenças respiratórias em indivíduos geneticamente suscetíveis. Os agentes que causam esse tipo de alergia são antígenos inalantes em suspensão no ar que penetram no organismo através das vias aéreas. Entre eles estão: poeira, ácaros, fungos, pelos de animais, e pólens, sendo que a mesma sensibilidade do nariz pode se manifestar no pulmão”, esclarece a especialista Brianna Nicolletti. Causas não alérgicas, como mudança climática, exercícios físicos, baixas temperaturas, estresse e ansiedade também podem fazer com que os sintomas se manifestem. Quando as crises asmáticas atingem níveis mais graves, as crianças podem apresentar lábios com coloração arroxeada, extrema dificuldade de respirar, confusão mental, sonolência, pulsação rápida e sudorese.
É importante ressaltar que a asma não deve ser tratada somente nas situações de crise. O tratamento precisa ser contínuo, mesmo que a criança não apresente sintomas. A prática de alguns cuidados permitem que a criança asmática tenha a mesma qualidade de vida de indivíduos que não são portadores do quadro. “No caso da asma, utilizamos medicações inalatórias, como broncodilatadores e corticoides. Os corticoides podem ser utilizados de maneira inalatória ou, em casos mais graves, de maneira oral. O mais importante é o tratamento preventivo. O uso de medicação é feito diariamente, em crianças menores de 6 anos através de sprays e em crianças acima dos 6 anos através de um pozinho. Vale ressaltar que esse tratamento é extremamente eficiente”, completa Alfonso Alvarez, presidente do Departamento de Pneumologia da Sociedade de Pediatria de São Paulo. Os medicamentos devem sempre serem prescritos pelo médico da criança.
Rinite alérgica
Assim como a asma, a rinite é uma das principais condições alérgicas da infância. Ela é caracterizada por um excesso de atividade do sistema imunológico, que começa a reagir contra partículas inofensivas do dia a dia, como pólen, poeira e ácaros. Com isso, inicia-se um processo inflamatório nocivo para o corpo do indivíduo. Ele é caracterizado por um inchaço de uma estrutura dentro do nariz chamada de corneto nasal. Isso provoca uma obstrução do fluxo de ar bastante incômoda, que se intensifica diante do contato com algum alérgeno.
Estudos apontam que 70% dos asmáticos podem apresentar sintomas de rinite alérgica, enquanto 30% a 50% dos pacientes com rinite desenvolvem os sintomas da asma. Entre seus principais indícios estão: nariz entupido, coriza, espirros e coceira, que aparecem com frequência no nariz, garganta e olhos. “É bem comum que as pessoas portem essas duas doenças. Nesse caso, a criança que tem asma e rinite tem que tratar as duas doenças, de maneira separada”, ressalta Alfonso.
Assim como a asma, deve-se fazer um tratamento preventivo, observando aspectos como manter a casa sempre ventilada, sem cortinas e tapetes, e de preferência com os animais domésticos fora de ambientes onde as crianças usualmente dormem e brincam. Evitar a vassoura na hora da limpeza, preferindo panos úmidos e/ou aspiradores de pó com filtro também é importante para não espalhar a poeira. Caso o quadro se manifeste, o tratamento é realizado através de corticoides intranasais, que são vendidos na forma de spray, e antialérgicos orais, vendidos em comprimidos ou soluções com anti-histamínicos, que bloqueiam os efeitos causados pelas células de alergia. Segundo o médico, não são eficazes para a obstrução nasal, mas são os melhores para as queixas de coriza, coceira e espirros.
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