Um estudo realizado pela Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo) apontou queda de 50,6% no índice de gravidez na adolescência no estado de São Paulo, nos últimos 20 anos. A pesquisa analisou o número de nascidos vivos e a Taxa de Fecundidade por Idade Específica (TIEF) de meninas de 15 a 19 anos, entre os anos 2000 e 2019. No primeiro ano observado, a gestação juvenil atingiu 71,1 meninas em cada mil. Em 2019, esse índice caiu para 35,1 em cada mil. Se considerada a faixa etária das meninas para 10 a 19 anos, a queda no número de grávidas nesse público foi menor: de 37%.
A ginecologista responsável pelo estudo, Denise Leite Maia Monteiro, secretária da Comissão Nacional Especializada em Ginecologia Infanto Puberal, afirma que apesar da importante evolução, o cenário da gestação adolescente ainda é preocupante. Por dia nascem cerca de 1150 bebês de adolescentes, segundo dados do DataSUS/Sinasc.
“A gravidez precoce acarreta inúmeras consequências para a adolescente e o recém-nascido. As complicações que ocorrem durante a gestação e o parto representam a principal causa de morte entre meninas de 15 a 19 anos, mundialmente, pois existe maior risco de eclâmpsia (convulsões), endometrite (inflamação do endométrio, tecido que reveste a cavidade uterina) puerperal, infecções sistêmicas e prematuridade, segundo a Organização Mundial de Saúde”, ressalta a ginecologista.
Denise explica que a gravidez na adolescência está associada à evasão escolar e maior perpetuação da pobreza, gerando impactos pessoais e sociais. “Além dos riscos à saúde, ainda há consequências sociais e econômicas como rejeição ou violência e interrupção dos estudos, que comprometem o futuro dessas jovens”, relata a médica.
Quanto maior o ID , menor a taxa de nascimento de bebês de jovens meninas
O estudo também observou a relação entre o número de nascimentos de grávidas adoelscentes e o Índice de Desenvolvimento Humano de cada local. “A proporção de nascidos vivos de mães adolescentes do Sudeste e Sul são as menores do País, o que demonstra tendência inversamente proporcional ao Índice de Desenvolvimento Humano (IDH)”, comenta especialista. Entre os estados brasileiros, a redução média foi de 40,7% no número de nascidos vivos de mães adolescentes. Cada estado, contudo apresentou uma realidade distinta – variando de -17,4%, no estado maranhense, a -56,1% no Distrito Federal. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE), as regiões Sudeste e Sul apresentam os maiores IDH do país (0,80), seguidas do Centro-Oeste (0,79), Norte (0,73) e Nordeste (0,71).
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