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8 a cada 10 crianças viram ou enfrentaram violência desde o início da pandemia, aponta relatório
A pandemia tem refletido no aumento da violência contra crianças e adolescentes. Organizações internacionais como o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) já alertaram sobre isso e agora, um novo estudo, divulgado pela organização humanitária World Vision, conhecida no Brasil como “Visão Mundial”, traz novos dados sobre o assunto. Segundo a pesquisa Act Now, 81% das crianças disseram ver ou enfrentar violência em suas casas, comunidades ou pela web, desde o início da pandemia. O relatório ouviu 763 crianças e adolescentes, com idade entre 7 e 19 anos, de 50 países da Ásia, América Latina, Caribe, Oriente Médio, Europa e África. O Brasil não participou desta etapa da pesquisa.
A organização alerta que até 85 milhões de crianças em todo o mundo podem estar sob risco de violência física, sexual ou emocional, como resultado das restrições de mobilidade e confinamento, necessárias para controlar infecções por Covid-19, o que marca um retrocesso nos esforços contra a exploração e a violência contra as crianças.
Crianças e jovens de todo o mundo compartilharam exemplos de violência em casa e em suas comunidades, bem como relacionadas a trabalho, casamento infantil e riscos online. “Com o covid-19, muitas crianças, especialmente as meninas, foram afetadas. O fechamento das escolas fez com que elas ficassem em casa, facilitando a violência física, sexual e emocional nas comunidades”, disse o jovem jornalista Kampamba, de 16 anos, morador do Zambia, no sul da África. Ele é um dos entrevistados do estudo que atua ajudando sua comunidade com orientações sobre como se manter saudável e seguro do coronavírus.
A agência humanitária teme que, se as crianças não forem ouvidas ou protegidas, possam viver em risco. Os números sugerem que a violência contra as crianças pode aumentar entre 20% e 32% no futuro.
Dana Buzducea, Diretora Global de Incidência de World Vision, afirma que “este ano foi particularmente difícil para as crianças mais vulneráveis. O novo coronavírus aumentou a pressão e as ameaças às crianças em todo o planeta, especialmente àquelas em contextos frágeis. Fica claro que temos outra epidemia em nossas mãos: a da crescente violência contra as crianças”.
“Fica claro que temos outra epidemia em nossas mãos: a da crescente violência contra as crianças”, diz Dana Buzducea, Diretora Global de Incidência de World Vision.
LEIA TAMBÉM: UNICEF alerta para violência infantil durante isolamento social e divulga orientações
Pandemia também prejudicou acesso à educação
O estudo também revela que a pandemia impediu cerca de 80% das crianças de terem acesso à educação. As crianças e os adolescentes entrevistados pedem que os governos priorizem a educação como parte da resposta global à pandemia.
“Em todas as crises, as crianças, especialmente as mais vulneráveis, pagam o preço mais alto. A pandemia e esta crise, como nenhuma antes experimentada por nossa geração, já afetaram gravemente o acesso de muitos meninos e meninas à educação. O acesso a instalações vitais de proteção à criança, como escolas, linhas e grupos de apoio, têm sido completamente inacessíveis para as crianças quando elas mais precisam. O confinamento tem contribuído para diminuir a propagação do vírus, mas tem mantido crianças e adolescentes em péssimas condições”, acrescenta a diretora da organização.
Mensagens que crianças e jovens têm para os líderes:
1. Protejam crianças e jovens da violência: fazer ou garantir o funcionamento de todas as linhas de apoio relacionadas a crianças, porque atualmente as linhas de apoio a crianças não funcionam bem. (Ameet, 16, homem, Bangladesh)
2. Envolvam crianças e jovens na tomada de decisões: o governo precisa ouvir mais as crianças; ninguém nos perguntou como é ficar trancado em casa por tanto tempo. (Mulher, 14, Bósnia e Herzegovina)
3. Lutem contra a propagação do vírus: precisamos de mais informações sobre como prevenir e proteger da COVID-19 em aldeias e comunidades. O governo deve fornecer materiais para prevenir e proteger da COVID-19 como máscaras, sabonetes, álcool em gel para crianças e pessoas que moram nas comunidades. (Miss Soud, 13, mulher, Laos)
Para ler o estudo completo (em inglês), clique aqui.
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Norah Lapertosa
Jornalista com experiência em TV e mídias sociais. Atua como repórter no Grupo Bandeirantes de Comunicação. É apaixonada por crianças e pelo universo infantil, além de ser tia do casal de sobrinhos Pedro e Maria.
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