Você pode estar errando no Natal (e não tem nada a ver com presentes)

Mulher ao lado de presentes de Natal
Foto: Freepik
Mulher ao lado de presentes de Natal Foto: Freepik

Férias começando, casa cheia, luzes piscando

Eu mesmo me peguei pensando: o que ficou no Natal da minha infância? Não foram os brinquedos. Foram os momentos.

Segundo o neurocirurgião e especialista em desenvolvimento infantil André Ceballos, do Hospital São Francisco, em entrevista ao Canguru News, não é impressão nossa. Do ponto de vista do cérebro, os rituais de fim de ano têm um papel poderoso no desenvolvimento emocional das crianças. “São essas experiências que ajudam os pequenos a crescerem de maneira mais equilibrada e conectada. Quando uma criança participa, ela entende que faz parte de algo importante”, explica.

Montar uma árvore juntos, ajudar a preparar a ceia, escolher um presente pensando em alguém da família. Tudo isso ativa áreas do cérebro ligadas à memória e estimula a liberação de ocitocina, os famosos hormônios do vínculo e da segurança emocional. É o cérebro aprendendo, na prática, o que é pertencimento.

Outro ponto importante, segundo o especialista, é a reprodução. Quando uma criança percebe que certos rituais se repetem ano após ano, como abrir os presentes no mesmo horário, comer a sobremesa favorita da avó ou ouvir a mesma música, ela cria uma sensação profunda de previsibilidade e confiança. “Isso constrói uma base emocional sólida. A criança entende que existe estabilidade, apoio e amor nesse núcleo familiar”, afirma.

Claro que os presentes encantam. Mas o que realmente marca a infância é o tempo compartilhado. “O Natal é uma oportunidade valiosa de ensinar valores como generosidade, união e gratidão. As experiências vividas juntos têm um impacto muito mais duradouro do que qualquer objeto material”, reforça Ceballos.

Se você quer transformar este Natal em algo que seus filhos vão carregar para a vida inteira, aqui vão quatro ideias simples e cheias de significado sugeridas pelo especialista.

Faça o bem em família

Separar brinquedos para doação, participar de ações solidárias ou ajudar alguém próximo ensina empatia na prática. As crianças aprendem que pequenos gestos têm impacto e desenvolvem inteligência emocional e senso de comunidade.

Música que aproxima

Cantar músicas natalinas, resgatar canções antigas ou até inventar novas versões vira um momento de conexão pura. A música estimula a expressão afetiva, aproxima e cria lembranças que o cérebro guarda com carinho.

Brincadeiras que viram histórias

Jogos de tabuleiro, amigo secreto, brincadeiras no quintal ou na sala. Além de se divertir, esses momentos fortalecem o diálogo, a cooperação e o tempo tão falado de qualidade, aquele que realmente importa.

Decorações à mão

Crie enfeites, monte uma árvore ou decore uma casa juntos, transforme o ambiente e a relação. Essas atividades estimulam a criatividade, a coordenação motora e a autonomia, além de estimular o sentimento de pertencimento.

No fim das contas, o Natal não precisa ser perfeito, caro ou instagramável. Ele só precisa ser vívido com presença. Porque, quando os brinquedos quebram, as luzes se apagam e o ano vira, são essas memórias que continuam iluminando a infância e o coração.

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