Máscara infantil: qual é a mais segura agora?

Especialistas explicam sobre os diferentes tipos de máscara e qual é mais adequada para uso infantil

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Com o avanço de novas e mais agressivas variantes da Covid-19, cientistas passaram a recomendar apenas o uso da máscara PFF2 (peça facial filtrante), conhecida nos Estados Unidos pela sigla N95. Esses acessórios são essenciais, principalmente em situações de grande risco, pela capacidade maior de filtragem. Já as máscaras caseiras se tornaram proibidas em alguns países da Europa, que acreditam que o modelo não oferece proteção suficiente contra as cepas recentemente descobertas do coronavírus.

No Brasil, no entanto, as máscaras de tecido são indicadas pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), mas especialistas têm orientado o uso da PFF2 e N95 para a população em geral, em situações de maior exposição ao vírus – em lugares mal ventilados, por exemplo, como no transporte público. Diante dessas mudanças, muitos pais têm dúvidas quanto a qual seria agora a máscara mais segura para as crianças. A seguir, veja o que dizem os especialistas.

Chegou a hora de deixar a máscara caseira de lado?

Não. A máscara de pano ainda é útil, ainda que tenha uma capacidade de filtragem menor. “As máscaras de pano são as mais adequadas para as crianças porque são confeccionadas em vários tamanhos, o que permite a adequação ao rosto delas”, afirma Alessandra Marins Pala, pediatra e infectologista do Instituto Nacional de Saúde da Mulher, da Criança e do Adolescente Fernandes Figueira (IFF/Fiocruz).

Levando em conta que as crianças ficam mais tempo em casa e, logo, estão menos expostas, podem usar as máscaras de tecido com segurança. “O grau de risco que a criança corre é bem resolvido com uma máscara de pano”, explica Maria Alice Gonzales, designer da iniciativa IRIS (Interdisciplinary Research for Innovative Solutions) e pesquisadora do “(respire!“, que produz máscaras seguras para a comunidade – ambos projetos do Inova USP, da Universidade São Paulo (USP).

Em situações em que a criança fique mais exposta ao vírus, a pesquisadora da USP sugere inserir um tecido com boa capacidade de filtragem dentro da máscara caseira, o que garante uma maior proteção.

Especialmente para o uso infantil, é importante que as máscaras não incomodem – respirabilidade e conforto são aspectos essenciais. Maria Alice explica que, se os equipamentos não forem confortáveis, as crianças podem ficar mexendo no rosto ou tirando a máscara. Dessa forma, acabam se expondo ao risco de uma outra maneira. “A questão mais importante sobre máscaras para crianças é o ‘fit’ (ajuste), é preciso que ela esteja bem aderida ao rosto da criança”, diz Maria Alice.

“As máscaras de pano são as mais adequadas para as crianças porque são confeccionadas em vários tamanhos, o que permite a adequação ao rosto delas”, explica a pediatra e infectologista da Fiocruz.

Crianças devem usar a máscara N95 ou PFF2?

Apesar das máscaras cirúrgicas, N95 ou PFF2 serem apontadas por estudos como as mais seguras para evitar a contaminação, a pesquisadora da USP diz que não é preciso que as crianças utilizem máscaras como essas para prevenção do coronavírus:  “Assim como as vacinas, o ideal é que o uso das N95 seja priorizado para quem está num alto nível de risco, como as pessoas da UTI”. As crianças não são grandes transmissores e não têm reações tão graves ao coronavírus quanto a população adulta. As máscaras cirúrgicas e as N95 ou PFF2 são produzidas em tamanho único, que não é próprio para uso infantil.


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Mas existe N95 ou PFF2 infantil?

Segundo o site “PFF para Todos“, que reune informações sobre máscaras e indica os melhores pontos de venda do equipamento em todos os estados brasileiros, a máscara PFF não é feita em tamanho de criança. “O que existe são confecções que estão fabricando máscaras com o mesmo material do PFF2 de tamanho infantil. Podem ser boas opções de proteção, mas não podem ser chamadas de PFF2 se não passaram pelos testes apropriados”, explica o site, que diz ainda que algumas crianças maiores, dependendo do tamanho de seu rosto, conseguem usar de forma segura as máscaras de adultos. “Crianças muito novas não devem usar PFF2. Sugerimos uma boa máscara de pano ou cirúrgica que ajuste bem no rosto, com o mínimo de vazamentos. E que os adultos no entorno estejam bem protegidos, sempre que possível”, recomenda o site.


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A partir de que idade a criança deve usar máscara?

A princípio, o uso é para todos os maiores de dois anos, com exceção das crianças que usam chupetas, explica a pediatra e infectologista da Fiocruz. Ela diz que o acessório deve ser utilizado nas idas ao pediatra e em locais onde há circulação de pessoas, sempre com o cuidado e sob a supervisão de um adulto. “O ideal, porém, é que as crianças e os adolescentes fiquem em casa, evitando ambientes como supermercados, farmácias entre outros em que haja trânsito de pessoas”, ressalta Alessandra.

Qual é o grande diferencial das máscaras N95 e PFF2?

Diferentemente das máscaras caseiras, as N95 e PFF2 seguem padrões estabelecidos por normas técnicas para garantir um alto nível de proteção. N95 é a nomenclatura usada nos Estados Unidos, similar ao modelo brasileiro PFF2, que significa “peça facial filtrante” – um filtro composto por polímeros. Mesmo não sendo idênticos, são modelos equivalentes: a PFF2 filtra pelo menos 94% das partículas, enquanto a capacidade de filtragem da N95 é de 95%.

Outro aspecto importante é a vedação. Estas máscaras têm uma estrutura semi-rígida para contornar o nariz e elásticos que ficam presos na cabeça e na nuca, gerando uma tensão maior que em modelos presos apenas na orelha. Porém, há algumas desvantagens. “Estas máscaras são muito mais caras e a maior parte da nossa população não tem condições de comprá-las com regularidade. Além disso, é preciso observar regras rígidas para a manipulação, o armazenamento e a reutilização destas máscaras de forma correta. O uso inadequado gera risco de contaminação ao invés de aumentar a proteção”, informa Alessandra.

Cuidados além das máscaras

“Para a prevenção contra o coronavírus, o ideal é que as crianças e os adolescentes fiquem em casa”, indica Alessandra. Caso frequentem locais públicos, a doutora explicou que é importante ensiná-las a não tocar nos olhos, boca e nariz sem higienizar as mãos com água e sabão ou álcool 70% em gel. Outra indicação de extrema importância é reforçar que as máscaras são de uso individual e não podem ser compartilhadas com os colegas. Além disso, Alessandra conta que é interessante motivar as crianças com brincadeiras e desafios enquanto colocam e retiram a máscara. É uma maneira de acostumá-las com o acessório.

“É importante que a máscara seja apresentada à criança de forma lúdica. Os adultos devem demonstrar alegria em colocar as máscaras e evitar reclamações, pois os pequenos aprendem através deles”, indica a pediatra e infectologista da Fiocruz. A criançada também pode participar da escolha do equipamento – máscaras decoradas com os personagens favoritos costuma chamar a atenção dos pequenos. “As falas devem ser adaptadas ao vocabulário e à faixa etária de cada criança. Por exemplo, o adulto pode explicar que existe um ‘bicho malvado’ que pode trazer doença, e que as máscaras são o ‘escudo de super-herói’ que protege as pessoas contra ele”.

Confira as principais características de uma máscara segura e eficaz contra o coronavírus:

  1. Obter 3 camadas, segundo o Ministério da Saúde, os tecidos mais indicados (em ordem decrescente) são: tecido de saco de aspirador, cotton (55% poliéster e 45% algodão), tecido de algodão (como camisetas 100% algodão) e fronhas de tecido microbiano
  2. Apresentar um tecido filtrante (como TNT ou SMS TNT)
  3. Possuir um clipe nasal metálico ou semelhante para evitar o vazamento de ar não filtrado
  4. Conforto
  5. Respirabilidade
  6. Adaptabilidade ao rosto: cobrir desde a parte superior do nariz até o queixo 
  7. Utilizar elásticos de boa qualidade que deixem o tecido justo nas laterais do rosto da criança

Cuidados e higiene

Após o uso, é fundamental higienizar as máscaras cuidadosamente. Crianças tendem a ser mais secretoras que adultos, por isso, é preciso atentar-se ainda mais para garantir a prevenção do coronavírus. Em relação à quantidade de usos da mesma máscara, observe a capacidade de vedação do acessório e integridade do material. Se manuseada corretamente, pode ser possível usá-la cerca de 10 vezes.

Confira as recomendações do Ministério da Saúde sobre higienização das máscaras caseiras:

  1. Nunca encoste na superfície da máscara, procure segurar nos elásticos
  2. Sempre leve máscaras reservas, seu tempo de uso é de, no máximo, duas horas e, quando estiver úmida ou visivelmente suja deve ser trocada imediatamente
  3. Caso a máscara caia no chão durante o uso, ela deverá ser substituída por outra limpa, imediatamente
  4. Caso precise trocar em um local público, não deixe-a solta na bolsa, leve sempre um saquinho ou semelhante para armazená-la
  5. Ao chegar em casa, antes de retirar a máscara, lave bem as mãos das crianças para protegê-las contra o coronavírus
  6. A máscara deve ser imergida em recipiente com água potável e água sanitária por 30 minutos. A proporção de diluição a ser utilizada é de 1 parte de água sanitária para 50 partes de água (Por exemplo: 10 ml ou uma colher de sopa de água sanitária para 500ml de água potável)
  7.  Após o tempo de imersão, enxaguar em água corrente e lavar com água e sabão
  8. Quando a máscara estiver seca, passar com ferro bem quente e acondicionar em saco plástico limpo

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