Desde crianças idealizamos o amor, projetamos esse ideal no outro, procurando nele aquilo que nos falta. O amor segue idealizado na adolescência, na vida adulta.
Mas sempre vai faltar algo em nós, e também no outro. Nossos ideais nunca serão atendidos. Até entender isso vamos errando. Nós fundimos um no outro, o outro no um. Deixamos de ser quem somos acreditando que vamos atender às expectativas, esperando que nossa expectativa também seja atendida. Não, ninguém vai atender à nossa expectativa. Precisamos abrir mão dos ideais.
Todas nós, mulheres, fomos treinadas para sentirmos essa dependência emocional. E passamos essas ideias para nossas filhas. Mulheres acreditam que precisam de um homem. Essa crença é construída desde que nascemos. Em família, na mídia, nas histórias de princesas. Em todos os lugares, os modelos que temos são modelos românticos. A busca pelo príncipe encantado que vai nos completar.
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Assim temos a autoestima minada, tentamos nos adequar a padrões de beleza só atingíveis nos filtros do TikTok. A indústria da insatisfação com o rosto, com o cabelo, com o corpo. A distorção da autoimagem. A necessidade de ser diferente para agradar o outro.
Com a autoestima baixa, as meninas se sujeitam a relações abusivas. Na vida adulta, o que liberta uma pessoa da dependência emocional é a dor. A dor que cura. Mas será que é preciso esperar a vida adulta e toda a dor de viver dependente emocionalmente de um homem?
Essa geração já aprendeu a denunciar abusos, existe um caminho de empoderamento sendo trilhado. Como mulheres adultas, mães, precisamos trabalhar a autoestima das meninas desde cedo para que saibam que quando amamos de verdade, entendemos que sempre vai faltar algo em nós mesmas e no outro. Amar é lidar com essa falta.
*Este texto é de responsabilidade do colunista e não reflete, necessariamente, a opinião da Canguru News.