Por Fernanda Cardoso Fraga Fonsêca* – Em tempos de desinformação e fake news, observa-se a dificuldade de muitas pessoas em separar quais são as informações confiáveis – baseadas em evidências científicas – daquelas sem validade. No que se refere à educação e cuidados com as crianças, observa-se também a preocupação de pais que, em posse de tanta informação, ouvem e veem de tudo, sem saber, muitas vezes, selecionar o que chega. Evidentemente, queremos o melhor para nossos filhos, mas o que é “o melhor” quando todas as opções se apresentam como sendo “a melhor escolha”?
Em outros tempos, faríamos como nossas mães, tias ou avós, reproduzindo o que sabiam por meio do senso comum. Sem neuras! Porém, nos dias de hoje, além do que aprendemos com nossos familiares, recebemos muitas outras informações via WhatsApp, Instagram, podcasts, Youtube, noticiários, grupo de mães, grupo da escola e por aí vai.
Tamanho volume de conteúdo, característico dos tempos atuais, reflete-se na parentalidade, com informações que muitas vezes excedem nossa capacidade de avaliação e julgamento. Temos acesso a um número infinito de notícias, orientações, avisos, promoções de coisas que queremos (ou não) comprar e abordagens de como educar os filhos. É realmente um desafio separar “o joio do trigo”. Não raro, caímos em armadilhas ou escolhemos caminhos que nos parecem adequados ou mais fáceis, o que nem sempre é verdade. Este texto tem o objetivo de dar algumas dicas para ajudar mães e pais a encontrar informações mais confiáveis cientificamente.
1 – Quem é o autor (a) da informação?
Informações compartilhadas sem autoria podem facilmente significar que são falsas. Às vezes, até aparece o nome de algum autor, por exemplo “Segundo Fulano de tal…”. Mas você sabe quem é esse Fulano de tal? Sabe se ele realmente disse isso? Estamos num mundo em que ninguém tem tempo sobrando, mas basta dar uma pesquisada rápida para descobrir se o suposto autor realmente existe e disse o que está sendo veiculado com seu nome. Por isso, a informação confiável traz consigo não apenas o nome do autor, mas também onde e quando foi publicada.
2 – De onde veio a informação?
Você já deve ter ouvido aquela expressão “papel aceita tudo”. Os meios digitais infelizmente também. Facebook, Instagram, Twittter e WhatsApp não têm como checar 100% das informações que passam por eles todos os dias. Um enorme volume de dados são trocados, facilitados pelos botões “compartilhar” e “encaminhar”. Por isso, é importante verificar de onde veio a informação. Se não há nenhuma indicação, o sinal de fumaça para fake news deve aparecer! Quando há indicação, o ideal é procurarmos a fonte original da informação para garantir que não houve nenhuma distorção. Para uma leitura mais crítica, navegue no site que veiculou a notícia. Que outras notícias há lá? Parece tendencioso demais? É um site que tem uma reputação a zelar? São algumas das perguntas que devemos nos fazer antes de comprar ideias sem saber de onde elas vêm.
3 – Desconfie sempre
Especialmente se a informação parecer uma “teoria da conspiração” ou se a mensagem começa com algo como “Isso é que eles não querem que você saiba”. Se parece sensacionalista, provavelmente apresenta algum exagero com relação aos fatos, maximizando ou levando o holofote para um fato específico, ao invés de dar um panorama mais geral, ou ainda concluindo pontos que não necessariamente podem ser concluídos com base nas pesquisas científicas.
Essas são três dicas importantes para evitar fake news e informações incorretas que podem ser encontradas por aí. Mas todo cuidado é pouco! Mesmo fazendo uso dessas dicas, é possível cairmos na mentira, pois, às vezes, a informação realmente parece fazer sentido, parece ser verdadeira. Mas será que ela é? Neste caso, procure outros pontos de vista sobre essa informação, pergunte a outras pessoas, especialmente aquelas que possam ter mais conhecimento sobre o assunto. Seja humilde ao assumir que você não sabe e não compartilhe a informação com outras pessoas.
Fernanda Cardoso Fraga Fonsêca é mãe de Elza, 1 ano, psicóloga, mestre em Linguística Aplicada, professora universitária da Universidade de Taubaté (SP) e sócia-diretora do Instituto SinaPsi.
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