Com o retorno das aulas presenciais, a preocupação com a segurança das crianças se tornou ainda maior. É comprovado que as máscaras que seguem padrões estabelecidos por normas técnicas, como as cirúrgicas ou a PFF2 (peça facial filtrante), garantem um maior nível de proteção do que as caseiras. Entretanto, as máscaras de tecido ainda são indicadas pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária). Mesmo assim, máscaras cirúrgicas para crianças já podem ser encontradas em diversas farmácias e e-commerce.
Segundo Alessandra Pala, pediatra e infectologista do Instituto Nacional de Saúde da Mulher, da Criança e do Adolescente Fernandes Figueira (IFF/Fiocruz), os pais podem adquirir essas máscaras para os filhos, porém, é importante avaliar se realmente são eficazes. “Não posso afirmar de uma forma geral que todas as máscaras cirúrgicas para crianças vendidas em farmácias são seguras. Tem que ser analisado caso a caso”, aponta. A pediatra sugeriu que os pais façam um teste simples para verificar se o equipamento pode ser utilizado: colocar a máscara no filho e pedir para ele tentar assoprar uma vela. Se conseguir apagar, a máscara não é adequada.
É fundamental que os pais verifiquem se as máscaras cirúrgicas apresentam uma vedação adequada, tanto na parte do nariz quanto na lateral do rosto das crianças. A máscara apenas funciona efetivamente se conseguir evitar a entrada de ar não filtrado. A pediatra Alessandra Pala também destacou que as máscaras cirúrgicas não devem ser reutilizadas e precisam ser trocadas a cada 2 horas. Além disso, o conforto dos pequenos deve sempre ser levado em consideração.
“A melhor máscara é aquela que está bem ajustada ao rosto e que a criança se sente confortável para fazer suas atividades”, diz a médica Alessandra Pala.
Leia também: Máscara infantil: qual é a mais segura agora?
Uso de duas máscaras em crianças
De acordo com a especialista, os pequenos podem usar duas máscaras. A combinação de uma cirúrgica por baixo e uma de tecido por cima contribui para uma maior vedação e filtração do ar. Lembrando que a máscara de tecido ideal é feita de três camadas de material não elástico, sem costura frontal e amarrada atrás da cabeça, ao invés de atrás das orelhas.
Entretanto, utilizar duas máscaras gera um maior desconforto. Alessandra Pala apontou que as crianças não têm a mesma compreensão dos adultos de que é preciso usar as máscaras, mesmo que as incomodem. Se elas se sentirem desconfortáveis, vão querer mexer na máscara e podem acabar se expondo ao vírus de uma outra forma.
Leia também: 5 máscaras infantis que as crianças vão querer usar
E as máscaras PFF2?
Devido ao agravamento da covid-19, muitos especialistas da área da saúde vêm recomendando que as pessoas troquem as máscaras de tecido por PFF2 ou N95, modelo dos Estados Unidos. Esses tipos de máscara garantem uma maior segurança contra a contaminação do vírus. Porém, segundo a especialista, não existe PFF2 para crianças, pois é um equipamento de trabalho e, por isso, não são produzidos modelos infantis certificados.
Segundo a médica, crianças maiores podem utilizar essa máscara, desde que fique bem aderida. De acordo com o site Qual Máscara?, a partir de 5 ou 6 anos, dependendo do tamanho e formato do rosto, muitas crianças se adaptam bem às PFF2. Além disso, há algumas marcas que apresentam modelos menores. O site relatou que houve feedbacks positivos das crianças, porque a PFF2 não fica colada na boca e não precisa ficar ajustando.
No entanto, Alessandra Pala aponta que nem todas as crianças conseguem se adaptar a esse tipo de máscara, pois ela pode gerar um certo incômodo. “A PFF2 não é muito confortável, dá uma sensação de abafado maior que a cirúrgica ou a de pano. Se o filho se sentir desconfortável, insistir em colocar a máscara pode piorar a adesão da criança”, explica. Com os pequenos, é preciso bastante diálogo e treino para que entendam, aceitem e respeitem a necessidade do uso das máscaras. A infectologista do IFF/Fiocruz completou que a PFF2 pode ser higienizada e reutilizada, mas existe uma técnica correta de manuseio e manutenção da máscara para que o usuário não seja contaminado. Por isso, ela não recomenda que leigos tentem reutilizá-la.
Leia também: Ministério da Saúde alerta sobre uso de máscaras em crianças de até 2 anos