Alta de casos de covid: tudo o que você precisa saber sobre a vacina

Para as famílias que ainda têm dúvidas sobre as vacinas, a pediatra Marcela Noronha esclarece as perguntas mais frequentes e reforça a importância da imunização diante do aumento de casos no país

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Profissional de saúde coloca bandaid no braço de menino
25% dos casos de Covid ocorrem em crianças e é falsa a percepção de que elas não precisam de vacina, afirma Marcela Noronha | Crédito: depositphotos.com
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Como já sabido pela grande maioria das pessoas, a Covid-19 é provocada pelo vírus SARS-CoV-2, da família dos coronavírus, que pode causar de um resfriado comum até sérias doenças, como acometimentos pulmonares severos, levando inclusive à morte. Diante do cenário de aumento de casos no país, estar com a vacinação em dia é fundamental para diminuir o risco de agravamento da doença. A seguir, veja as principais dúvidas relacionadas à vacina contra Covid.

Taxa de proteção: varia muito conforme o tipo de vacina, número de doses tomadas e a variante circulante. Com as vacinas disponíveis no mercado, a taxa de proteção geral está entre 50,39% e 95%.

Com que idade vacinar: Existem vacinas liberadas a partir dos 6 meses de idade. A faixa etária indicada depende do imunizante.

Contraindicações: São variadas, a depender da vacina. Mais informações podem ser consultadas no site da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBim).

Reações adversas: as reações mais comuns são: dor e inchaço no local de injeção, cansaço, dor de cabeça, dor muscular, dor nas articulações, calafrios e febre.

  • OBS 1: Sobre a miocardite e pericardite (inflamação do músculo cardíaco e da estrutura que envolve o coração), após a imunização com vacinas de mRNA em adolescentes e adultos jovens (não há casos relatados em menores de 12 anos), os sistemas de monitoramento concluíram que existem poucos relatos desta condição até o momento, a maioria leve e tratável, e que esses casos parecem ocorrer predominantemente:
    • em adolescentes e adultos jovens;
    • em homens do que mulheres;
    • após a segunda dose;
    • dentro de 4 dias após a vacinação.

É importante ressaltar que o risco de miocardite/pericardite após a vacinação existe, mas é raro. A possibilidade de o quadro ser causado pela Covid-19 é muito maior. Por isso, agências regulatórias de vários países continuam a recomendar a vacinação.

  • OBS 2: Com a vacina Fiocruz/Oxford/AstraZeneca, disponível para maiores de 18 anos, raros casos de eventos adversos com formação de trombo têm sido reportados na literatura mundial, mas o perfil de risco benefício da vacina é ainda favorável. No Brasil, a taxa observada foi de 0,89 evento tromboembólico para cada 100 mil doses aplicadas, taxa inferior à esperada para a população em geral.

Diferença entre a vacina oferecida pela rede pública de saúde e a de clínicas particulares: no Brasil apenas a vacina Fiocruz/Oxford/AstraZeneca está disponível nas redes particulares, enquanto todas as outras estão disponíveis no sistema público de saúde.

Um pouco sobre a Covid-19:

O coronavírus tem grande capacidade de mutação ao longo do tempo, como ocorre com a maioria dos vírus, e por isso suas mudanças são acompanhadas para que as medidas de saúde, como atualização de vacinas e reforços, sejam realizadas da melhor forma possível. Provavelmente em 2023 já teremos vacinas que contemplem 2 variantes de SARS-CoV-2.

Existem muitos tipos de vacina contra a Covid-19 como as que utilizam tecnologias clássicas — como as vacinas de vírus inteiros inativados, subunitárias proteicas, recombinantes e VLP —, as novas plataformas de ácidos nucleicos (DNA e mRNA) e de vetores virais. Em todos os casos, o alvo dos imunizantes é a proteína S (spike), responsável pela ligação do vírus SARS-CoV-2 com as células humanas.

Trabalhos mostram que com a instituição das vacinas para Covid-19 cerca de 20 milhões de mortes foram evitadas entre dezembro de 2020 e dezembro de 2021.

Muitos se perguntam: como foi possível desenvolver uma vacina tão rapidamente? O investimento em ciência e tecnologia foi a base de sucesso, mas vamos entender os passos de forma clara:

  • O que parece “novo” para a sociedade vinha sendo alvo de estudos há décadas pela ciência. O coronavírus, que provocou as epidemias de SARS e MERS (Síndrome Respiratória do Oriente Médio), no passado, já era muito pesquisado. Precisamos entender quais avanços tecnológicos na prática de produção de vacinas estão sempre sendo pesquisados e alcançados.
  • Já havia plataformas para obtenção de antígenos (essencial para produção de vacinas) bem estabelecidas.
  • Infraestrutura de escalonamento e produção de vacinas previamente montadas.
  • Parcerias e investimento financeiro em larga escala foram fundamentais para acelerar o desenvolvimento.

Internações e mortes de crianças por Covid

Hoje, 25% dos casos de Covid-19 ocorrem em crianças e é falsa a percepção de que crianças não precisam de vacina. Até junho de 2022, de acordo com o Unicef (Fundo das Nações Unidas para a Infância), a Covid-19 foi a causa de 5376 mortes em crianças menores de 5 anos e uma a cada 5 dessas mortes aconteceram no Brasil. Não menos importante, somente em 2022, de janeiro até outubro no Brasil, houve mais de 12.500 hospitalizações por Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) decorrente de Covid-19, com 463 mortes confirmadas, sem contar complicações e sequelas como síndrome inflamatória multissistêmica ou covid longa. Hoje a Covid-19 é a doença imunoprevenível, ou seja, que temos vacina para nos proteger, que mais mata, matando 14 vezes mais que todas as outras doenças para as quais temos vacina juntas.  A Covid-19 não é desprezível ou negligenciável em crianças. 

Vacinar é seguro, eficaz e salva vidas.

*Este texto é de responsabilidade do colunista e não reflete, necessariamente, a opinião da Canguru News.

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