Há registros de violência contra crianças de até quatro anos em todas as capitais do país. Rio de Janeiro, São Paulo, Recife e Curitiba são as cidades com os piores índices. A informação é de levantamento divulgado hoje pela Fundação Maria Cecilia Souto Vidigal, que atua com foco no desenvolvimento de crianças nos primeiros anos de vida.
Quase 7 a cada 100 crianças sofrem atos de violência na capital paranaense, o maior índice do país. Na capital paulista e fluminense, o índice fica em torno de 5 crianças para cada 100 – cerca de 5% – caindo para 3% em Recife. Segundo a fundação, esses números se referem a notificações de casos de violência que geraram atendimento médico ou hospitalar, mas pode haver muitos outros casos que sequer são notificados.
Os dados fazem parte do projeto Primeira Infância Primeiro, que reúne em um site informações e iniciativas de mais de 5 mil municípios brasileiros, com o objetivo de ampliar o debate em ano de eleições municipais e contribuir para a melhoria de políticas públicas para a primeira infância, fase que vai do 0 aos 6 anos de idade.
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Macapá tem altas taxas de mortalidade infantil e de adolescentes grávidas
Macapá (AP) é a cidade brasileira com dados mais baixos de violência contra crianças – foram 21 casos (0,06%) em 2018, ainda que esses números não sejam desprezíveis. Em compensação, essa cidade do norte do país apresenta índices elevados de mortalidade infantil para causas evitáveis e de adolescentes grávidas. Já o atendimento em creche públicas e privadas deixa a desejar: só atinge os 10% do total de crianças 0 a 3 anos, assim como em Roraima, bem menos que a média nacional de 35,6%.
No geral, o mapeamento mostra que a mortalidade infantil por causas evitáveis é grave no Nordeste: ultrapassa os 70% (de uma média nacional de 66,65%) nas cidades de Maceió, São Luis, Recife, Teresina, Natal e Aracaju.
A Fundação explica que embora a mortalidade infantil tenha diminuído muito nos últimos anos, o percentual dessas mortes de crianças de até 1 ano que são evitáveis ainda é muito significativo. O número de notificações de casos de violência contra crianças de até 4 anos, também merece destaque em praticamente todas as capitais.
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Ferramenta buscar nortear políticas públicas a favor das crianças
“Criamos essa ferramenta porque entendemos que para agir com consistência em benefício da primeira infância é preciso primeiro inteirar-se dos principais desafios no atendimento aos direitos das crianças em seu município e ter objetivos claros, metas factíveis para serem atingida durante o mandato”, diz Mariana Luz, CEO da fundação.
No página do projeto é possível analisar 33 indicadores de cada município, com informações sobre saúde, educação, violência, gravidez na adolescência, mortalidade infantil, aleitamento materno, entre outros. Há também sugestões de diretrizes para ajudar os gestores a entender por onde devem começar e o que é mais urgente no tratamento das questões relacionadas à primeira infância, para que impactem positivamente na vida das crianças, suas famílias e toda a sociedade.
Diversos estudos já mostraram que não há investimento na saúde, na educação, na economia e no âmbito da segurança pública tão eficaz quanto aquele feito para cuidar das crianças nos primeiros anos de vida – que frente a ações de proteção e cuidado tendem a se tornar um adulto com hábitos de vida mais saudáveis, com melhor desempenho na escola e maiores chances de empregos.
A plataforma usa dados oficiais de fontes públicas que cobrem as diferentes áreas relacionadas com as políticas públicas municipais para a primeira infância. A periodicidade de cada uma delas varia. As informações acessíveis na plataforma são as versões mais atuais a que se tem acesso.
Saiba mais em https://primeirainfanciaprimeiro.fmcsv.org.br/
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