Nesta terça-feira, 8 de setembro, é celebrado o Dia Mundial da Alfabetização. A data foi criada em 1967 pela Organização das Nações Unidas (ONU) e reforça a importância de aprender a ler e escrever para o desenvolvimento social e econômico mundial. Os números porém não são muito animadores quando falamos de alfabetização de crianças na idade certa e de jovens e adultos. A cada 100 crianças com 8 ou 9 anos, apenas 45 (45,3%) têm aprendizado suficiente em leitura no 3º ano do ensino fundamental, série em que todas as crianças deveriam estar alfabetizadas, de acordo com meta estabelecida pelo Plano Nacional de Educação (PNE). O plano foi criado pela Lei 13.005/2014, que determina o que deve ser feito para melhorar a educação no país até 2024, desde o ensino infantil, até a pós-graduação.
Já em relação à escrita, somente 66 a cada 100 crianças (66,1%) sabem escrever, e 45 a cada 100 (45,5%) sabem matemática em nível adequado, segundo dados do Observatório do PNE.
A ONG Todos pela Educação afirma que a alfabetização é uma porta de entrada para estar e participar do mundo. “Se queremos garantir uma Educação de qualidade para todos, precisamos, antes de tudo, que todas as crianças saibam ler e escrever plenamente na idade certa. Infelizmente, muitas ainda não estão alfabetizadas em leitura, escrita e matemática, e isso pode trazer sérias consequências não só para a Educação, mas para o ciclo de pobreza e desigualdades do país”, destaca a ONG. Entre as ações necessárias para mudar esse cenário, a entidade aponta a importância de investir em recursos pedagógicos, na formação de professores, diretores e coordenadores e em atividades de reforço e recuperação, entre outras medidas.
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Brasil ainda tem 11 milhões de analfabetos maiores de 15 anos
Existem cerca de 750 milhões de analfabetos em todo o planeta. No Brasil, são 11 milhões de analfabetos, que representam 6,6% dos brasileiros com mais de 15 anos que não sabem ler ou escrever um bilhete simples, segundo dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad), do IBGE, divulgada em julho deste ano.
Em 2018, eram 6,8% de pessoas analfabetas, houve, portanto, uma redução de pouco mais de 200 mil pessoas analfabetas em comparação com 2019, informa o IBGE Educa. Ainda assim, os dados estão acima da meta traçada pelo Plano Nacional de Educação (PNE), Lei 13.005/2014, que estabelece o que deve ser feito para melhorar a educação no país até 2024, desde o ensino infantil, até a pós-graduação. Segundo o plano, até 2015 o país deveria ter a média de analfabetismo diminuída para 6,5%, o que ainda não ocorreu. E se seguir nesse ritmo, com uma queda de 0,2 ponto percentual por ano, o Brasil tampouco conseguirá atingir outra meta: a de erradicar o analfabetismo até 2024.
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ONU destaca o ensino e o aprendizado durante a pandemia
A propósito da data, a ONU destacou papel de educadores e das mudanças didáticas ocorridas nesse período para ensinar jovens e adultos a ler e escrever. “Durante a pandemia, em muitos países, a maioria dos programas de alfabetização de adultos foi suspensa dos planos de educação e resposta à crise. De acordo com os países, apenas alguns poucos cursos continuaram de forma virtual através da TV e do rádio ou em espaços ao ar livre”, disse a organização. A ONU afirma que é preciso estudar “como melhor posicionar o aprendizado de jovens e adultos em cursos de alfabetização em respostas nacionais e globais, e estratégias de reconstrução”.
A seguir, destacamos uma série de sugestões que os pais podem fazer com os filhos para contribuir no processo de alfabetização neste período de quarentena. As dicas foram elaboradas com a ajuda de Patrícia Diaz, pedagoga e diretora de desenvolvimento educacional da Comunidade Educativa Cedac, e Renata Frauendorf, coordenadora dos programas de alfabetização do Instituto Avisa Lá, para a reportagem Crianças em ano de alfabetização: a quarentena pode prejudicá-las?. Confira!
Atividades para ajudar as crianças no processo de alfabetização:
PRÁTICAS DE LEITURA
- Ler livros infantis com as crianças.
- Ler receitas de bolo (ou outros preparos) junto com os filhos, para que eles separem os ingredientes, observem as medidas e participem da produção do prato.
- Ler trechos de notícia de jornal e comentar sobre o assunto lido.
- Abrir sites voltados a crianças e ler as informações ali presentes.
- Ler a biografia de um cantor que a criança gosta muito.
- Ler junto com a criança as instruções de um jogo para depois jogarem juntos.
- Ler para si mesmos (os adultos) e compartilhar esse comportamento com os filhos, comentando sobre o que estão lendo ou o que diz o livro, por exemplo.
- Observar junto com as crianças as embalagens de produtos e o que está escrito ali.
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PRÁTICAS DE ESCRITA
- Se fazer de escriba para a criança: ela dita e a mãe escreve. Podem ser as regras do jogo, uma receita ou um trecho de história que leram juntos. “Essa é considerada uma linguagem escrita da criança em que ela só não está grafando do próprio punho porque não sabe escrever mas vai ditar pensando como se escrevesse”, diz Patrícia Diaz.
- Sugerir que a criança recorte letras de revistas antigas e com elas arme palavras que conhece – seu nome, dos amigos e familiares, por exemplo.
- Sugerir que a criança escreva, da forma que ela conseguir, a lista de compras do supermercado, a lista dos amigos que mais sente saudade, o recado para os avós ou os aniversariantes do mês.
- Criar calendários e sugerir às crianças que preencham com os dias da semana e façam anotações de como estava o tempo, por exemplo.
- Aproveitar o momento de home office e trabalho no computador para sugerir que a criança brinque ao lado, digitando também em um teclado velho ou de papelão.
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PRÁTICAS ORAIS
- Pedir que a criança reconte histórias lidas (ou ouvidas), podendo criar uma nova versão para o final da história.
- Usar trechos de histórias conhecidas para brincar de teatro, sugerindo que a criança mude o tom de voz de acordo com o personagem representado.
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Sou pai de um menino de 5 anos,
ele completou no final de maio. Meu filho já está lendo, lê tudo o que vê (embalagens, propagandas, instruções de jogos, o que aparece na TV, etc) e a cada dia com mais desenvoltura. Ele começou a decifrar pra valer as primeiras frases agora na pandemia, em casa. Meu filho tem um nível de aprendizado normal, ele não é nem melhor nem pior do que a média, inclusive já fez avaliações nesse sentido. O que funcionou para nós e que recomendo a todos os pais é o uso do Método Fônico. Se seu filho tem 2 anos ou 7 anos, comece a mostrar pra ele o SOM das letras ao invés de o nome das letras, isso é o mais lógico na minha opinião e que funcionou. Quando ele tinha 2 anos e meio eu ia brincando e falando o som das letras com ele. Agora ele já tem capacidade de ler sozinho textos simples.
Faça brincadeiras dessa forma e com o tempo seu filho naturalmente vai decifrar o que cada letra tem pra dizer.
Oi, Anderson, tudo bem?
Obrigada pelas sugestões e por compartilhar a sua história conosco. Acompanhar a evolução da criança na leitura e na escrita é algo muito gratificante para os pais. Desejamos muito sucesso ao se filho nesse novo mundo das letras! Abs, Verônica.