Artigos
Como a vergonha pode influenciar na educação dos filhos
Eu passei muita vergonha. Por boa parte da minha vida em função do meu excesso de peso. Era constrangedor, as brincadeiras e os comentários de mau gosto. Ficava o tempo todo esperando qual seria o próximo vexame. Era na aula de educação física, na aula de dança, nas festinhas dos amigos… Estava sempre vulnerável, exposta a alguma situação. A vontade que tinha era de sumir, cavar um buraco para se enfiar nele.
Como foi devastador o efeito que a vergonha teve sobre a forma como vivi, amei, me relacionei, mas principalmente como comecei a educação do meu filho. Hoje, pensando sobre o passado, percebo quanta energia gastei na tentativa de evitar passar vergonha. Quanto tempo eu perdi só maquinando como escapar da vergonha.
Vergonha é o medo da falta de conexão com alguém. Somos criamos para o amor, para aceitação e sentir vergonha é um sentimento que dói e que nos faz acreditar que somos indignos de aceitação e valorização. E este tipo de sentimento é a porta de entrada para que os nossos piores pensamentos e para que sustentemos um diálogo interno devastador. E quanto pior for o meu dialogo interno, pior será a maneira como eu vou lidar com a vergonha, menos eu vou me expor e conseguir ter uma vida plena.
Na verdade, o que eu tenho que pensar e que eu quero que você pense também é quanto tempo perdemos desistindo de viver, de realizar coisas com medo de passar vergonha. E principalmente o quanto replicamos este medo aos nossos filhos. Sim, porque querendo ou não eles percebem e imitam nossos comportamentos. Somos as suas referências lembra?
Todos nós sentimos vergonha, e temos medo de falar sobre ela, mas se quisermos ser e tornar nossos filhos pessoas plenas para estarmos conectados com a nossa própria vida, vamos precisar ter coragem para estar vulneráveis e assim lidar com a vergonha.
Então eu aprendi 3 coisas que me libertaram da dor de sentir vergonha.
Leia também: Diga-me quem és e te direi como teu filho será
3 passos para se libertar do que te limita, a vergonha
- Praticar a coragem: é natural querer nos esconder, manter em segredo, mas é preciso escolher alguém de sua confiança, alguém que você escolha e que seja digno de receber a sua vergonha. A vergonha não gosta de ser o centro das atenções, quando você fala dela, ela perde a sua força. Escolha alguém de sua confiança fara fazer isto e seja esta pessoa para seu filho.
- Melhore seu dialogo interno. Converse com você mesma da mesma forma que fala com quem ama incondicionalmente. Então pare de se chicotear e se culpar por não estar adequada. Tenha compaixão.
- Assuma a vergonha. Não vai adiantar fingir que nada aconteceu. Isto só a tornará escrava da sua história. Como disse Jung: Eu sou o que escolho me tornar. Isto precisa fazer parte não só da sua rotina, mas da rotina de seu filho. Quando a vergonha perde sua força diante dele, ele se torna mais forte. Assim ele sentirá que não está sozinho.
Pratique e veja como será libertador para você e como você estará contribuindo para o desenvolvimento emocional saudável do seu filho.
Leia também: 4 dicas para agir de forma pro ativa e evitar o mau comportamento infantil
[mc4wp_form id=”26137″]
Andrea Romão
Andrea Romão é psicóloga há mais de 20 anos, pós-graduada em Gestão de Pessoas, com certificações internacionais em Coaching, Programação Neurolinguística, Neurociência e EFT (Emotion Freedon Tecniques). Há dez anos, trabalha com reeducação emocional, ajudando adultos e crianças a entender e lidar com as suas emoções.
VER PERFILAviso de conteúdo
É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita. O site não se responsabiliza pelas opiniões dos autores deste coletivo.
Veja Também
A infância em looping: o que a denúncia contra o TikTok revela para nós, mães
Para o Instituto Alana, mecanismos como rolagem infinita, autoplay e recompensas digitais funcionam como gatilhos de vício, desrespeitando as normas...
Amamentar deitada é seguro? O que toda mãe precisa saber antes de tentar
Quando a mãe está cansada ou mesmo após a cesárea, fica difícil se levantar em intervalos tão frequentes. A boa...
Whey e creatina na infância: moda perigosa ou cuidado possível?
Outro dia, ouvi uma mãe comentar na arquibancada: “Meu filho faz esporte todo dia… será que já pode tomar whey?”....
Você pode estar errando no Natal (e não tem nada a ver com presentes)
Férias começando, casa cheia, luzes piscando Eu mesmo me peguei pensando: o que ficou no Natal da minha infância? Não...






