“As pessoas gostam de falar do cérebro, mas precisamos falar também da mente e das relações”, disse o psiquiatra americano Daniel Siegel, durante masterclass na primeira edição do Mind Summit São Paulo.
Escritor, pesquisador e professor da Universidade da Califórnia (UCLA), em Los Angeles (EUA), Siegel explicou que a mente inclui experiências físicas, subjetivas, sentimentos, pensamentos, bem como nossos relacionamentos com outras pessoas.
Entender essas experiências e o que o autor chama de “integração” são o caminho para saber como favorecer o nosso bem-estar.
Siegel criou um campo de conhecimento – a neurobiologia interpessoal – que tem a integração como seu cerne e reúne profissionais de diferentes áreas para estudar o papel das relações interpessoais na constituição da mente humana.
“A integração implica que cada pessoa seja respeitada pela sua autonomia e identidade diferenciada e, ao mesmo tempo, esteja ligada aos outros numa comunicação empática”, afirmou Siegel para uma plateia lotada no Teatro Renaissance, no bairro dos Jardins, na capital paulista.
São experiências internas e interpessoais que moldam a experiência incorporada da mente. E compreender esse processo é essencial para a saúde mental. “Quando a integração não está presente, entramos em um estado de rigidez ou caos que leva ao sofrimento mental”, complementou o psiquiatra.
Ser flexível e adaptativo permite atingir uma mente saudável, e assim chegar a um estado de harmonia.
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Uma das maneiras de trabalhar a integração é por meio da Roda da Consciência, prática reflexiva que se baseia no conceito de estar consciente a partir de elementos como sensações, imagens e pensamentos. Com a técnica, seria possível fortalecer as ligações entre as diferentes regiões do cérebro, facilitando assim a regulação das emoções, dos pensamentos e dos comportamentos.
Para além de práticas de meditação como o mindfulness, que trabalha com os cinco sentidos, a roda prevê oito sentidos, sendo o sexto sentido, as sensações corporais, o sétimo sentido, as atividades mentais, e o oitavo sentido, os relacionamentos. Trata-se de um treinamento da mente baseado na ciência que cultiva aspectos do bem-estar – e é importante que seja feito regularmente, destacou o pesquisador.
Por meio de respirações controladas e a imaginação dos elementos que fazem parte da roda, a ideia é que as pessoas criem mais clareza e regulação da mente e assim possam fortalecê-la para se tornar mais resilientes aos desafios.
“A resiliência é diferente de bem-estar, mas envolve a ideia de que você consegue lidar com situações desafiadoras”, concluiu Siegel.