Você sente que o mundo está girando cada vez mais rápido e você não está dando conta?
Acha que o tempo é curto para tudo que você precisa fazer?
No final do dia percebe um enorme cansaço e fica sem ânimo para fazer qualquer coisa, mas sua cabeça não para, e você fica planejando mentalmente tudo que vai fazer no dia seguinte?
Já pensou que isso pode ser sinal de ansiedade?
Pois é, gente, hoje o texto é sobre um “vírus” invisível que afeta mais de 26% da população brasileira e cada vez mais as nossas crianças.
Porém o texto não será de autoajuda, visto que cada pessoa desenvolve sua ansiedade de forma diferente, com situações diferentes, em períodos diferentes, e tentar dar uma solução genérica para a ansiedade é no mínimo desmerecer todo trabalho individual que a pessoa tem em tratar esse transtorno.
Então, como vou abordar o texto de hoje?
Simples, como o próprio título sugere, a ansiedade é um vírus invisível, então vamos torná-la visível.
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O Brasil é líder mundial de casos de transtorno de ansiedade
Segundo dados da OMS, 28% da população brasileira sofre de transtorno de ansiedade, sendo um terço dessa porcentagem (32%) é de jovens entre 18 até 24 anos.
Os índices apontam também para a região centro-oeste com uma maior incidência de casos (35%), tendo as mulheres como as maiores vítimas (quase 32% dos casos).
Uma outra pesquisa realizada pela Vittude, (plataforma online voltada para a saúde mental e trabalho), aponta que 37% dos trabalhadores estão com estresse extremamente severo, enquanto 59% se encontram em estado máximo de depressão e a ansiedade atinge níveis mais altos, chegando a 63%.
Mulheres são as maiores vítimas
Uma pesquisa realizada pelo Datafolha, com 2535 pessoas entre 16 anos ou mais, aponta que 27% das mulheres já tiveram diagnósticos de ansiedade e 20% de depressão, o dobro da taxa registrada pelos homens, que é de 14% a 10%.
As questões biológicas influenciam, porém, a pesquisa aponta que a sobrecarga de trabalho, tanto profissional, quanto pessoal, tem uma influência ainda maior no desenvolvimento da ansiedade.
Em um outro dado, 35% das mulheres afirmam ter problemas com sono e alimentação, contra 25% dos homens.
O transtorno de ansiedade nas crianças
A pandemia proporcionou às nossas crianças uma crise de ansiedade nunca vista antes. Segundo dados do Instituto de Psiquiatria da Universidade de São Paulo (USP), cerca de 36% dos jovens e crianças brasileiras desenvolveram transtorno de ansiedade durante a pandemia, porém os dados não se limitam ao período da crise sanitária.
No Brasil cerca de 10,3 milhões de pessoas entre 1 até 19 anos já passaram por algum caso de transtorno e o suicídio já é a terceira principal causa de morte entre adolescentes de 15 à 19 anos.
Segundo uma lista publicada pelo Ministério da Saúde, os principais fatores que podem causar a ansiedade nas crianças são:
- Medo quando está longe dos pais (ansiedade de separação);
- Medo extremo de uma coisa ou situação específica, como cães, insetos ou de ir ao médico (fobias);
- Medo da escola e de outros lugares onde há pessoas (ansiedade social);
- Excesso de preocupação com o futuro e com coisas ruins que possam acontecer (ansiedade geral);
- Episódios repetidos de medo intenso repentino, inesperado e associado a sintomas como palpitação, dificuldade para respirar, tontura, tremores ou suor (transtorno do pânico).
Olhando para a forma como criamos nossos filhos
Já comentei em outros artigos que as crianças são esponjas dos nossos comportamentos, ou seja, elas copiam todas as atitudes e comportamentos que apresentamos para elas.
Vamos fazer um exercício de retrospectiva, seguindo a base da lista publicada pelo Ministério da Saúde, quais desses fatores nós, adultos, já apresentamos para nossas crianças?
Sim, todos!
E não são somente os casos de ansiedade extrema como o medo, que facilitam o desenvolvimento do transtorno, mas os pequenos fatores que estão presentes no nosso dia a dia.
Vejam bem, não estou dizendo que somos responsáveis pela ansiedade em excesso das crianças, mas estou dizendo que precisamos ter um outro olhar para nosso ritmo de vida.
Por exemplo:
- Quem já se pegou apressando a criança para ir a algum determinado lugar com frases como “vamos que estamos super atrasados”, “vamos logo, senão você vai perder a festa” ou “para de enrolar que agora não é hora”.
- Quem já deixou a criança mais de 3 horas direto no celular com a necessidade de ter que fazer outras coisas ou até mesmo descansar.
- Quem já caiu na besteira de dizer para a criança que vai ter uma festa super legal, mas é só na semana que vem.
- Quem já ficou mexendo no celular (apenas por mexer) enquanto brincava com a criança.
Esses são pequenos fatores que fazem parte do cotidiano da maioria das famílias brasileiras.
Se formos analisar um pouco mais a fundo, de uma forma bem realista, a maioria dessas famílias (me incluindo nessa) é prisioneira da sua própria rotina.
Deixei duas questões finais para nossa reflexão:
- Nós realmente somos responsáveis pela saúde mental das nossas crianças?
- Que caminho preciso percorrer para não alimentar ainda mais o vírus invisível que ataca nossas crianças?