Durante muitos anos não me via como alguém que desse valor a coisas bonitas. Dava valor a coisas práticas e simples. Mas não era necessário ser bonito.
Hoje, não é mais assim. Precisa de ser simples, prático e também bonito. É possível esse equilíbrio. E o melhor de tudo é que quanto menos, melhor. Mas tem que ser bonito.
Na mesma medida, deixei de conseguir ler muitos livros ao mesmo tempo – e quantos livros já li ao mesmo tempo, minha gente… Deixei de conseguir estar a trabalhar em várias coisas ao mesmo tempo. Continuo a não conseguir trabalhar numa mesa desarrumada. Menos, sempre.
Desacelerar.
Verbo que embora desejasse mais presente na minha vida, nem sempre consigo. A minha natureza é acelerada, entusiasmada. Basta tirar a pressão de cima de mim para estar com novas ideias, mais vontade de fazer coisas boas. Trazer pessoas, envolvê-las. Fazer acontecer é uma espécie de combustível. É ou era?
Dou por mim a querer fazer menos mas melhor, mais simples, prático e bonito. Seja no trabalho, na casa ou com os filhos. Quem diria… eu que não ligava muito ao bonito.
As férias do Natal estão quase aí e desejo-as. Desejo dias vagarosos, ao som de uma lareira. Desejo andar devagar, desligar e desacelerar. E escrevo estas palavras apropriando-me delas. A vertigem dos dias, as responsabilidades, a falta de apoio em certos domínios mas o imenso apoio de outros lados fazem a balança procurar um equilíbrio muito interessante. Esse equilíbrio é feito com gestos cada vez mais lentos porque não me consigo consumir muito mais. A sensação de que tudo isto é irreal, de que vivemos algo fora do normal convidam-me a estar mais presente, a colocar a minha energia apenas naquilo que sei que me vai fazer sentir bem. E o bonito tem esse lugar: nas coisas, nos projetos, na forma como se fala, nos amigos e pessoas que escolho ter na minha vida, na forma como acarinho os meus.
Será que o que escrevi acima te faz sentido? Conta-me, como vais trazer o bonito para os teus dias?
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