Há alguns anos eu fiz um curso de mergulho e quando entrei no barco para fazer a prova final do curso, logo percebi um pai, com seus quarenta e poucos anos, acompanhado da filha, que está na pré-adolescência, por volta de uns doze anos de idade. Curioso das relações entre pais e filhos, não me contive e fui lá puxa conversa com eles.
Ele me disse que os dois tinham acabado de terminar o curso juntos e disse também uma coisa que eu nunca mais esqueci: que a filha estava perdendo o interesse pelos programas em família e que, fazer um curso de mergulho junto com ela, era uma forma de criarem uma “cola”, uma forma de viajarem juntos e de terem um momento só deles.
E esse final de semana que passou, foi a minha vez.
Minhas filhas amam uma banda internacional chamada “Now United”. Essa semana a banda esteve em São Paulo e nós levamos as crianças para assistir ao show.
Acontece que eu me preparei para este show.
Eu pedi a elas que me ensinassem as músicas do disco novo, estudamos as letras, traduzimos algumas partes e decoramos os refrões. Fizemos isso inúmeras vezes nos últimos dias enquanto estávamos indo e voltando da escola.
Durante o show eu sabia cantar a maioria das músicas. Foi muito legal participar ativamente daquele momento com elas. Afinal, eu estava ali por elas.
Fato é que, quando nossos filhos atingem a fase da pré-adolescência, é muito comum que eles comecem a ter seus próprios gostos musicais, seus próprios jeitos de vestir, suas séries e bandas favoritas.
Quando você notar que isso está acontecendo, é importante que você reconheça e legitime os gostos e sentimentos da criança. É importante que você se interesse pelo que ela está assistindo, que leia a respeito, que se inteire dos assuntos e dos gostos da criança. Essa é uma das mais importantes ferramentas de “cola”, e de criação de vínculo afetivo que vocês podem ter.
Quando uma criança cria esse vínculo de confiança com os pais, ela se sente mais à vontade para se abrir, para conversar a respeito dos seus dramas, dos seus dilemas, de falar sobre suas dores e sobre seus amores, enfim… Quando seu filho percebe que pode confiar em você, abre-se um canal muito poderoso de comunicação entre pai e filho.
Você não precisa fazer um curso de mergulho ou pegar um avião e ir para outra cidade assistir a um show para colocar isso em prática. O que você precisa fazer é se interessar e conversar com seus filhos sobre as coisas que eles gostam, sobre os seus interesses.
Faça isso de forma legítima, sem julgamentos, sem críticas. Faça isso com interesse em se aproximar e fortalecer o vínculo entre vocês. E para que isso aconteça, só depende de você.
*Este texto não reflete, necessariamente, a opinião da Canguru News.
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